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LULA VAI COBRAR DOS ALIADOS O CUSTO DA "FESTA DA DEMOCRACIA"?

A FARIA LIMA TEM MEDO DO "LEÃO" DO IMPOSTO DE RENDA.

Temos que tomar muita cautela com esse novo governo Lula, porque ele não é o prometido governo progressista que muitos sonham. As alianças com a frente ampla trouxeram um custo político que sepultou qualquer ranço de esquerdismo no governo do petista, que já começa a ser comparado ao início conservador do segundo mandato de Dilma Rousseff.

Já foram confirmadas algumas apostas minhas: a reforma trabalhista não será revogada, mas revisada. O teto de gastos será flexibilizado. Haverá parcerias público-privadas sob a máscara do "Estado forte" (que o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou que não é sinônimo de "Estado grande"). Eu só errei na aposta do novo salário mínimo, que imaginei, a princípio, que seria R$ 1.360, cogitaram que fosse R$ 1.320 e acabou sendo R$ 1.302, com um acréscimo de apenas 90 reais em relação ao valor atual.

Mesmo assim, eu acertei na previsão de que o aumento salarial seria mixuruca. E agora, quando a PEC da Transição corre o risco de não ser aprovada, e o orçamento secreto pode ser mantido, temos mais uma pegadinha a ser desvendada. A de que Lula, mesmo abraçado às elites do mercado, promete "incluir os ricos no Imposto de Renda".

Lula pediu a Haddad considerar a sua promessa de "incluir os pobres no Orçamento e os ricos no Imposto de Renda", e certa vez até o vice-presidente da chapa eleita, Geraldo Alckmin, fingiu entusiasmo em relação à ideia de taxar os super-ricos. Se for pelo antigo (e hoje extinto) mito do Lula esquerdista, muitos acreditarão que realmente os ricaços vão ter que acertar as contas com o "Leão do IR".

Mas vamos pensar um pouco. Lula fez uma grande aliança, a "frente ampla", composta de forças conservadoras, neoliberais tradicionalistas, que incluem grandes empresários, banqueiros e economistas. Gente que se incomoda em ver dinheiro chovendo em cima do povo pobre.

Vamos comparar isso a uma festa. Você convida os amigos mais ricos para uma festa e é você que paga para eles virem. Terminada a festa, você não vai cobrar o pagamento do custo da mesma para os amigos, não é mesmo?

Imagine se fosse uma festa de aniversário, o aniversariante, não bastasse já ter recebido presentes, cobrar grana dos convidados. Pois Lula já recebeu de presente a vitória eleitoral apertada, garantida em maioria pelas forças conservadoras e pelas esquerdas identitárias. Isso inclui muita gente rica, e Lula seria ingrato se tivesse, de fato, que incluir os ricos no Imposto de Renda. Lula não vai cobrar dos aliados convidados para a "festa da democracia" o pagamento da conta.

Mas se Lula quer "cumprir" essa promessa, como poderemos analisar a medida sendo "feita" ou tendo alguma "compensação", uma vez que o presidente eleito não vai desagradar os aliados? A hipótese mais provável é que Lula poderá condicionar alívios fiscais determinando ações filantrópicas para pessoas físicas e jurídicas dotadas de robusto patrimônio econômico e financeiro.

Não imagino Lula conseguindo cobrar impostos dos ricos, pois com semelhante medida, no que se refere às empresas estrangeiras, João Goulart foi deposto por um golpe militar em 1964, por determinar limites para as remessas de lucros. Lula não vai taxar a alta burguesia que o ajudou a ser eleito, com vários de seus membros representados pelo vice Geraldo Alckmin.

O que vai acontecer deve ser alguma medida de alívios fiscais. Lula fará de conta que estará cobrando, com energia, os lucros abusivos das elites, enquanto estabelece soluções para o alívio fiscal, fazendo com que os ricos invistam em projetos sociais como meio de, ao mesmo tempo, não amargarem taxações e, por outro lado, promovendo uma imagem positiva deles na sociedade ao doarem dinheiro para projetos de caridade paliativa.

Nota-se que o governo Lula nem começou mas já se desenha como um governo conservador, longe de qualquer expectativa progressista, mesmo a mais moderada. Lula é que tem dívidas a pagar a seus aliados da frente ampla, e por isso fará um governo engessado, voltado a ajudar os pobres sem tirar muito dos ricos, que só admitem doar dinheiro mediante seus interesses estratégicos.

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