Este blogue já comentou que os jovens mileniais e a chamada Geração Z não podem pagar a conta sozinhas pelo profundo grau de alienação cultural existente. Isso é fruto de uma conjuntura de, pelo menos, 50 anos, apesar de pesar em conta uma longa linhagem vinda da sociedade escravista e aristocrática do período colonial ou mesmo do período imperial.
Hoje falamos de Geração Z mas os avós dessa geração eram os jovens alienados do auge da ditadura militar que, através do acordo MEC-USAID, transformou as universidades em meras fábricas de profissionais, sem dar outro aspecto, também fundamental, que é uma formação humanística que faz muita diferença no mercado de trabalho.
Esses jovens chegaram aos 50 anos nos anos 2000 querendo recuperar o tempo perdido, tentando parecer mais cultos e amadurecidos do que realmente eram. Seus cabelos grisalhos e hoje brancos escondem neuroses que, explodindo em 2016, os fez defender o golpe contra Dilma Rousseff. Prometendo um novo Juscelino Kubitschek, essa geração hoje com 70 anos nos deu Jair Bolsonaro e agora tenta reparar as coisas apoiando um Lula domesticado pela Faria Lima.
A geração nascida nos anos 1950, cujo pedantismo os fez fingirem serem fãs de jazz, nem se mexeu para ensinar seis filhos, hoje na casa dos 40-45 anos ou um pouco menos, a ouvir coisa melhor, deixando-os prisioneiros da bregalização musical. E estes acabaram contaminando seus filhos com o culturalismo brega ainda mais rasteiro. Vamos combinar que MC Pipokinha não existiria sem a influência das "titias" Valesca Popozuda e Sheila Mello nem a da "vovó" Gretchen.
Por que não falamos também da Geração Z(em noção) dos tempos de Médici e Geisel? Essa geração não é a geração vintage do clima do filme Alta Fidelidade. Foi a Geração Z de seu tempo, que deu sinal verde para a bregalização musical invadir as redes de TV, criando um mainstream canhestro e bisonho, mas que hoje é vendido como uma pretensa preciosidade nostálgica.
Nos anos 1990 e 2000, o "serviço" se completou através da geração pós-1978 nascida até 1987. Ela passou a priorizar a bregalização musical e a idiotização cultural, monitorada pelos "tribunais da Internet" feitos para assassinar reputações de quem discorda do que "está na moda", mesmo que seja a gíria farialimense "balada", falada por marmanjões como se estes fossem crianças malcriadas com menos de dez anos de idade.
O AI-5 defendido pelos avós e o "tribunal da Internet" consentido pelos pais geraram mais do que influenciadores digitais estúpidos. Geraram os Monarks e Pipokinhas da vida e as subcelebridades que promovem a degradação cultural que hoje atinge níveis insustentáveis.
Só que a culpa não pode ser só das gerações recentes - mileniais e Geração Z - , pois se elas fazem o pior, há precedentes de outros tempos. Fala-se que os "sertanejos" de pegação cantam muito sobre bebedeira, mas a dupla Chitãozinho & Xororó, hoje tida como "genial e sofisticada" - apesar de eu ter conferido o repertório da dupla e vi que é extremamente ruim - gravou uma música chamada "Cerveja".
O bolsonarismo não é cria dos mileniais nem da Geração Z, mas de idosos que não suportavam as transformações sociais das últimas décadas. Já o lulismo domesticado de hoje que, como quem faz tempestade em copo de água e tsunami em marolinha, fez um Carnaval com a subtração de um real no preço da carne, é fruto dos quarentões descolados porém culturalmente precarizados de hoje.
Por isso mesmo, repensar os valores sociais, o lazer humano e os padrões de comportamento humano - como, por exemplo, parar de discriminar os solteiros, tratando a vida de solteiro como se fosse idiota - é necessário para ao menos minimizarmos os retrocessos vividos pelo Brasil desde 1964 e, de forma mais intensa e efetiva, a partir de 1974. Rever esses valores e atitudes não vai fazer o Brasil virar uma Escandinávia dos trópicos, mas reduzirá e muito as mazelas que fazem nosso país ficar desigual e injusto.
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