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O CAFAJESTISMO POLÍTICO DE MICHEL TEMER E SEUS ALIADOS


Ontem parecia que Michel Temer estivesse perto do fim, seja na vida ou no governo.

Temer passou mal na tarde passada, tendo sido internado por problemas na próstata.

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados discutia e depois votava a segunda denúncia contra o presidente Temer, por organização criminosa e obstrução de justiça.

Na votação, que contou com 14 ausentes e uma abstenção - a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por causa do regulamento - , o placar foi apertado, mas favorável ao presidente.

Sobre a rejeição do julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República, 251 deputados disseram SIM, o que favoreceu o presidente. Outros 233 disseram não.

Temer só precisaria de 172 votos. Apesar de perder aliados, ele ainda venceu com folga, com 79 votos a mais que o mínimo necessário.

A primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, também foi rejeitada.

Tudo isso é um cafajestismo político, que pode ter custado R$ 32,1 bilhões.

A grana envolve uma série de acordos e concessões que o temeroso governante fez com o Poder Legislativo para se salvar da perda do cargo presidencial.

A impunidade de Temer complementa a de seu aliado e ex-integrante da chapa rival de 2014, Aécio Neves.

Temer, que se recupera de um leve problema de saúde e fez exames urológicos, dormiu tranquilo.

Praticamente sem representatividade e governando às costas do povo brasileiro, Temer empurra sem mandato até 2018, sob o consentimento da maioria da sociedade.

Os protestos contra Temer são pontuais e não têm a visceralidade dos protestos contra Dilma Rousseff.

Os senadores e deputados federais eleitos em 2014, salvo honrosas exceções, se esqueceram que o povo brasileiro que eles dizem representar existe.

A situação brasileira está vulnerável, apesar do apego doentio às zonas de conforto.

Ninguém quer questionar muita coisa.

Protegem de impérios midiáticos a ídolos religiosos, não querem abrir mão sequer de ônibus com pintura padronizada, rádios rock fajutas e grandes corporações acusadas de escravidão.

Ando pelas ruas e vejo, no Grande Rio, como uma parcela da sociedade acredita, tolamente, que vive tempos áureos e se sente nos melhores dias de todos os tempos.

Uma alegria extrema, mas egoísta e alienada, de gente que se acha com direito de ser "feliz demais" enquanto a maioria dos brasileiros sofre coisas terríveis.

O Brasil está extremamente vulnerável, e, o que é pior, agora que não tem petista no poder não há mais aquele empenho todo em protestar.

Há protestos pontuais, pequenos, frágeis, provisórios.

Nada que ameace Temer, que fica rindo dos brasileiros.

Vamos deixar que ele encerre o mandato dentro do prazo previsto e se conclua toda a pauta de seu pacote de maldades?

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