Lula compareceu ao desfile de Sete de Setembro em Brasília, carregando uma crise nas costas. Em mais um problema causado por sua obsessão pela frente ampla demais, querendo agradar o Centrão para obter apoio do Congresso Nacional, Lula demitiu a ex-jogadora de vôlei Ana Moser do ministério dos Esportes para botar o homem de Temer, André Fufuca, no lugar.
A mudança prejudicou o desempenho técnico da gestão de Ana Moser, que foi a ministra que ficou menos tempo num cargo, nos últimos anos da vida republicana. A medida repercutiu negativamente e nem a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, gostou da mudança. Querendo agradar o PP e o Republicanos, Lula cometeu mais uma vez erros grosseiros, como as gafes que cometeu no exterior, querendo se intrometer no G7 e dando pitacos na geopolítica internacional.
Mas Lula age de forma impulsiva. Primeiro é ele, ele só ouve seus impulsos, depois é que ele verifica as consequências. E vemos o quanto o presidente está desnorteado, querendo fazer tudo de uma só vez e se contradizendo para obter vantagens pondo em risco seus próprios princípios. Aliás, lembremos que Lula age como se fosse um pelego, temos que admitir.
Desculpe, pessoal, mas aqui é um blogue de jornalismo, não um Mentira News a descrever o Brasil feito o mundo da Barbie.
O Brasil ainda nem começou a ser reconstruído e os lulistas estão em clima de festa, como se tudo já estivesse bem. Como um jornalista querendo averiguar as coisas, eu tive que desvendar e concluí que os lulistas, em grande parte, são na verdade a elite do atraso repaginada, a burguesia que tenta esconder seu passado sombrio de ancestrais escravocratas, aristocratas abusadores da República Velha, golpistas de 1964, apoiadores do AI-5, beneficiários do "milagre brasileiro" e apoiadores do golpe de 2016.
Hoje essa elite, hipócrita, não quer saber de senso crítico. Não quer ouvir a verdade dos fatos, preferindo sonhar com um Brasil piegas das coisas fáceis demais. Os netos dos golpistas de 1964 agora bancam os socialistas de butique, que usam o pretexto do "fim do ódio" para promover um "deixa para lá", como se ficando todos calados e aceitando tudo de bandeja contribuíssem para botar o Brasil no Primeiro Mundo, um sonho impossível de se realizar.
O nosso país precisa remover os entulhos socioculturais dos últimos 60 anos. O bolsonarismo é apenas uma parte tardia desse grande entulho. Não podemos ser badameiros culturais a transformar em falso ouro a podridão do passado, apenas extraindo aquilo que soa prosaicamente raivoso.
Se vivêssemos na Era Médici e na Era Geisel, verificaríamos que os "grandes heróis" do saudosismo de resultados de hoje eram, em 1974, equivalentes dos charlatães religiosos, dos influenciadores de bosta, dos cantores irritantes e sem talento que envergonhavam nosso país. Só porque o tempo passou e eles povoavam o imaginário feliz de muitos tiozões e tiazonas do pavê de jiló com quiabo não significa que o lixo de 50 anos atrás virou, agora, uma preciosidade.
É por isso que vemos que uma parcela de brasileiros trata o cenário de hoje como se estivesse tudo bem e não quer saber das ferramentas necessárias para reconstruir o Brasil, que são o debate e o senso crítico. Querer reconstruir o Brasil sem essas ferramentas, mas entrando em clima de festa antes da hora é um contrassenso.
E é isso que desmascarou a elite do bom atraso, as pessoas que estão bem de vida e de bem com a vida até sob os tenebrosos momentos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. São pessoas que, quando estoura uma grave crise no Brasil, já possuem passaporte para se mudarem para Portugal, porque possui contas bancárias opulentas, carro do ano, passaporte de viagem, e outros bens luxuosos, embora ainda longe de se comparar com os super-ricos propriamente ditos.
Mas a verdade é que, com o Brasil em crise e Lula errando muito, com os poucos progressos sociais sendo sentidos pelo povo pobre - que, admitamos, quase não tem voz nem vez no Brasil-Tik-Tok das redes sociais de hoje - , ainda distante de alguma prosperidade, a sociedade que domina as narrativas na Internet é a pequena burguesia que se acha dona de tudo, dos pobres ao futuro da humanidade.
Diante do desgaste de Lula, que quer fazer tudo de uma só vez sem escolher as prioridades necessárias para o país, ele só discursa e promove factoides, e quem aplaude tudo isso não é o povo pobre e as pessoas cheias de dívidas para pagar. Gente que até luta por emprego, mas que é passada para trás por gente "divertida" mas medíocre que consegue enganar com muito papo furado nas entrevistas de emprego.
Quem aplaude é a sociedade que passa a madrugada toda tomando cerveja, com alguns sonhando em ver o cigarro incluído na cesta básica do brasileiro, com outros jogado fora a comida do almoço para simular pressa. Quem aplaude é a sociedade cheia de dinheiro para torrar com o carro do ano, mas se acha "pobrezinha" porque prefere o desbunde à festa de gala, mas dá no mesmo. São os netos dos golpistas de 1964 que tentam apagar o passado como tietes do Lula convertido em mascote da Faria Lima.
A demissão de Ana Moser já é um aviso para a crise que virá. Ontem Lula colheu as jabuticabas que plantou no segundo mandato, sinalizando que o atual mandato não vai além do arremedo dos dois anteriores, requentando projetos que fizeram sentido há 20 anos mas não podem mais ser reconstituídos como outrora. Insistindo em viver como em 2003, Lula vai passar a colher pepinos, pagando o preço caro de querer fazer tudo de uma vez e tentar reconstruir o Brasil com muita festa e pouco debate.
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