Pular para o conteúdo principal

UM ANO DE GOLPE. E COM AJUDA DOS FUNQUEIROS


Pelo jeito, o impeachment de Dilma Rousseff começou em setembro de 2009, bem antes da votação na Câmara dos Deputados pela abertura do processo que, em etapas, tirou a presidenta do poder.

O "funk", espécie de "Cabo Anselmo" da Era Lula-Dilma, arrumou um jogo-de-cena para ser considerado "patrimônio cultural".

Uma reunião na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), naquela data, forjava uma lei que dava esse pretenso status, passando por fora de análises técnicas.

Sabe-se que, para ser uma manifestação cultural, um fenômeno precisa passar pela avaliação de técnicos do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural).

Um inventário, ou seja, coleta de informações históricas e outros materiais relacionados, teria que ser obtido.

Isso seria complicado para um ritmo dançante claramente comercial.

Com toda a discurseira de "cultura das periferias" etc etc etc, o "funk" nunca teve a sinceridade e a espontaneidade de um fenômeno artístico-cultural de verdade.

Ele surgiu de um karaokê em que se mostrava claramente o poder dos DJs e empresários e a ação dos MC's que participavam desse esquema de poder e de mercado.

A falta de criatividade era tanta que o "funk" consistia numa mesma base sonora para todos os MC's.

O discurso de "cultura das periferias", "som de preto e pobre" etc foram papo para atrair turista inglês.

Uma "etnografia de resultados" que virou a verborragia principal da intelectualidade "bacana".

E tudo com apoio dos barões da mídia. Afinal, esse discurso de que "funk é cultura" começou com as Organizações Globo e Folha de São Paulo.

Quem duvida disso é só ver os jornais da Folha e o que tudo quanto era veículo ou atração das Organizações Globo e o "funk" estava onipresente.

Coincidência? Não.

E Luciano Huck era escolhido pela Furacão 2000 de Rômulo Costa o "embaixador oficial do funk".

O mesmo Rômulo Costa que se passou por "amigo de Dilma" na tendenciosa manifestação de um ano atrás.

Por algumas horas, Copacabana lembrava a Revolta dos Marinheiros na Rua Ana Néri, naquele setembro de 1963.

O sargento José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, dizia repetir a Revolta da Chibata, famoso levante de marinheiros de 1910.

O "funk" dizia sofrer a rejeição social similar à do samba, naquele mesmo 1910.

Mas a história não costuma se repetir porque existem contextos bem diferentes.

Sabe-se, no entanto, que tanto Cabo Anselmo e o "funk" foram patrocinados pela CIA, comprovadamente.

Cabo Anselmo, como colaborador do Departamento de Estado dos EUA, na condição de informante do DOPS (Delegacia de Operação Política e Social).

O "funk", como beneficiário de investimentos financeiros originários da Fundação Ford e de George Soros, intermediários por instituições como o Instituto Overmundo e o Coletivo Fora do Eixo.

A "colaboração amiga" dos funqueiros abafou o protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff e desviou o foco das manifestações esquerdistas.

Na imprensa internacional, isso se comprova: o Getty Images, por exemplo, enfatizou a dança dos funqueiros, colocando o protesto em segundo plano.

E Rômulo Costa fazendo supostos ataques ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Eduardo Cunha é filiado ao PMDB carioca.

O mesmo da ex-mulher de Rômulo, Verônica Costa, por sinal também da mesma base evangélica do hoje detento.

O PMDB carioca apoiou os funqueiros, e juntos criaram um lobby que iria consagrar o ritmo na Copa do Mundo 2014 e nas Olimpíadas Rio 2016.

Eduardo Paes, Sérgio Cabral Filho e outros davam seu apoio ao "funk", e a Fundação Roberto Marinho inseriu funqueiros em eventos nos museus administrados pelos irmãos Marinho.

Uma exposição sobre Josephine Baker teve abertura com um grupo de "funk". E MC Leonardo participou de um seminário patrocinado pela Rede Globo.

Um ex-secretário de Paes, André Lazaroni, do grupo que apoiou a campanha de Aécio Neves, instituiu o Dia do Funk.

O que o "funk" tem a ver com o governo Michel Temer?

Muita coisa. O "funk" sempre promoveu a glamourização da pobreza e da ignorância nas classes pobres, além de fazer apologia ao machismo e promover uma negritude caricata e forçada.

Culturalmente, já sinalizava a precarização artística voltada para interesses comerciais vorazes.

Tinha um rigor estético nivelado por baixo: o MC não podia tocar instrumento, e era acompanhado apenas pelo DJ e sua vitrola, que determinava uma roupagem sonora invariável, que só mudava conforme as conveniências.

Consta-se que, a exemplo do que se revelou na axé-music, há também precarização profissional.

Há rumores de funqueiros que não compõem uma linha do que interpretam, mas se tornam "autores" de seus sucessos para receber em copyright o que deixariam de receber em encargos trabalhistas.

O "funk" sempre apelou para o "ufanismo das favelas", para o mito da "pobreza linda", como se estivesse sinalizando para um futuro governo Michel Temer.

Junto com outras pregações intelectuais em prol do brega-popularesco, pareciam apelar para o pobre se resignar com sua situação inferior, a despeito de ser isto a "emancipação cultural das periferias".

"Funk", "sertanejo", "pagodão", "forró eletrônico", "brega de raiz": trilhas sonoras para o "ideal da pobreza linda", que tanto marcou o discurso intelectual que marcou o período 2001-2016.

O "funk" era a maior ênfase, por salientar os estereótipos de "população pobre" que agradam as elites dominantes.

Estranho que, desde a crise do governo Fernando Henrique Cardoso, o "funk" tenha sido alvo de tão engenhosa campanha.

Da mesma forma, é estranho o "funk" ser imposto, a partir do lobby iniciado pela mídia venal, mas empurrado goela abaixo na mídia esquerdista, como o "paradigma de cultura popular" nos períodos de Lula e Dilma, empastelando os debates culturais progressistas.

Assim como também foi estranho ver o "funk" se infiltrando numa manifestação de forças progressistas contra a votação de 17 de Abril do ano passado.

O barulho do "funk" abafou as vozes contra o impeachment, e o barulho do "batidão" prevaleceu na disputa sonora que muitos erroneamente achavam que combinava bem.

Não, não combinava. O "funk", na verdade, garantiu a tranquila votação dos deputados federais.

O "funk" desviou o foco e deu uma ilusão de alegria plena das forças de esquerda.

Como um Cabo Anselmo manipulando os marinheiros e dando a falsa impressão de triunfo de João Goulart, 52 anos antes.

Em 2009, o "funk" buscava o Legislativo carioca comandado pelo PMDB local para se consolidar.

Em 2016, o mesmo PMDB carioca, que em parte apoiou Aécio em 2014, teve atuação decisiva para instituir o impeachment que tirou Dilma Rousseff do poder.

O PMDB carioca que instituiu o Dia do Funk é o mesmo que, por razões óbvias, apoia o governo Michel Temer.

Daí que o processo de "aculturação" dos DJs do "funk", sempre sob o apoio da plutocracia política e midiática, queria promover o "orgulho da pobreza" para fazer os pobres mais receptivos às reformas trabalhista e previdenciária do governo temeroso.

Como diz o dicionário: "funk" é Temer.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESQUISISMO E RELATORISMO

As mais recentes queixas a respeito do governo Lula ficam por conta do “pesquisismo”, a mania de fazer avaliações precipitadas do atual mandato do presidente brasileiro, toda quinzena, por vários institutos amigos do petista. O pesquisismo são avaliações constantes, frequentes e que servem mais de propaganda do governo do que de diagnóstico. Pesquisas de avaliação a todo momento, em muitos casos antecipando prematuramente a reeleição de Lula, com projeções de concorrentes aqui e ali, indo de Michelle Bolsonaro a Ciro Gomes. Somente de um mês para cá, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade de Lula, e isso se deu porque os próprios institutos foram criticados por serem “chapa branca” e deles se foi cobrada alguma objetividade na abordagem, mesmo diante de métodos e processos de pesquisa bastante duvidosos. Mas temos também outro vício do governo Lula, que ninguém fala: o “relatorismo”. Chama-se de relatorismo essa mania de divulgar relatórios fantásticos sobre s...

SIMBOLOGIA IRÔNICA

  ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984. Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico. Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural. Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais. Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, ...

A PRISÃO DE MC POZE E O VELHO VITIMISMO DO “FUNK”

A prisão do funqueiro e um dos precursores do trap brasileiro, o carioca MC Poze do Rodo, na madrugada de ontem no Rio de Janeiro, reativou mais uma vez o discurso vitimista que o “funk” utiliza para se promover. O funqueiro, cujo nome de batismo é Marlon Brandon Coelho Couto Silva, e que já deixou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes para ir a um presídio no bairro carioca de Benfica, tem entre o público da Geração Z e das esquerdas identitárias a reputação que Renato Russo teve entre o público de rock dos anos 1980, embora o MC não tenha 0,000001% do talento, pois se envolve em um ritmo marcado pela mais profunda precarização artístico-cultural. No entanto, MC Poze do Rodo foi detido por acusações de apologia ao crime organizado, ao porte ilegal de armas e à violência. Em várias vezes, Poze aparecia com armas nas fotos das redes sociais, o que poderia sugerir um funqueiro bolsonarista em potencial. A polícia do Rio de Janeiro enviou o seguinte comunicado:: “De acordo com as inves...

O ATRASO CULTURAL OCULTO DA GERAÇÃO Z

Fico pasmo quando leio pessoas passando pano no culturalismo pós-1989, em maioria confuso e extremamente pragmático, como se alguém pudesse ver uma espessa cabeleira em uma casca de um ovo. Não me considero careta e, apesar dos meus 54 anos de idade, prefiro ir a um Lollapalooza do que a um baile de gala. Tenho uma bagagem cultural maior do que mimha idade sugere, pelas visões de mundo que tenho, até parece que sou um cidadão mediano de 66 anos. Mas minha jovialidade, por incrível que pareça, está mais para um rapazinho de 26 anos. Dito isso, me preocupa a existência de ídolos musicais confusos, que atiram para todos os lados, entre um roquinho mais pop e um som dançante mais eroticamente provocativo, e no meio do caminho entre guitarras elétricas e sintetizadores, há momentos pretensamente acústicos. Nem preciso dizer nomes, mas a atual cena pop é confusa, pois é feita por uma geração que ouviu ao mesmo tempo Madonna e AC/DC, Britney Spears e Nirvana, Backstreet Boys e Soundgarden. Da...

LÉO LINS E A DECADÊNCIA DE HUMORISTAS E INFLUENCIADORES

LÉO LINS, CONDENADO A OITO ANOS DE PRISÃO E MULTA DE MAIS DE R$ 300 MIL POR CONTA DE PIADAS OFENSIVAS. Na semana passada, a Justiça Federal, através da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, condenou o humorista Léo Lins a oito anos de prisão, três deles em regime inicialmente fechado, e multa no valor de R$ 306 mil por fazer piadas ofensivas contra grupos minoritários.  Só para sentir a gravidade do caso, uma das piadas sugere uma sutil apologia ao feminicídio: "Feminista boa é feminista calada. Ou morta". Em outra piada machista, Léo disse: "Às vezes, a mulher só entende no tapa. E se não entender, é porque apanhou pouco". Léo também fez piadas agredindo negros, a comunidade LGBTQIA+, pessoas com HIV, indígenas, evangélicos, pessoas com deficiência, obesos e nordestinos, entre outros. O vídeo que inspirou a elaboração da sentença foi o espetáculo Perturbador, um vídeo gravado em 2022 no qual Léo faz uma série de comentários ofensivos. Os defensores de Léo dizem qu...

ELITE DO BOM ATRASO PIROU NAS REDES SOCIAIS

A BURGUESIA DE CHINELOS NÃO QUER OUTRO CANDIDATO EM 2026. SÓ QUER LULA. A elite do bom atraso, a “frente ampla” social que vai do “pobre de novela” - tipo que explicaremos em outra postagem - ao famoso muito rico, mas que inclui também a pequena burguesia e a parcela “legal” da alta burguesia, enlouqueceu nas redes sociais, exaltando o medíocre governo Lula e somente desejando ele para a Presidência da República na próxima eleição. Preso a estereótipos que deixaram de fazer sentido na realidade, como governar para os pobres e deixar a classe média abastada em segundo plano, Lula na prática expressa um peleguismo que é facilmente reconhecido por proletários, camponeses, sem-teto e servidores públicos, que veem o quanto o presidente “quer, mas não quer muito” trabalhar para o bem-estar dos brasileiros. Lula tem como o maior de seus inúmeros erros o de tratar a reconstrução do Brasil como se fosse uma festa. Esse problema, é claro, não é percebido pela delirante elite do bom atraso que, h...

GOVERNO LULA AGRAVA SUA CRISE

INDICADO POR LULA PARA O BANCO CENTRAL, GABRIEL GALÍPOLO PREFERIU MANTER OS JUROS ALTOS "POR MUITO TEMPO". Enquanto o governo Lula limita gastos mensais com universidades federais, a farra das ONGs nas ditas “emendas parlamentares” é de R$ 274 milhões. Na viagem para a China, Lula é acusado de gastar café com valor equivalente a R$ 56 e de conprar um terno no valor equivalente a R$ 850. Quanto às universidades públicas, a renomada Academia Brasileira de Ciências acusa o governo Lula de desmontar as instituições de ensino superior público através desses cortes financeiros. Lulistas blindam Janja quando ela quebrou o protocolo da conversa entre o marido e o presidente chinês Xi Jinping, para falar de sua preocupação com o Tik Tok. Em compensação, Lula não cumpriu a promessa de implantar o Plano Nacional de Transição Energética, que iria tirar o Brasil da dependência de combustível fóssil. Mas o presidente ainda quer devastar a Amazônia Equatorial para extrair mais petróleo. Lul...

QUANDO A CAPRICHO QUER PARECER A ROCK BRIGADE

Até se admite que o departamento de Jornalismo das rádios comerciais ditas “de rock” é esforçado e tenta mostrar serviço. Mas nem de longe isso pode representar um diferencial para as tais “rádios rock”, por mais que haja alguma competência no trabalho de seus repórteres. A gente vê o contraste que existe nessas rádios. Na programação diária, que ocupa a manhã, a tarde e o começo da noite, elas operam como rádios pop convencionais, por mais que a vinheta estilo “voz de sapo” tente coaxar a palavra “rock”. O repertório é hit-parade, com medalhões ou nomes comerciais, e nem de longe oferecem o básico para o público iniciante de rock. Para piorar, tem aquele papo furado de que as “rádios rock” não tocam só os “clássicos”, mas também as “novidades”. Papo puramente imbecil. É aquela coisa da padaria dizer que não vende somente salgados, mas também os doces. Que diferença isso faz? O endeusamento, ou mesmo as passagens de pano, da imprensa especializada às rádios comerciais “de rock” se deve...

A ILUSÃO DE QUERER PARECER O “MAIS LEGAL DO PLANETA”

Um dos legados do Brasil de Lula 3.0 está na felicidade tóxica de uma parcela de privilegiados. A obsessão de uns poucos bem-nascidos em parecer “gente legal”, em atrair apoio social, os faz até manipular a carteirada para cima e para baixo, entre um sentimento de orgulho aqui e uma falsa modéstia ali, sempre procurando mascarar a hipocrisia que não consegue se ocultar nas mentes dessas pessoas. Com a patrulha dos negacionistas factuais, “isentões” designados para promover o boicote ao pensamento crítico nas redes sociais, a “boa” sociedade que é a elite do bom atraso precisa parecer, aos olhos dos outros, as mais positivas possíveis, daí o esforço desesperado para criar um ambiente de conformidade e até de conformismo, sobretudo pela perigosa ilusão de acreditar que o futuro do Brasil será conduzido por um idoso de 80 anos. Quando ouvimos falar de períodos de supostas regeneração e glorificação do “povo brasileiro”, nos animamos no primeiro momento, achando que agora o Brasil será a n...

APOIO DAS ESQUERDAS AO "FUNK" ABRIU CAMINHO PARA O GOLPE DE 2016

MC POZE DO RODO, COM SEU CARRO LAMBORGHINI AVALIADO EM TRÊS MILHÕES DE REAIS. A choradeira das esquerdas médias diante da prisão de MC Poze do Rodo tenta reviver um hábito contraído há 20 anos, quando o esquerdismo passou a endossar o discurso fabricado pela Rede Globo e pela Folha de São Paulo para "socializar" o "funk", um dos ritmos do comercialismo brega-popularesco que passou a blindar por uma elite de intelectuais sob inspiração do antigo IPES-IBAD, só que sob uma retórica "pós-tropicalista". A revolta contra a prisão do funqueiro e alegações clichês como "criminalização da cultura" e "realidade da favela" feita por parlamentares e jornalistas da mídia esquerdista se tornam bastante vergonhosas e, em muitos casos, descontextualizada com a real preocupação com as classes pobres da vida real, que em nenhum momento são representadas ou se identificam com o "funk" ou o trap. O "funk" e o trap apenas falam sobre o ...