O lulismo decepciona por não ser realmente democrático. Sua “democracia” é tão seletiva que remete mais a uma elite numerosa e abastada do que da totalidade do povo brasileiro. Muitos se recusam a admitir, mas a festa de “inclusão social” de Lula, nos últimos anos, tem uma boa margem de excluídos, e eles vão muito além do perímetro bolsonarista.
Passei para a oposição ao lulismo por critérios bastante objetivos. Não gostei do clima de festa que ele promoveu para se relançar politicamente. O Brasil, segundo Lula, estava “em ruínas” - ele chegou a comparar até com a Faixa de Gaza, no Oriente Médio - mas ele não reagia à altura.
Da pré-campanha de 2022 até agora, o que se viu foi Lula e Janja fechando praia para curtir lua-de-mel, o desperdício do Festival do Futuro, as viagens ao exterior e a cosmética dos relatorismos dos ditos “recordes históricos”, que mostravam uma “colheita” sem plantação.
Outra coisa foi a campanha presidencial. Tão democrático no discurso, Lula não quis enfrentar de verdade os concorrentes. Só enfrentou Jair Bolsonaro e tratou os demais como figurantes. Se Lula tivesse tido humildade, aceitasse debater com todo tipo de concorrentes e permitisse as análises comparativas de ideias, eu teria votado no petista. Mas ele impôs seu projeto político e, da forma como conduziu a campanha, ele perdeu meu voto para sempre.
Não pode haver o uso exclusivo da democracia em torno de uma pessoa. Não existe um Sistema Lular no qual Lula é o centro do universo. A campanha presidencial de 2022 foi um horror e Ciro Gomes foi atingido pela truculência dos lulistas que, usando a projeção psicológica, agrediram o ex-governador do Ceará e se diziam agredidos por ele.
Lembremos que não se trata de uma postura cirista. Ciro até pode ser criticável em muitos aspectos, mas ele deveria ter tido espaço na disputa presidencial em 2022, o que foi negado e sabotado por Lula e seus seguidores. Afinal, pode ser Ciro, Tarcísio, Eduardo Leite ou qualquer outro, Lula tinha que enfrentar um a um pelo embate de ideias. O linchamento dos lulistas, querendo empurrar qualquer concorrente para a marquise bolsonarista é constrangedor.
Sem ter oportunidade de ter um debate de ideias com Lula, Ciro Gomes foi escorraçado e se aborreceu tanto com o linchamento que o fez fracassar nas urnas que o lulismo acabou empurrando o ex-governador para o tucanato júnior, aquele que não está ligado à “democracia” defendida pelo petista.
Daí a decepção com Lula por ter feito esse jogo sujo, arrombando as portas de sua vitória política. E agora que a burguesia ilustrada está com o petista, que Brasil teremos senão um parque de diversões para uma bacaninhas metidos a esclarecidos? Para quem está bem de vida, é um momento maravilhoso. Mas quem vive na miséria, tem que aguentar um pouco mais de sofrimento, no seu pesadelo sem dia certo para acabar.
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