Diante das denúncias, na Internet, de que familiares dos empresários das Organizações Globo, os irmãos Marinho, filhos do "doutor" Roberto Marinho, seriam donos de um imóvel ilegal em Parati, construído numa área de proteção ambiental, a Globo resolveu se vingar.
Hoje a cobertura da tendenciosa Operação Lava Jato, que de forma parcial condena, sem provas, os políticos do PT, e deixa de investigar, mesmo com provas consistentes, a corrupção dos políticos do PSDB, divulgou amplamente a operação policial que, de forma coercitiva, levou o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva para depor hoje à tarde.
Lula é acusado de ter recebido de empreiteiros que desviaram dinheiro do esquema de corrupção da Petrobras. Ele também é acusado de ser dono de um triplex no Guarujá (litoral paulista) que, na verdade, seria de empresas offshore (que tem conta fora do país sede), sem relação com o ex-presidente.
Lula e Dilma Rousseff haviam sido citados em supostas denúncias que o senador sulmatogrossense Delcídio Amaral, do PT, havia feito dentro da condição de delação premiada, como envolvidos na corrupção da Petrobras, segundo a revista Isto É.
Em investigações que soam apressadas e sem provas, uma espécie de teatro encenado pelo juiz paranaense Sérgio Moro - que faz o tipo de "juiz sério" das ficções de Hollywood que a Globo adora passar na Tela Quente - , o PT e seus envolvidos são condenados e presos praticamente em rito sumário, revelando mais a partidarização do Judiciário.
Mesmo quando se opõe ao PT, uma pessoa com um mínimo de lucidez deveria ver na Operação Lava Jato uma "caça às bruxas", já que se observa o simples oposicionismo político doentio, em vez da imparcialidade da investigação autêntica, que não condena somente os "inimigos" da ocasião.
O senador Aécio Neves também está envolvido com o esquema de corrupção da Petrobras e não há um pingo de investigação a respeito. Um delator já havia dito que o tucano mineiro era "muito chato" na cobrança de propinas, com um apetite voraz para receber dinheiro do esquema.
Infelizmente, as pessoas movem pela paixão e quem sente oposição doentia ao PT e seus membros, a ponto de caluniarem abertamente Lula e Dilma, despejando contra eles as mais grotescas baixarias, comemorou quando Lula foi levado de forma coercitiva para ser humilhado em interrogações feitas mais para constranger do que colher informações.
Quando o Viomundo, de Luiz Carlos Azenha, revelou que a propriedade da mansão de Parati é de uma empresa de agropecuária cujo um dos donos é um ex-genro de João Roberto Marinho, um dos empresários das Organizações Globo, esta empresa resolveu reagir.
Dias atrás, João Roberto desmentiu que qualquer membro da família fosse proprietário da mansão ilegalmente instalada, desobedecendo restrições ambientais. Disse que a família não tinha qualquer participação direta ou indireta na posse do imóvel. A informação trazida por Viomundo desmentiu esse "desmentido".
E aí a Globo se vingou, noticiando a convocação de Lula como se fosse uma caça impiedosa a um leão inofensivo. É o que se chama de assassinato de reputação. Muito diferente do direito de fazer oposição ao PT de maneira saudável e respeitosa, porque é uma oposição movida pelo ódio, sem justificativas, mais parecendo intolerância do que oposição.
Isso cria um clima de apreensão no Brasil. A democracia corre risco. A histeria oposicionista tomada da mais cega raiva pode botar o país a perder. Daqui a pouco menos de dez dias, haverá a Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade. A gente já viu esse "filme" em 1964.
Convém tomar muita cautela, porque os "revoltados" anti-PT é que depois irão pagar a maior parte dos custos da festa da derrubada do partido e de seus membros principais, já que o político direitista que poderá entrar no lugar não vai querer dar grandes fatias de bolo para os brasileiros, nem mesmo para os que mais o apoiarem.
É só ver o caso de Maurício Macri, empresário direitista que governa com mãos-de-ferro a Argentina, está fazendo com nosso vizinho. Nem os aliados conservadores estão contentes com Macri, que está provocando desordem por causa de suas reacionárias convicções pessoais, como num crossover dos cariocas Eduardo Paes e Eduardo Cunha.
Portanto, o momento é de cautela. A raiva anti-PT pode custar caro. Até mesmo para quem sente essa raiva, que vai pagar o ônus da vitória da oposição, se caso houver.
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