A JORNALISTA RENATA LO PRETE PARECE ESTAR ANSIOSA DE VER DILMA FORA DO GOVERNO.
Notaram que a direita está perdendo a cabeça com esse negócio de oposição ao PT. Escondendo sua frustração de não ter conseguido fazer o seu candidato, Aécio Neves, vencer a eleição presidencial de 2014 - tinham dois turnos e vários meses para provar que seu candidato era o "melhor" - , eles passaram a adotar posturas golpistas e extremamente reacionárias.
Na semana passada, dois episódios marcaram a histeria dos chamados "aloprados". Um é o Ministério Público de São Paulo, cujos três membros, ignorando critérios e determinações jurídicas, pediram prisão preventiva do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
O pretexto é sobre o triplex de Guarujá, cuja aquisição teria sido um pano de fundo para aquilo que os precipitados promotores definiram como "crime doloso", daí o pedido de prisão. Só que até a oposição achou isso um exagero e pediu a eles cautela com a decisão.
Pela precipitação, os integrantes do MP foram chamados pejorativamente de "os Três Patetas", em alusão ao nome aqui conhecido do trio humorístico estadunidense The Three Stooges. Os promotores ainda confundiram Friedrich Engels com Georg Friedrich Hegel, dois filósofos bem diferentes, ao citar o parceiro de Karl Marx na sua exposição anti-esquerdista.
O PROMOTOR CÁSSIO COSERINO, DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO, SE PRECIPITOU AO PEDIR PRISÃO PREVENTIVA DO EX-PRESIDENTE LULA.
A jornalista Renata Lo Prete, comentarista política do canal Globo News, havia cometido gafe duas vezes, ao se referir à presidenta Dilma Rousseff como "ex-presidente" (a direita mantém a denominação "presidente" sem alteração no gênero).
Pode soar uma desatenção, mas há a ânsia dos jornalistas da Globo News em ver Dilma fora do governo. Renata talvez deixou extravasar essa ânsia. Em 2010, eu mesmo vi outra comentarista, Cristiana Lobo, com cara de choro (sério!) ao saber da vitória de Dilma nas eleições da época.
Estas duas atitudes podem não parecer propositais, mas elas acabam soando como um choque psicológico para pressionar a derrubada de Dilma, a prisão de Lula (que estaria impedido de concorrer em 2018) e a cassação do PT.
São, portanto, atos acidentais, mas que para o espectador desinformado, acaba causando um grande impacto emocional que fortalece o já intenso instinto oposicionista que, hoje de manhã, fez muita gente ir às ruas nos protestos anti-PT.
Imagine o espectador ser informado que um órgão do Judiciário paulistano - muitos ainda veem São Paulo como um referencial de Estado para o país - pediu a prisão de Lula. É como a conduta coercitiva ordenada pelo juiz Sérgio Moro, com Lula constrangido pela polícia a acompanhar os tiras para depor sobre a Operação Lava-Jato.
FOLHA FAZ MANOBRAS EDITORIAIS PARA HUMILHAR LULA.
A decisão pode soar equivocada, pode haver mal-entendido, mas o público médio já foi tomado pelo impacto do factoide. Embora o mal-entendido seja depois revelado, o público desse porte já está emocionalmente envolvido e induzido a pedir prisão de Lula e saída de Dilma Rousseff, com a associação, ainda que acidental, de seu nome com a condição de "ex-presidente".
O malabarismo jornalístico da Folha de São Paulo também é outro exemplo do jogo psicológico que se é feito. A ilustração acima mostra que o periódico manipula a cobertura de forma a convencer as pessoas da suposta sordidez do petista.
Note, por exemplo, a manchete "precisa": "Lula recebeu quase R$ 4 milhões da Odebrecht, diz PF". O nome Lula é colocado no início da frase, para puxar o enunciado, como "sujeito ativo" da frase. A empresa tem nome citado, Odebrecht, e a fonte, creditada, a PF (Polícia Federal). Ao lado disso, é colocada a imagem de Lula parecendo agressivo, o que influencia psicologicamente o leitor.
Já na reportagem sobre Fernando Henrique Cardoso - outro ex-presidente, envolvido em um escândalo recente das revelações da ex-amante, a jornalista Miriam Dutra, com quem FHC teria gerado um filho - , a manobra tenta dar o sentido atenuante da denúncia.
O título "Empreiteira doou R$ 975 mil a Instituto FHC, aponta laudo" mostra uma informação "imprecisa": o nome da empresa não é creditado, Fernando Henrique não é citado como pessoa física, mas através de seu instituto (pessoa jurídica), portanto o ex-presidente tucano aparece como "passivo" já não como sujeito da frase. A fonte não é creditada no título e FHC parece "inofensivo".
Isso é um jogo psicológico, que faz com que a denúncia contra Lula, na verdade bastante confusa e sem muito embasamento jurídico, seja "certeira", enquanto a denúncia contra FHC, que é precisa e baseada em investigações, seja vista como "rumor", como algo "sem importância".
Esse jogo psicológico é muito perigoso, porque esconde uma fúria golpista por trás. E a direita é capaz de burlar as leis e as instituições e transformar o que seria um simples direito de oposição em um doença rancorosa.
Mas se ela pode usar gafes ou ações precipitadas para fazer jogo psicológico, assim como manobrar os enunciados das notícias para desqualificar uns e poupar outros de forma tendenciosa, então temos que tomar cuidado com essa fúria que pode pôr a democracia a perder.
Notaram que a direita está perdendo a cabeça com esse negócio de oposição ao PT. Escondendo sua frustração de não ter conseguido fazer o seu candidato, Aécio Neves, vencer a eleição presidencial de 2014 - tinham dois turnos e vários meses para provar que seu candidato era o "melhor" - , eles passaram a adotar posturas golpistas e extremamente reacionárias.
Na semana passada, dois episódios marcaram a histeria dos chamados "aloprados". Um é o Ministério Público de São Paulo, cujos três membros, ignorando critérios e determinações jurídicas, pediram prisão preventiva do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
O pretexto é sobre o triplex de Guarujá, cuja aquisição teria sido um pano de fundo para aquilo que os precipitados promotores definiram como "crime doloso", daí o pedido de prisão. Só que até a oposição achou isso um exagero e pediu a eles cautela com a decisão.
Pela precipitação, os integrantes do MP foram chamados pejorativamente de "os Três Patetas", em alusão ao nome aqui conhecido do trio humorístico estadunidense The Three Stooges. Os promotores ainda confundiram Friedrich Engels com Georg Friedrich Hegel, dois filósofos bem diferentes, ao citar o parceiro de Karl Marx na sua exposição anti-esquerdista.
O PROMOTOR CÁSSIO COSERINO, DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO, SE PRECIPITOU AO PEDIR PRISÃO PREVENTIVA DO EX-PRESIDENTE LULA.
A jornalista Renata Lo Prete, comentarista política do canal Globo News, havia cometido gafe duas vezes, ao se referir à presidenta Dilma Rousseff como "ex-presidente" (a direita mantém a denominação "presidente" sem alteração no gênero).
Pode soar uma desatenção, mas há a ânsia dos jornalistas da Globo News em ver Dilma fora do governo. Renata talvez deixou extravasar essa ânsia. Em 2010, eu mesmo vi outra comentarista, Cristiana Lobo, com cara de choro (sério!) ao saber da vitória de Dilma nas eleições da época.
Estas duas atitudes podem não parecer propositais, mas elas acabam soando como um choque psicológico para pressionar a derrubada de Dilma, a prisão de Lula (que estaria impedido de concorrer em 2018) e a cassação do PT.
São, portanto, atos acidentais, mas que para o espectador desinformado, acaba causando um grande impacto emocional que fortalece o já intenso instinto oposicionista que, hoje de manhã, fez muita gente ir às ruas nos protestos anti-PT.
Imagine o espectador ser informado que um órgão do Judiciário paulistano - muitos ainda veem São Paulo como um referencial de Estado para o país - pediu a prisão de Lula. É como a conduta coercitiva ordenada pelo juiz Sérgio Moro, com Lula constrangido pela polícia a acompanhar os tiras para depor sobre a Operação Lava-Jato.
FOLHA FAZ MANOBRAS EDITORIAIS PARA HUMILHAR LULA.
A decisão pode soar equivocada, pode haver mal-entendido, mas o público médio já foi tomado pelo impacto do factoide. Embora o mal-entendido seja depois revelado, o público desse porte já está emocionalmente envolvido e induzido a pedir prisão de Lula e saída de Dilma Rousseff, com a associação, ainda que acidental, de seu nome com a condição de "ex-presidente".
O malabarismo jornalístico da Folha de São Paulo também é outro exemplo do jogo psicológico que se é feito. A ilustração acima mostra que o periódico manipula a cobertura de forma a convencer as pessoas da suposta sordidez do petista.
Note, por exemplo, a manchete "precisa": "Lula recebeu quase R$ 4 milhões da Odebrecht, diz PF". O nome Lula é colocado no início da frase, para puxar o enunciado, como "sujeito ativo" da frase. A empresa tem nome citado, Odebrecht, e a fonte, creditada, a PF (Polícia Federal). Ao lado disso, é colocada a imagem de Lula parecendo agressivo, o que influencia psicologicamente o leitor.
Já na reportagem sobre Fernando Henrique Cardoso - outro ex-presidente, envolvido em um escândalo recente das revelações da ex-amante, a jornalista Miriam Dutra, com quem FHC teria gerado um filho - , a manobra tenta dar o sentido atenuante da denúncia.
O título "Empreiteira doou R$ 975 mil a Instituto FHC, aponta laudo" mostra uma informação "imprecisa": o nome da empresa não é creditado, Fernando Henrique não é citado como pessoa física, mas através de seu instituto (pessoa jurídica), portanto o ex-presidente tucano aparece como "passivo" já não como sujeito da frase. A fonte não é creditada no título e FHC parece "inofensivo".
Isso é um jogo psicológico, que faz com que a denúncia contra Lula, na verdade bastante confusa e sem muito embasamento jurídico, seja "certeira", enquanto a denúncia contra FHC, que é precisa e baseada em investigações, seja vista como "rumor", como algo "sem importância".
Esse jogo psicológico é muito perigoso, porque esconde uma fúria golpista por trás. E a direita é capaz de burlar as leis e as instituições e transformar o que seria um simples direito de oposição em um doença rancorosa.
Mas se ela pode usar gafes ou ações precipitadas para fazer jogo psicológico, assim como manobrar os enunciados das notícias para desqualificar uns e poupar outros de forma tendenciosa, então temos que tomar cuidado com essa fúria que pode pôr a democracia a perder.
Comentários
Postar um comentário