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TRÊS GRANDES PERDAS PARA A MÚSICA


Três grandes perdas da música. Três músicos geniais se foram, nos últimos dias.

No dia 08 passado, perdemos o músico, maestro e produtor inglês George Martin, que estabeleceu um dos maiores diálogos artísticos da música, interagindo com os Beatles durante a segunda fase da banda britânica, nos anos 1960.

No último dia 09, perdemos Naná Vasconcelos, percussionista pernambucano, músico e um dos organizadores do festival Percpan, de música relacionada à percussão e ao ritmo.

Hoje foi a vez do supertecladista inglês Keith Emerson, da banda Emerson Lake & Palmer, um dos grandes nomes do rock progressivo.

Cada um deles deu uma contribuição impar para a música, dois deles para o rock clássico (embora Naná Vasconcelos fosse também um dos nomes tocados na fase áurea da Fluminense FM).

O que George Martin fez, na condição de produtor e verdadeiro cúmplice das audácias musicais dos quatro rapazes de Liverpool, sem medo dele, mais experiente, aprender muito com a banda cujas gravações ele produzia, é de um enorme valor para a história da música.

Em todo caso, eles deram um grandioso valor com seus respectivos talentos.

Todos eles somaram suas inteligências para a cultura do século XX.

Naná, somando seus esforços para a música brasileira, transformando tradições culturais num experimentalismo renovado.

George, um músico e maestro de formação erudita e adepto da música concreta, se envolvendo com a experiência dinâmica de produzir discos de uma banda de rock.

Keith, com seu enorme sintetizador, procurando voos artísticos inusitados através de sua sofisticada contribuição ao rock progressivo.

São nomes que irão durar muito, porque não fizeram coisas para dois ou seis meses, mas para sempre. Seu legado permanece como patrimônio valioso de nossa cultura.

Infelizmente, nesse país de intensa imbecilização cultural - blindada até por uma influente parcela de intelectuais - , eles não são devidamente levados a sério pelo público médio perdido em futilidades.

Tomados do narcisismo juvenil e de uma má orientada rebeldia, eles se rebelam contra o que é genial, criativo e que vai além de suas catarses mesquinhas de popozudas, safadões, anittas, luans, mamonas e axls.

Acham que a música ruim que eles consomem é a melhor do mundo, só porque ela é "presente", "atual" e simplória.

Eles não querem saber de mestres. Emburrecem confundindo cultura com entretenimento, apreciação com consumismo.

Eles não sentirão a falta desses mestres. Não se acham representados pelos três músicos que morreram.

Mas por enquanto esses jovens movidos pela imbecilização cultural são jovens e gozam da pouca idade que lhes dá uma certa vaidade, arrogância e mania de serem "donos da verdade".

Quando seus filhos redescobrirem os mortos de hoje, aí é que o valor deles voltará a ser reconhecido, com uma vantagem: os mestres mortos voltarão rejuvenescidos pela novidade que representarem para os jovens de amanhã.

É isso que faz a verdadeira música perdurar. A imbecilização só perdura sob a pressão do marketing. A música de verdade perdura pelo talento natural dos verdadeiros artistas.

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