A semana que se encerra foi marcada por uma crise de reputação das Organizações Globo.
Evidentemente a crise foi minimizada pela Globo, que tentou abafar o escândalo.
Comecemos então a descrever a situação.
Na última terça-feira (14) executivo argentino Alejandro Burzaco, que, até o momento, não tem perfil no Wikipedia em português, tornou-se no entanto bastante notável entre os brasileiros.
Alejandro foi diretor da empresa de marketing Torneos y Competéncias (TyC Sports), e prestou um depoimento no Tribunal do Brooklyn, em Nova York.
Ele também é réu em um suposto esquema de corrupção envolvendo grandes corporações de Comunicação, empresas de marketing esportivo e a própria Federação Internacional de Football Association (Fifa). Burzaco cumpre prisão domiciliar.
Na ocasião, porém, ele falou como testemunha no caso do esquema de corrupção da Fifa, no segundo dia de julgamento do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marín.
Marín é apenas um dos vários ex-dirigentes esportivos de projeção internacional acusados de envolvimento no escândalo.
Seu sucessor, Marco Polo Del Nero, também é outro acusado, assim como o executivo J. Hawilla, da brasileira Traffic, também de marketing esportivo.
Só Marin é acusado de prática de extorsão, de fraude financeira e de lavagem de dinheiro durante acordos relacionados aos contratos com a Fifa.
Burzaco denunciou que grandes grupos de mídia haviam pago propinas à Fifa para obterem direitos de transmissão dos jogos das copas do mundo.
Foram citadas a Fox Sports (EUA), o Grupo Televisa (México), a Media Pro (Espanha) e as Organizações Globo (Brasil).
A Globo foi citada pelo menos 14 vezes por Burzaco.
A empresa midiática é acusada de pagar US$ 15 milhões em propinas (cerca de R$ 50 milhões) para garantir a exclusividade na transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030.
Mas aí a Globo veio com uma "pérola": tentar desmentir as acusações.
Enviou um comunicado que, divulgado no Jornal Nacional, dizia o seguinte:
"Sobre depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos.
Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige".
A piada fica por conta de "investigações internas".
A Globo pode até dar suas declarações de defesa, embora suas práticas nada lícitas são muito claras, com a Rede Globo, ainda inexistente, fazendo barulho há 55 anos com a grana da Time-Life.
Pelo menos naquela época, 1962, era ilegal uma empresa de Comunicação brasileira fazer parceria com o capital estrangeiro.
Hoje, em tempos temerosos (fala-se do presidente Temer, que na última quinta-feira, 16, apelou para o coitadismo na propaganda do PMDB), só falta agir como o ex-presidente chileno, Sebatián Piñera.
Ele entregou a sua emissora de TV aberta para o grupo Warner, que, como toda corporação estadunidense, não parece ver diferença entre um cubano e um colombiano, entre um argentino e um mexicano, entre um boliviano e um brasileiro.
Por enquanto não chegamos a esse ponto, mas a mídia hegemônica sempre articulou por fora com o capital estrangeiro.
Os interesses comuns são óbvios, muito óbvios.
Em outros momentos, a Globo não comentava sobre o assunto das propinas, mas como a coisa teve repercussão internacional e fez muito barulho na Internet, ela reagiu.
O problema é a tal "investigação interna", algo muito vago e contraditório.
E que, na verdade, nunca existiu. Foi apenas uma forma da Globo argumentar alguma coisa para se declarar "inocente".
Quanto ao futebol, eu mesmo percebi que a Copa do Mundo de 2002 foi "comprada". O penta, para o bem dos "cartolas", já era um prêmio "comprado" já em 2001, durante as eliminatórias.
A seleção brasileira não estava com aquele gás todo para encarar uma copa, estava muito fraca.
Já os adversários considerados mais fortes "caíam" na copa com uma facilidade exagerada.
Doze anos depois, o goleador de 2002, Ronaldo Nazário, o Ronaldinho Fenômeno, foi apoiar Aécio Neves e, em 2016, participar das passeatas contra Dilma Rousseff.
Enquanto isso, o futebol profissional tem mais lama do que o futebol de várzea.
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