Repercutiu mal ao presidente Michel Temer uma grosseria feita na propaganda do PMDB transmitida na semana passada.
Fazendo ataques a Dilma Rousseff, uma narradora da propaganda, que focalizava o coitadismo do presidente, "vítima de perseguição acima dos limites", citou um discurso de 2015 como se fosse de 2016.
"Não dá para esquecer: 2016, com a economia em frangalhos, Dilma Rousseff anunciava a mandioca como uma das mais importantes conquistas do país. Dilma desenterrou a mandioca e enterrou a economia brasileira", diz a locutora.
A frase foi dita em 2015, durante a abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.
Os opositores caíram em chacota, mas Dilma estava certa ao valorizar a mandioca, um dos mais populares alimentos do país e cuja origem remete à culinária indígena.
Deveríamos respeitar um discurso desses, porque ele cita a prosperidade do cultivo de um alimento muito consumido pelo povo brasileiro.
Além disso, a crise econômica não estava aguda.
Havia crise na cultura, MPB paralisada na overdose de homenagens, anestesia literária, valentonismo humorístico, gerações cada vez piores de youtubers.
Crise econômica, sim, havia, mas nada que justificasse o fracasso do governo Dilma.
Michel Temer era abordado com uma imagem coitadista, como se ele fosse um homem generoso preocupado com a prosperidade do povo brasileiro.
Mentira. Ele está ocupado em servir ao mercado financeiro e às grandes corporações, criando mudanças ao arrepio da Constituição que trazem mais sacrifícios às classes populares.
Só a dita reforma trabalhista, como lembra Miguel do Rosário, de O Cafezinho, é uma catástrofe.
Evidentemente. A precarização do trabalho, a banalização do "bico" e o escárnio da pejotização, que transforma trabalhadores em "empreendimentos fantasmas", mostram essa perspectiva sombria.
A propaganda ainda falou da "trama" para "derrubar Temer", como se fosse um plano para tirar do poder alguma figura humanitária.
Haja cinismo.
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