O carnaval das esquerdas ingênuas que acreditam que maconha, "médiuns espíritas", funqueiros, ídolos bregas, duplas "sertanejas" e mulheres siliconadas vão promover um Brasil libertário, podem retirar o jumento do temporal.
Num país que tivemos iluministas escravocratas, isso abriu precedente para forças progressistas ainda apegadas em paradigmas retrógrados e conservadores.
Isso fez os movimentos progressistas perderem o protagonismo político em 2016, e não será a "onda de otimismo e solidariedade" que irá recolocar as esquerdas na condução da vida política brasileira.
Uma solidariedade de galinhas com a raposa? Sinceramente, é um ponto fraco perigoso as esquerdas adotarem paradigmas culturais de centro-direita.
Hoje as forças progressistas tiveram vitórias mornas.
O Supremo Tribunal Federal aprovou a tese de que réus delatados podem falar por último depois do depoimento dos delatores, que pode levar a anulações de condenações feitas pela Operação Lava Jato.
Os votos foram de sete a favor da tese e quatro contra.
Votaram a favor da tese: Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e o presidente do STF, Dias Toffoli.
Quem votou contra foram Luiz Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello e Luiz Fux.
Hoje ainda se discutirá como o entendimento dessa tese será aplicado. Há rumores de que será criada manobra para evitar a anulação da sentença de Lula.
O ex-presidente petista, por sua vez, parece continuar sujeito ao semiaberto, mas a Operação Lava Jato a cada vez mais é considerada uma associação criminosa, com um discurso de Gilmar Mendes durante a explicação de seu voto, chamando a OLJ de "companhia de torturadores".
"Hoje se sabe de maneira muito clara, o Intercept está aí para confirmar e nunca foi desmentido, que usava-se a prisão provisória como elemento de tortura. E quem defende tortura não pode ter assento na Suprema Corte do Brasil", afirmou Mendes.
Não há uma garantia de que Lula irá obter liberdade plena e mesmo o semiaberto traz o risco dele ser jogado para dormir em um presídio comum.
É claro que desejamos um Brasil progressista, fraterno, igualitário.
Mas devemos tomar muito cuidado. Oportunistas estão de braços abertos para cumprimentar os esquerdistas e apunhalá-los pelas costas.
Esses usurpadores ficarão o tempo todo fingindo apoio até nos momentos difíceis, até que a hora H revele seus verdadeiros interesses.
Não é inocente nem acidental as forças progressistas acolherem referenciais culturais de centro-direita que, estrategicamente, atendem aos interesses dos barões midiáticos e do empresariado associado.
A cultura popularesca, por exemplo, é patrocinada pela mídia venal e pela poderosa indústria da cerveja, controlada por ninguém menos que Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil.
E como as esquerdas podem justificar o apoio aos mesmos totens e ideias de Luciano Huck, se dele fazem críticas bastante negativas?
"Médiuns" que fazem apenas Assistencialismo (caridade que não supera as desigualdades sociais), funqueiros que tratam o povo pobre como caricatura, "sertanejos" que defendem o poder dos grandes proprietários de terras etc.
E todos estes apoiados por Luciano Huck e pelo Renova BR comandado pelo empresariado. Sobretudo Lemann.
Com que cara ficarão as esquerdas se, com esse apoio complacente, elas perdem mais uma vez a chance de obter protagonismo, caindo no conto de que "vamos superar a polarização, o ódio e o preconceito" abraçando agendas nada progressistas.
Enquanto o STF deu relativa esperança para o movimento Lula Livre, por outro lado o Senado aprovou o texto principal da Reforma da Previdência, em primeiro turno.
Ao que tudo indica, o projeto defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, herdado de Michel Temer e das "pautas-bombas" de Eduardo Cunha, será finalizado e aprovado com rapidez.
E ainda haverá o feirão do pré-sal, que concluirá o golpe político, com a venda das reservas petrolíferas recentemente descobertas para as companhias estrangeiras.
Com isso, o ciclo golpista se concluirá, com o Brasil reduzido a uma colônia de exploração.
Mas aí a garotada das "esquerdas médias" ficará no recreio hedonista da maconha, da cerveja e dos rabiscos corporais das tatuagens enormes, enquanto vai para um "centro espírita" ouvir psicografias fake durante o dia e vão para o "baile funk", vaquejada ou galpão brega na noite.
E todos abraçados ao pessoal do Renova BR, com o progressismo de fachada reduzido a um "caldeirão" de loucura, loucura, loucura.
Já estou preparado para o protagonismo do Renova BR que será o preço para a suposta tolerância e anti-polarização das "esquerdas médias".
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