As brigas de Jair Bolsonaro com o PSL e com antigos aliados tornou-se feia.
A situação se complicou tanto que o filho de Jair, Eduardo Bolsonaro, teve cancelada, até segunda ordem, sua escalação tanto para a liderança do PSL na Câmara Federal quanto para ser embaixador do Brasil nos EUA.
Mas tudo está imprevisível, ainda. E o Brasil, numa situação frágil e vulnerável, de tal forma que, de vez em quando, fico assustado com a despreocupação do povo aqui em Niterói.
Claro, Niterói vive em transe. É a cidade-dormitório: o pessoal anda dormindo, mesmo acordado.
Os niteroienses não conhecem seus próprios problemas, salvo exceção de uma minoria de moradores. A maioria, porém, parece levar às últimas consequências o provincianismo que os cariocas contraíram desde os anos 1990.
Niteroiense parece gostar de perder tempo. Fuma, suporta congestionamentos, vê bobagens no WhatsApp, ouve os mesmos hits estrangeiros do passado, recente ou remoto, achando que o relógio não existe.
Se Niterói levou 75 anos para reconhecer a necessidade da ligação Cafubá-Charitas - será que vai esperar mais 75 anos para a ligação própria Rio do Ouro-Várzea das Moças? - , deve estar esperando ainda a invenção do relógio, pois nem no tempo do relógio solar parece viver.
Fico preocupado com essas despreocupações, sobretudo se percebermos que o Grande Rio foi responsável pelo golpe político-jurídico de 2016.
Foram os cariocas que jogaram o inexpressivo Eduardo Cunha para a Câmara Federal, ele presidiu a casa legislativa e deu no que deu.
No pacote, Bolsonaro também se elegeu deputado federal e foi pavimentado o caminho para ele obter o comando do Executivo federal.
É um festival de tragicomédias. Alguns momentos cômicos, outros bem trágicos.
E desde que Michel Temer tornou-se o "desinterino", uma sucessão de crises ocorreu no país com a resignação bovina da sociedade de "quenuncas" que acha que "herrar é umano".
A naturalização dos erros humanos mostra uma crise social cujos efeitos se tornarão mais explícitos a partir de 2020.
No momento, o que se vê são antigos aliados desembarcando do bolsonarismo.
Gustavo Bebianno, Alexandre Frota, João Dória Jr., Nando Moura, Artur "Mamãe Falei" do Val, Lobão, há um bom elenco de gente que está caindo fora do bolsonarismo.
Há um tempo, também, Joice Hasselmann também está saindo do barco furado do presidente.
E ela está denunciando as "milícias digitais" que apoiam o presidente.
"Milícias digitais" são a nova denominação dos reaças da Internet que "conheci" nos tempos do Orkut, através dos proto-bolsomínions escondidos na comunidade Eu Odeio Acordar Cedo.
Eles já antecipavam o bolsonarismo defendendo a gíria "balada", patenteada pela Jovem Pan, hoje reduto de bolsonaristas.
Eram internautas que, potencialmente, seriam o fã-clube de um Caio Coppola ou de um Allan Santos do Terça Livre (ou melhor, Terça Deus Me Livre).
Seus atuais equivalentes andavam operando "robôs" na Internet. Creio que nos tempos do Orkut os reaças eram mais "artesanais" na pressão psicológica para obrigar colegas de comunidades para participar de "efeitos manada".
Essa turma influiu na propagação de fake news e foi respaldada por uma turma "mais profissional" ligada à Cambridge Analytica, de Steve Bannon.
Bannon foi tão esperto que uma matéria da Veja em 2018 tentou dar a impressão de que o empresário estadunidense atuava em favor de tudo, menos de Jair Bolsonaro, tido como "independente".
Foi tanta farsa, tanta mentira que nem a direita aguenta mais.
Tudo ainda está imprevisível. O jornalista progressista Rodrigo Vianna, do blogue Escrevinhador, teme que Jair Bolsonaro possa armar um golpe.
Há quem acredite, no entanto, que isso não é possível, pois Bolsonaro se encontra enfraquecido. Allan Santos e Olavo de Carvalho desmentiram que estavam defendendo o AI-5, não sabendo se isso foi por jogo de cena ou porque as declarações pegaram mal.
Em todo caso, vem mais tensão aí. Só uma palhinha: Luciano Bivar, presidente do PSL, chamou Jair Bolsonaro de "vagabundo", ameaçou "implodi-lo" mas recuou.
Podem preparar a pipoca. O cinema catástrofe com tons de terror e comédia surreal entrará no momento do clímax.
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