A TOLERÂNCIA IRREFLETIDA DAS ESQUERDAS PODE TRANSFORMAR O BRASIL NUM "CALDEIRÃO".
Está surgindo uma campanha em prol da tolerância, do combate ao ódio, da promoção de solidariedade e do fim da polarização.
Em princípio, é maravilhoso e traz esperança para todos nós.
Mas, como habitualmente não existe almoço grátis, as forças progressistas se comportam como carneiros alegres se oferecendo para o apetite dos lobos.
O grande mal e um vício irremediável das esquerdas é que elas ficam complacentes com referenciais culturais de centro-direita: musicais, literários, lúdicos, religiosos e esportivos.
O que não parecer raivoso lhes soa como "saudavelmente progressista".
Qualquer oportunista que apareça ao lado de um pobre sorrindo vira "aliado" das esquerdas.
Qualquer canção cafona que fale da saudade da infância, dos passarinhos voando, para não dizer o intragável "orgulho de ser pobre", vira "hino progressista".
Daí as eventuais pegadinhas, como "Meu Coração é Vermelho", canção paraense, e "Vai Dar PT", sucesso de axé-music e "funk".
Temos que tomar muito cuidado com os "aliados" de ocasião.
Geralmente, os usurpadores aparecem entusiasmados demais. São como estranhos visitando a casa e, entusiasmados demais, querem ver logo o quarto de casal.
É verdade que as esquerdas precisam de alianças que furem a bolha ideológica e que estejam fora dos círculos esquerdistas.
Há vários envolvidos no "Fora Dilma" que podem se tornar aliados dos progressistas.
O grande problema é que a maior cautela se deve ter com os forasteiros cujo entusiasmo vai além da dose.
E isso as esquerdas não têm cautela. Acolhem o primeiro oportunista que vier demonstrando comportamento por demais efusivo.
Foi através disso que as forças progressistas ameaçaram perder o poder.
As esquerdas acolheram os "sertanejos" e o "funk" apadrinhados pela Rede Globo, e a campanha do "mensalão" quase derrubou o governo Lula, no triênio 2005-2007.
As esquerdas se aliaram ao "baile funk" armado em Copacabana, em 2016, e isso soou como um acalanto para os opositores que abriram o impeachment contra Dilma Rousseff.
Agora, com o próprio ex-presidente Lula cauteloso com sua própria saída da prisão, através de um regime semiaberto que mais parece uma armadilha tramada pela Operação Lava Jato, as esquerdas pecam pelo excesso de otimismo.
Jair Bolsonaro continua no poder, seu filho Flávio arrumou, com Gilmar Mendes, o "engavetamento" do caso Fabrício Queiroz no Supremo Tribunal Federal, mesmo quando suas investigações pudessem revelar mais coisas sobre o poder dos milicianos e a ligação deles com os Bolsonaros.
E isso quando imaginávamos que Gilmar Mendes estaria a poucos passos de gritar "Lula Livre".
Hoje será a continuação da votação, no STF, sobre a questão da tese que pode anular sentenças decididas pela Operação Lava Jato.
Há rumores de uma manobra que possa tirar Lula das anulações criminais.
A questão do Lula está delicada e os esquerdistas brincando de "fraternidade" com breganejos, funqueiros, "médiuns espíritas", popozudas etc, sob a desculpa de promover a "paz para todos".
Evidentemente que vamos combater o ódio. Mas daí a considerar os bolsomínions socialistas em potencial é um exagero.
Em nome da tolerância, da união e da paz, as esquerdas ingenuamente abrem suas casas para os usurpadores que vão logo se adentrando. Acolhem referenciais culturais associados à mídia venal e aos interesses das elites retrógradas ou semi-retrógradas (como os tucanos).
As esquerdas tomam cautela demais com outros forasteiros, menos afoitos, porque estes mais parecem conselheiros do que bajuladores.
A bajulação é um espetáculo, a lisonja agrada sempre, o usurpador conquista as esquerdas lhe pagando o rodízio de cerveja do próximo fim de semana.
O conselheiro "de fora", não. Ele é um aliado discreto, talvez um direitista arrependido, que surge como um observador crítico e realista, e não como um neoliberal carnavalesco.
O neoliberal carnavalesco conquista fácil as esquerdas. O intelectual "bacana" que falava da "pobreza linda", de "como é maravilhoso pobre ter subemprego, praticar a prostituição e trocar o feijão com arroz pela maconha" passa a ser até um "queridinho" por uma parcela das esquerdas.
Sim, é até saudável combater o ódio, e isso é recomendável, não tem a menor dúvida.
Mas temos que tomar cuidado com o discurso anti-polarização, porque até nele existem oportunistas muito perigosos.
Corremos o risco de rejeitar os amigos conselheiros vindos de fora, mas que nos apoiariam em situações difíceis, em nome do usurpador efusivo que paga um chopinho para os esquerdistas.
E aí vemos os esquerdistas otimistas demais com o Lula Livre. Acham que será sopa no mel, o bolsonarismo vai ser extinto pelos "médiuns espíritas".
As esquerdas sonharão com isso, enquanto evocam sucessos de "sertanejos" coronelistas, acreditando que eles trarão a Reforma Agrária cantando "Ave Maria" de Gounod.
As esquerdas sonham em ver Tati Quebra-Barraco e o espírito do "médium de peruca" irem a Curitiba visitar Lula, com a funqueira abrindo a cela e o "médium" obsediando o carcereiro para abrir caminho para o Lula Livre.
Talvez o próximo informe de um sítio de mídia alternativa no YouTube venha a recomendar "Segura o Tchan" do É O Tchan como tema de novos tempos de "libertação e tolerância".
Até que o vento lhes arranque das mãos a faixa presidencial que as esquerdas guardaram acreditando que Lula vá assumir a Presidência da República dentro de duas semanas.
E aí veremos, daqui a quatro anos, a faixa presidencial parar na mão de Luciano Huck, para ele ou um candidato indicado por ele usar.
E aí, com essa mistureba "pelo fim do ódio e da intolerância" que mistura maconha, "médiuns espíritas", funqueiros, siliconadas e "sertanejos", o Brasil periga se tornar, isso sim, um grande "caldeirão". Mas sem Lula no cardápio.
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