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ESTIVE DOENTE ONTEM. MAS O BRASIL ESTÁ MAIS DOENTE


Por dois dias estive muito doente, por uma suposta intoxicação alimentar e por uma sinusite.

Não cheguei a ser internado, mas fui a um hospital em Niterói, com atendimento muito bom, duas vezes.

Ainda estou em convalescência, no momento em que escrevo esta postagem.

O Brasil é que anda mais doente. Florestas queimadas e oceano no Nordeste poluído com manchas de óleo.

Mas é clichê falar em tragédias ambientais, e temos que afirmar que eles se dão pela ganância de pessoas determinadas, como empresários e políticos conservadores.

Alguns latões de óleo encontrados apresentavam o crédito de Argina S3 30, um produto da Shell.

Evidentemente a Shell, que desmente a associação da Argina S3 30 com as manchas de óleo no Nordeste, está instalada há décadas no Brasil.

A empresa britânico-holandesa, uma das gigantes do setor, é hoje é uma das interessadas pelas reservas de pré-sal no país.

E estamos na proximidade de um mega-leilão, que trará uma mega-micharia para o Brasil.

Mas a sujeira moral também está por conta das brigas internas do Partido Social Liberal, PSL, incluindo a ameaça de expulsão do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro.

É claro que o semiólogo Wilson Roberto Vieira Ferreira, do Cinegnose, nos alerta dizendo que o espetáculo do ridículo de Bolsonaro e companhia, como no governo Michel Temer, anos atrás, são apenas jogos de cena.

Toda essa pantomima, que nas redes sociais rende até o uso, como fundo musical, do tema original do antigo programa Os Trapalhões, serve de pano de fundo para a realização de projetos neoliberais.

Enquanto há muita confusão, Paulo Guedes trabalha seu plano em prol do mercado financeiro e, também, das causas pessoais do "superministro", sócio de empresas de fundo de pensão e de bancos de investimentos.

Ele conseguiu uma conquista, ontem: a Reforma da Previdência, cujo texto principal foi finalmente aprovado em segundo turno no Senado. Só falta, agora, a votação dos destaques, mas está quase tudo pronto.

Na prática, a aposentadoria acabou. Teremos que juntar uma poupança desde cedo, não se sabe com que dinheiro, para termos uma velhice menos dolorosa.

Vai ser como no Chile de Pinochet, com velhinhos pedindo esmola nas ruas para pagar remédios e se sustentarem.

O Chile teve protestos violentos que causaram 15 mortes.

A gota d'água teria sido o aumento das passagens do metrô, em Santiago, capital chilena.

Os protestos foram duramente reprimidos, mas em certos casos, a polícia teve que recuar diante de um grupo de manifestantes só mulheres.

O incrível é que, comparado ao Brasil, o Chile tem índices econômicos melhores que os nossos, como os dados divulgados pelo UOL apresentam:

Salário mínimo: R$ 1.700 (Chile) / R$ 998 (Brasil) 
Renda média anual: US$ 25,2 mil (Chile) / US$ 15,7 mil (Brasil) 
Desemprego: 7,3% (Chile) / 12,2% (Brasil) 
Inflação: 2,4% (Chile) / 2,9% (Brasil) 
Expectativa de alta do PIB neste ano: 2,9% (Chile) / menos de 1% (Brasil)

Mas por que tantos protestos? É porque a desigualdade social aumentou, nas mãos de Sebastian Piñera, que implantou o projeto ultraliberal no nosso vizinho indireto.

Sebastian é irmão de José Piñera, parceiro de Paulo Guedes na implantação de medidas similares às da Reforma da Previdência aprovada no Brasil.

Semanas atrás houve também protestos no Equador contra o mesmo projeto ultraliberal.

Os protestos no Brasil existem, mas a quantidade é comparativamente menor e as manifestações, embora bem intencionadas, são pontuais.

O governo Bolsonaro só se manifestou decadente e continua em pé. Com menos defeitos, o governo Dilma Rousseff foi derrubado.

Cadê a patota verde-amarela "sem partido" para tirar o "mito" do poder?

Se consentem com o cenário político atual ou se escondem num envergonhado arrependimento.

E as esquerdas, onde elas estão na necessidade de reativarem os movimentos sociais?

Realmente o Brasil anda parecendo, apesar de pontuais manifestações, alguém mais enfraquecido do que eu estava quando fiquei doente por dois dias.

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