LULA AO LADO DE FAMOSOS E POLÍTICOS DE CENTRO-ESQUERDA EM ATO REALIZADO NO CIRCO VOADOR, EM 18 DE DEZEMBRO DE 2019.
De certa forma, é pertinente o ato realizado no Circo Voador, na Lapa, no Centro Sul do Rio de Janeiro, com a presença do ex-presidente Lula.
Lula manifestou sua indignação com o que o governo Jair Bolsonaro está fazendo com a cultura, comparando com o que a Alemanha nazista fez com o setor.
Entre outras coisas, manifestou solidariedade à veterana atriz Fernanda Montenegro.
"Fernanda Montenegro em 30 segundos, olhando para uma câmera, fez muito mais que o Bolsonaro em 30 anos para o Brasil", disse o ex-presidente, lembrando do fato de que a atriz foi xingada pelo atual secretário de cultura, Roberto Alvim, que a chamou de "sórdida" e "hipócrita".
Lembrando de vários outros episódios de Bolsonaro como acusar o ator Leonardo di Caprio de financiar ONGs acusadas de queimar a Amazônia, Lula lançou outra ironia: "Daqui a pouco vão dizer que eu sou filho do Leonardo di Caprio".
Lula também comentou que "cultura é vida e o governo (Bolsonaro) só prega a morte", entre outros manifestos contra as ações do Governo Federal contra o setor.
O evento teve a presença de políticos como a presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, da ex-presidenta Dilma Rousseff, do pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL) e do candidato derrotado à Presidência da República, Fernando Haddad.
Atores como Osmar Prado, Guta Stresser e Dira Paes e a filha da cantora Beth Carvalho, a também cantora Luana Carvalho, também estavam presentes, entre tantos outros famosos.
Sim, o discurso é correto, mas aqui cabe uma observação. Ele provém de um erro grave cometido pelas próprias esquerdas.
Elas deixaram o golpe político de 2016 ocorrer justamente porque se deixaram destruir pela cultura.
Acolheram intelectuais alienígenas - vindos da Folha de São Paulo ou blindados por ela, pela Rede Globo e pelo Grupo Abril - que defendiam paradigmas culturais de centro-direita.
A defesa da bregalização, do mito da "pobreza linda" e da "periferia legal", exercida sob a retórica do "combate ao preconceito" - uma falácia que apenas fez ampliar mercados do brega-popularesco para as classes de consumo A, B e C - , foi o pavio de pólvora que acendeu o golpismo.
Primeiro, porque as esquerdas, iludidas, passaram a apoiar supostas formas de expressão popular que tratavam o povo pobre de maneira caricatural.
Segundo, porque aceitou todo um discurso que tratava de maneira positiva situações que os pobres eram obrigados, a contragosto, a enfrentarem, como morar em favelas, trabalhar no comércio informal e, no caso das moças pobres, de trabalhar na prostituição.
Ao lado disso, havia o apoio hipócrita de uma parcela de intelectuais elitistas - a intelectualidade "bacana" - , falsamente esquerdistas e que se acham "mais povo que o povo", à mediocridade musical e comportamental dos brega-popularescos.
A coisa persistiu de tal forma que expôs preconceitos ocultos na intelectualidade "sem preconceitos" como, por exemplo, Ivana Bentes dizer que a bunda feminina "não é objeto, é sujeito".
E o que essa pasmaceira resultou? No contraponto que a direita intelectual representou como voz ativa que pregou a queda das esquerdas e a efetivação do golpe político a partir de abril de 2016.
Mesmo por acidente, a "santíssima trindade" da intelectualidade "bacana" - Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna, "canonizados" na Internet até a chegada do meu blogue Mingau de Aço - acabou gerando um "filho" incômodo: Rodrigo Constantino.
As pregações em prol de um Brasil brega, falando de um povo ao mesmo tempo idiotizado e "feliz", "provocando" as elites com seu "mau gosto", revelaram bobagens que as esquerdas aceitaram de maneira submissa, abrindo caminho para a réplica direitista.
E aí o privatista Rodrigo Constantino veio do nada falando mal da imbecilização cultural e puxando todo um rol de vozes direitistas que criticaram a complacência das esquerdas à bregalização.
Isso pegou as esquerdas de surpresa, e elas estavam corroborando até os paradigmas culturais que Sílvio Santos, uma das figuras mais conservadoras da TV brasileira, difundiu em seus programas.
Resultado. Sem debater os problemas culturais no Brasil, aceitando tudo que supostamente forjar vínculo com o povo pobre, as esquerdas viram o poder escapar de suas mãos.
As esquerdas encararam o "terremoto" das questões culturais como direitos autorais - incluindo uma palhaçada chamada copyleft - , o Procure Saber, das biografias autorizadas ou não, e das verbas da Lei Rouanet.
Tanto blablablá "contra o preconceito" só resultou em verbas estatais para nomes como o inexpressivo Tchakabum e para a abastada Cláudia Leitte, que já tinha verbas privadas para financiar sua carreira.
Tanto "coxismo" do pseudo-esquerdista "filho da Folha" Pedro Alexandre Sanches contra a "rainha" Ana de Hollanda e o "coronel da Fazenda Modelo" Chico Buarque resultou na decadência do Ministério da Cultura, hoje rebaixado a uma débil "secretaria especial".
As esquerdas esqueceram que a intelectualidade pró-brega - que no fundo acha que nomes como Chico Buarque e Fernanda Montenegro simbolizam um suposto elitismo cultural - , tão proclamada "sem preconceitos", é uma das mais preconceituosas do país.
Dessa intelectualidade, prevalece a visão de que o pobre tem que ser idiotizado, sim, através da chamada cultura popularesca, marcada pela mediocridade e pela resignação com a inferioridade social dos pobres.
Dessa visão popularesca, não é exceção à regra o "funk", porque seu discurso "diferenciado" não é mais do que a reedição do discurso que Cabo Anselmo fez nos anos 1960.
Não dá, observando a qualidade musical e artística, colocar o "funk" no mesmo nível de, por exemplo, o mangue beat pernambucano.
É cruel dizer isso, mas é realista: a única forma do DJ Marlboro se equiparar a Chico Science seria morrendo em um acidente automobilístico.
A decadência cultural se confirmou quando vimos que a maioria dos ídolos popularescos foi apoiar Aécio Neves e Jair Bolsonaro.
Enquanto isso, nomes como o roqueiro Lobão e o ex-ator Alexandre Frota (durante muito tempo um propagandista do "funk") passaram a apoiar o direitismo político.
Lobão foi, durante um bom tempo, discípulo e propagandista de Olavo de Carvalho, que ganhou visibilidade nas mãos do compositor de "Me Chama".
Só que os outrora bolsonaristas Lobão e Alexandre Frota tiveram coragem de romper com a causa defendida, e, mesmo continuando direitistas, passaram a ter mais fibra que muito esquerdista "paz e bem" que ainda reza em favor do tal "médium de peruca" de direita.
E as esquerdas, que em plena abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, haviam mordido a isca com a embocada do "baile funk" em Copacabana, forjada pelo empresário-DJ Rômulo Costa?
Dono da Furacão 2000, Rômulo Costa é amigo de Luciano Huck (o DJ lhe deu o título de "embaixador do funk no Brasil"), e está ligado a políticos golpistas cariocas. Até sua esposa é filiada do golpista PSD.
As esquerdas se esqueceram que aquele "baile funk" que julgavam "histórico para as forças progressistas" era, na verdade, uma "festa no galinheiro" comandada pela raposa.
E isso quando a Liga do Funk, de Bruno Ramos (cuja retórica se assemelha ainda mais a Cabo Anselmo, pelo caráter "zangado" e pelo texto "desafiador"), participou de um evento de protesto contra a TV Globo paulista, para, três meses depois, gravar quadro para o Fantástico.
Em muitos casos, o acolhimento das esquerdas ao culturalismo conservador de centro-direita mostra que ninguém aprendeu as lições com Cabo Anselmo nos anos 1960, ele um infiltrado que durante anos foi um "bom esquerdista", até entregar seus aliados à repressão, tortura e morte.
Vários Cabos Anselmos vieram no "bonde da bregalização" movido pela intelectualidade "bacana", que, com uma articulação aos níveis do IPES-IBAD, obrigou as esquerdas a apoiarem a "cultura da periferia legal" e o mito da "pobreza linda".
Resultado. O povo pobre foi "brincar" de ativismo com o entretenimento popularesco e esvaziou as mobilizações sociais, que foram substituídas pelas marchas reacionárias das "primaveras" direitistas.
As esquerdas apoiaram a intelectualidade "bacana" vinda dos porões da mídia venal e, simplesmente, viram a cultura escapar de suas mãos.
Agora elas choram pelo leite que foi derramado antes. E não foi o leite derramado do suposto coronel da Fazenda Modelo, mas de um aluno-modelo de Otávio Frias Filho chamado Pedro.
De certa forma, é pertinente o ato realizado no Circo Voador, na Lapa, no Centro Sul do Rio de Janeiro, com a presença do ex-presidente Lula.
Lula manifestou sua indignação com o que o governo Jair Bolsonaro está fazendo com a cultura, comparando com o que a Alemanha nazista fez com o setor.
Entre outras coisas, manifestou solidariedade à veterana atriz Fernanda Montenegro.
"Fernanda Montenegro em 30 segundos, olhando para uma câmera, fez muito mais que o Bolsonaro em 30 anos para o Brasil", disse o ex-presidente, lembrando do fato de que a atriz foi xingada pelo atual secretário de cultura, Roberto Alvim, que a chamou de "sórdida" e "hipócrita".
Lembrando de vários outros episódios de Bolsonaro como acusar o ator Leonardo di Caprio de financiar ONGs acusadas de queimar a Amazônia, Lula lançou outra ironia: "Daqui a pouco vão dizer que eu sou filho do Leonardo di Caprio".
Lula também comentou que "cultura é vida e o governo (Bolsonaro) só prega a morte", entre outros manifestos contra as ações do Governo Federal contra o setor.
O evento teve a presença de políticos como a presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, da ex-presidenta Dilma Rousseff, do pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL) e do candidato derrotado à Presidência da República, Fernando Haddad.
Atores como Osmar Prado, Guta Stresser e Dira Paes e a filha da cantora Beth Carvalho, a também cantora Luana Carvalho, também estavam presentes, entre tantos outros famosos.
Sim, o discurso é correto, mas aqui cabe uma observação. Ele provém de um erro grave cometido pelas próprias esquerdas.
Elas deixaram o golpe político de 2016 ocorrer justamente porque se deixaram destruir pela cultura.
Acolheram intelectuais alienígenas - vindos da Folha de São Paulo ou blindados por ela, pela Rede Globo e pelo Grupo Abril - que defendiam paradigmas culturais de centro-direita.
A defesa da bregalização, do mito da "pobreza linda" e da "periferia legal", exercida sob a retórica do "combate ao preconceito" - uma falácia que apenas fez ampliar mercados do brega-popularesco para as classes de consumo A, B e C - , foi o pavio de pólvora que acendeu o golpismo.
Primeiro, porque as esquerdas, iludidas, passaram a apoiar supostas formas de expressão popular que tratavam o povo pobre de maneira caricatural.
Segundo, porque aceitou todo um discurso que tratava de maneira positiva situações que os pobres eram obrigados, a contragosto, a enfrentarem, como morar em favelas, trabalhar no comércio informal e, no caso das moças pobres, de trabalhar na prostituição.
Ao lado disso, havia o apoio hipócrita de uma parcela de intelectuais elitistas - a intelectualidade "bacana" - , falsamente esquerdistas e que se acham "mais povo que o povo", à mediocridade musical e comportamental dos brega-popularescos.
A coisa persistiu de tal forma que expôs preconceitos ocultos na intelectualidade "sem preconceitos" como, por exemplo, Ivana Bentes dizer que a bunda feminina "não é objeto, é sujeito".
E o que essa pasmaceira resultou? No contraponto que a direita intelectual representou como voz ativa que pregou a queda das esquerdas e a efetivação do golpe político a partir de abril de 2016.
Mesmo por acidente, a "santíssima trindade" da intelectualidade "bacana" - Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna, "canonizados" na Internet até a chegada do meu blogue Mingau de Aço - acabou gerando um "filho" incômodo: Rodrigo Constantino.
As pregações em prol de um Brasil brega, falando de um povo ao mesmo tempo idiotizado e "feliz", "provocando" as elites com seu "mau gosto", revelaram bobagens que as esquerdas aceitaram de maneira submissa, abrindo caminho para a réplica direitista.
E aí o privatista Rodrigo Constantino veio do nada falando mal da imbecilização cultural e puxando todo um rol de vozes direitistas que criticaram a complacência das esquerdas à bregalização.
Isso pegou as esquerdas de surpresa, e elas estavam corroborando até os paradigmas culturais que Sílvio Santos, uma das figuras mais conservadoras da TV brasileira, difundiu em seus programas.
Resultado. Sem debater os problemas culturais no Brasil, aceitando tudo que supostamente forjar vínculo com o povo pobre, as esquerdas viram o poder escapar de suas mãos.
As esquerdas encararam o "terremoto" das questões culturais como direitos autorais - incluindo uma palhaçada chamada copyleft - , o Procure Saber, das biografias autorizadas ou não, e das verbas da Lei Rouanet.
Tanto blablablá "contra o preconceito" só resultou em verbas estatais para nomes como o inexpressivo Tchakabum e para a abastada Cláudia Leitte, que já tinha verbas privadas para financiar sua carreira.
Tanto "coxismo" do pseudo-esquerdista "filho da Folha" Pedro Alexandre Sanches contra a "rainha" Ana de Hollanda e o "coronel da Fazenda Modelo" Chico Buarque resultou na decadência do Ministério da Cultura, hoje rebaixado a uma débil "secretaria especial".
As esquerdas esqueceram que a intelectualidade pró-brega - que no fundo acha que nomes como Chico Buarque e Fernanda Montenegro simbolizam um suposto elitismo cultural - , tão proclamada "sem preconceitos", é uma das mais preconceituosas do país.
Dessa intelectualidade, prevalece a visão de que o pobre tem que ser idiotizado, sim, através da chamada cultura popularesca, marcada pela mediocridade e pela resignação com a inferioridade social dos pobres.
Dessa visão popularesca, não é exceção à regra o "funk", porque seu discurso "diferenciado" não é mais do que a reedição do discurso que Cabo Anselmo fez nos anos 1960.
Não dá, observando a qualidade musical e artística, colocar o "funk" no mesmo nível de, por exemplo, o mangue beat pernambucano.
É cruel dizer isso, mas é realista: a única forma do DJ Marlboro se equiparar a Chico Science seria morrendo em um acidente automobilístico.
A decadência cultural se confirmou quando vimos que a maioria dos ídolos popularescos foi apoiar Aécio Neves e Jair Bolsonaro.
Enquanto isso, nomes como o roqueiro Lobão e o ex-ator Alexandre Frota (durante muito tempo um propagandista do "funk") passaram a apoiar o direitismo político.
Lobão foi, durante um bom tempo, discípulo e propagandista de Olavo de Carvalho, que ganhou visibilidade nas mãos do compositor de "Me Chama".
Só que os outrora bolsonaristas Lobão e Alexandre Frota tiveram coragem de romper com a causa defendida, e, mesmo continuando direitistas, passaram a ter mais fibra que muito esquerdista "paz e bem" que ainda reza em favor do tal "médium de peruca" de direita.
E as esquerdas, que em plena abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, haviam mordido a isca com a embocada do "baile funk" em Copacabana, forjada pelo empresário-DJ Rômulo Costa?
Dono da Furacão 2000, Rômulo Costa é amigo de Luciano Huck (o DJ lhe deu o título de "embaixador do funk no Brasil"), e está ligado a políticos golpistas cariocas. Até sua esposa é filiada do golpista PSD.
As esquerdas se esqueceram que aquele "baile funk" que julgavam "histórico para as forças progressistas" era, na verdade, uma "festa no galinheiro" comandada pela raposa.
E isso quando a Liga do Funk, de Bruno Ramos (cuja retórica se assemelha ainda mais a Cabo Anselmo, pelo caráter "zangado" e pelo texto "desafiador"), participou de um evento de protesto contra a TV Globo paulista, para, três meses depois, gravar quadro para o Fantástico.
Em muitos casos, o acolhimento das esquerdas ao culturalismo conservador de centro-direita mostra que ninguém aprendeu as lições com Cabo Anselmo nos anos 1960, ele um infiltrado que durante anos foi um "bom esquerdista", até entregar seus aliados à repressão, tortura e morte.
Vários Cabos Anselmos vieram no "bonde da bregalização" movido pela intelectualidade "bacana", que, com uma articulação aos níveis do IPES-IBAD, obrigou as esquerdas a apoiarem a "cultura da periferia legal" e o mito da "pobreza linda".
Resultado. O povo pobre foi "brincar" de ativismo com o entretenimento popularesco e esvaziou as mobilizações sociais, que foram substituídas pelas marchas reacionárias das "primaveras" direitistas.
As esquerdas apoiaram a intelectualidade "bacana" vinda dos porões da mídia venal e, simplesmente, viram a cultura escapar de suas mãos.
Agora elas choram pelo leite que foi derramado antes. E não foi o leite derramado do suposto coronel da Fazenda Modelo, mas de um aluno-modelo de Otávio Frias Filho chamado Pedro.
Comentários
Postar um comentário