Eu estava pesquisando matéria para o Ensaios Patrimoniais sobre as obras na Praça Castro Alves, em Salvador.
Nessas obras foi encontrada uma estrutura que possivelmente seria de um chafariz localizado defronte ao antigo Teatro São João, mas possivelmente anterior a este prédio.
Sabe-se que o Teatro São João foi destruído por um incêndio em 1923. O pessoal não informa é a data dessa ocorrência, que foi em 06 de junho. Tive uma trabalheira para pesquisar a data do incêndio, que adiou para um mês a inauguração do atual monumento ao poeta Castro Alves.
É uma grande omissão histórica. E as pessoas se contentam com informações vagas. Não que eventualmente eu também seja vago em certos dados, mas ignorar a data do incêndio no Teatro São João é inaceitável.
Teve gente pensando que o desastre aconteceu "meses antes" da inauguração do monumento, inferindo que teria sido em janeiro.
Só que, pesquisando essas fontes, deparei com uma página com esse título: "Arqueologia 'na cagada' reacende discussão sobre patrimônio em Salvador".
Trata-se justamente de uma matéria do portal da Rádio Metrópole, uma das rádios mais tendenciosas e canastronas da Bahia, de propriedade do astro-rei da emissora, Mário Kertèsz, famoso pelo seu "culto à personalidade" na própria emissora.
A matéria é de James Martins, mas o título segue o estado de espírito de Kertèsz.
"Na cagada"? Sinceramente, é um termo grosseiro. E parece ser mais uma alfinetada aos trabalhos de escavação que ocorrem na famosa praça no Centro Histórico de Salvador.
Mas isso condiz à rádio, e me lembro quando Mário Kertèsz escreveu, para a revista Metrópole, uma "crônica" sobre sua viagem a Auschwitz, na Alemanha, onde judeus foram presos e mortos pela repressão nazista.
Kertèsz descende de judeus, mas isso não tem a menor importância para nossa abordagem. Sendo ou não sendo de tal postura, o que sabemos é que ele nunca passou de um político brincando de ser jornalista.
O texto de Kertèsz, muito mal escrito por sinal, usava um termo "deu um soco na barriga" quando ele descreveu o local que visitava.
Um termo grotesco, que mais parece escrito num botequim do que numa redação jornalística.
Kertèsz é também um oportunista, pois ele sempre foi um sujeito ultraconservador, dos níveis que se conhece na mídia venal, mas ele de vez em quando se fantasia de pseudo-esquerdista.
Ele tentou criar protagonismo alguns anos atrás entrevistando o ex-presidente Lula. A mídia de esquerda caiu na pegadinha e pensou que a Metrópole era um veículo da mídia alternativa de esquerda.
Não, não é. Mário Kertèsz é um barão da mídia como os Frias, Marinho, Saad, Civita e Mesquita, mais Edir Macedo e Sílvio Santos, são e sempre foram.
Só que Kertész é um arrivista, um aventureiro midiático, que de vez em quando se autopromove com movimentos sociais e figuras de esquerda. Se bem que sua Rádio Metrópole retransmite o programa radiofônico de Alexandre Garcia.
A Rádio Metrópole é irresponsavelmente sensacionalista, com Kertèsz despejando comentários ofensivos contra desafetos e fazendo bajulações a membros da aristocracia baiana e políticos oligárquicos do interior.
A emissora chegou a ser condenada a ficar 24 horas fora do ar porque Kertèsz andou fazendo uma campanha ofensiva contra uma personalidade baiana no interior.
O tom da irresponsabilidade desse jornalismo "na cagada" criou um factoide.
Sem averiguar mensagens transmitidas nas redes sociais, a Rádio Metrópole plantou a notícia de uma suposta invasão militar na Universidade Federal da Bahia.
Que invasões militares possam ocorrer, em tempos de bolsonarismo, isso é verdade, mas não foi o caso da situação que foi noticiada.
Na verdade, descobriu-se que os militares estavam na UFBA para observar as instalações para uma prova de concurso para uma instituição militar.
Segundo o jargão jornalístico, isso não passou de uma "barriga", que é quando se forja notícia a partir de um rumor que não é devidamente apurado.
O mais irônico é que o desmentido eu li na página do Correio da Bahia, dos herdeiros de Antônio Carlos Magalhães, de uma Rede Bahia que é considerada "vidraça" no Estado.
Parte das elites baianas - inclusive muita gente "bacana" e pseudo-progressista - , no entanto, prefere rasgar elogios ao bonapartismo midiático de Mário Kertèsz.
Também me lembro de, certa vez, um comentarista da Rádio Metrópole ter feito um comentário um tanto depreciativo da jornalista Ilze Scamparini, da Rede Globo. Não me lembro de tais comentários, mas tinham a ver com a aparência dela, que desagrada muitos.
O engraçado é que o sujeito, que comentava, na verdade, a intenção do Vaticano de lançar o sucessor do papa João Paulo II, que já estava muito doente.
O comentarista começou comentando com um tom daqueles intelectuais de faculdade, mas depois falava da Rede Globo como se fosse um comentarista reacionário da Rede Record dos tempos bolsonaristas.
Já recebi conselhos de entrevistadores para trabalhar na Rádio Metrópole, dizendo que Kertèsz "adoraria formandos da UFBA" ou coisa parecida.
Não dei respostas nessas ocasiões - foram duas vezes - , mas simplesmente a minha resposta é não.
Eu não posso vender visibilidade, feito uma prostituta vendendo seu corpo. Prefiro manter meus princípios do que ser astro principal de uma rádio tendenciosa e incompetente.
Sem falar que a Rádio Metrópole nasceu de um desvio de verbas públicas, quando seu dono e astro principal era prefeito da capital baiana.
Várias obras muitíssimo importantes foram paralisadas na época. Meu ex-professor Fernando Conceição, na sua brilhante colaboração no jornalismo investigativo, fez cobertura do esquema de corrupção que fez Kertèsz "lavar" dinheiro sujo comprando ações na mídia baiana.
Kertèsz também é responsável por executar, a mando de ACM (de quem era antigo aliado), a derrubada do importante jornal progressista baiano, o Jornal da Bahia.
Como interventor, Kertèsz primeiro empastelou o Jornal da Bahia, transformando-o num tabloide policialesco da pior espécie, e só para bancar o bonzinho finalizou a trajetória do jornal transformando-o num clone da Tribuna da Bahia.
Kertèsz tenta vender a falsa imagem do "herói jornalístico" da Bahia. Engana a todos com a falsa imagem de "mídia independente". E tenta ser o "dono das esquerdas" baianas, apesar de seus eventuais surtos em que seu direitismo explícito se manifesta.
Daí que eu havia apelidado Kertèsz de "Dr. Jekyll & Mr. Kertèsz". Num momento, é o pretenso progressista, "solidário" aos movimentos sociais. De outro, é o reaça incurável e rabugento.
Essa dualidade faz sentido num sujeito que, como locutor, alterna momentos de um dicção forçadamente elegante, à maneira de um radialista, e de um grosseiro gerente de botequim de quinta categoria.
A canastrice de Mário Kertész tem limites. Ele não pode se autocreditar como "redator-chefe" de seus programas. Ele tem que se contentar com o crédito de "diretor-geral", senão leva pau do Sindicato dos Jornalistas que, por sorte, é complacente com o astro-rei da Metrópole.
E aí vemos o jornalismo "na cagada" que se pratica nessa rádio vergonhosa que deveria migrar urgentemente para o decadente Sul e Sudeste.
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