O casamento que deu o que falar, da cantora Preta Gil, filha do compositor e cantor Gilberto Gil, e de Rodrigo Godoy, preparador físico, mostra a que ponto chegou a mídia de celebridades e todo um esquema envolvendo o "ecumenismo" cultural que envolve medalhões emepebistas, brega-popularescos pretensiosos, autoridades solidárias e intelectuais "bacanas".
O casamento chamou a atenção logo pela pompa excessiva, e pelo grande congestionamento que se deu na altura do bairro de Santa Tesesa, que fez muitos passageiros impacientes saltarem dos ônibus e andarem alguns metros. No histórico bairro carioca, uma mansão foi escolhida como local do casório.
Sem fazer muito sucesso na carreira de cantora, Preta Gil - cujo disco recente soa como uma clone carioca da Cláudia Leitte (gonçalense radicada em Salvador), que já é uma clone de Ivete Sangalo - procura chamar a atenção através de eventos como esse, um prato cheio para as revistas de colunismo social que se tornaram não apenas pop, mas até mesmo bregas.
Ídolos popularescos e sub-celebridades estavam em parte ali. O casamento teve ampla cobertura na imprensa escrita e digital do show business enquanto a violência era o único acontecimento possível nas áreas mais sombrias do bairro, enquanto que os cidadãos de classe média comuns pouco estão ligando para uma festa para a qual não seriam convidados.
Evidentemente, o evento tornou-se alvo de críticas pela ostentação e luxo que inspira nos repórteres uma espécie de sensacionalismo granfino. Na falta de um casamento real, o mainstream de famosos brasileiros que aparecem na revista Caras é compensador, para um público que aprecia esse universo.
Preta Gil é conhecida por articular gerações de emepebistas contemporâneos e brega-popularescos ambiciosos em alguma "guinada na carreira", estando a um passo da MPB de mentirinha. Ela consistia numa ativista menos badalada pela bregalização cultural do país, sob o pretexto de ser um "tropicalismo de resultados" a trocar o folclore brasileiro pela "cultura de massa transbrasileira".
O casamento, como fenômeno de mídia, poderia ser a consagração da "cultura de massa" que nos empurra, sob o rótulo de "pós-tropicalistas", nomes como Thiaguinho, Mumuzinho, Trio Ternura e Anitta. Só que, do jeito que se desgasta esse setor do entretenimento, o casamento de Preta Gil mais parece o canto de cisne do "tropicalismo de resultados" que hoje deixa qualquer um com tédio.
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