APESAR DE PAULISTA, MC GUIMÊ APROVEITA A RETOMADA DA BLINDAGEM INTELECTUAL PARA PEDIR VERBAS PÚBLICAS PARA SUAS APRESENTAÇÕES.
Diz muita coisa a demora com que a intelectualidade "bacana" em comentar a morte da dançarina da Gaiola das Popozudas, Amanda Bueno, ocorrida há quase um mês. O tendenciosismo da blindagem intelectual em prol do "funk" tem dessas coisas insólitas.
Depois de um tempo adormecida, a blindagem voltou em pleno vapor. De repente, uma jornalista disse que foi o "machismo" e o "preconceito" que mataram Amanda. Outra disse que o caso de MC Melody é "ótimo" porque estimula o "debate público". E vem ainda um jornalista dizer que "todos os MCs do funk carioca" passaram a definir o "novo Rio de Janeiro".
Por que essa choradeira, que havia secado mais do que a represa da Cantareira na crise hídrica, voltou a desaguar com a intensidade de uma chuva torrencial, sempre com aquele mesmo papo de que o "funk" é "vítima de preconceito", aquele coitadismo que ninguém aguenta mais?
De repente, veio uma jornalista lunática choramingando a morte da dançarina funqueira, acusando aqueles que rejeitam o "funk" de expressarem uma visão "eurocêntrica e colonizada" que impõe o chamado "bom gosto" para combater a "cultura das periferias".
Essa jornalista não deve conhecer o Brasil. Pagou mico igual a uma outra que disse que Mr. Catra seguia "invisível às corporações midiáticas" mesmo depois dele ter aparecido "trocentas" vezes no Caldeirão do Huck, comandado pelo insuspeito Luciano Huck, amigo de Aécio Neves a ponto de ser seu fonoaudiólogo pessoal (não notaram que Aécio fala do mesmo jeito que o marido de Angélica?).
Fazer o quê? Infelizmente temos uma intelectualidade imbecilizada, narcisista, mercadológica, midiatizada, que bloqueia, já nas primeiras inscrições para Mestrado e Especialização, futuros questionadores do establishment midiático. Triste saber que muitos antropólogos cheios de diplomas e títulos pensam que favelados só ouvem hip hop e "funk".
É um pessoal que pensa que pensa, que "provoca" sem provocar, "faz refletir" sem fazer refletir, "debate" sem debater, que faz proselitismo barato disfarçado de etnografia. E, para eles, dane-se o patrimônio cultural brasileiro, o que vale é o "funk" e que os funqueiros fiquem rebolando sobre os escombros da MPB porque o "funk" é que é a "nova cultura brasileira".
Isso tem um motivo. O Rio de Janeiro está preparando as festas para as Olimpíadas de 2016 e logo vemos o "novo Rio de Janeiro" que um decepcionante Alexandre Matias escreveu: um "Rio de Janeiro" plastificado, de ônibus com pintura padronizada, "rádios rock" debiloides (tipo Rádio Cidade) e "funk carioca" sepultando o "velho e cansado" samba.
É um Rio de Janeiro para turista ver e, talvez, receber alguma piada jocosa do Jimmy Fallon. Um Rio de Janeiro que parece ser "futurista", mas é antiquado - o trogloditismo funqueiro, o coronelismo do sistema de ônibus, o ideal "colorido" enrustido da Rádio Cidade (mais "emo" do que nunca, por mais que seus seguidores não admitam) - e cheira muito a República Velha, latifúndio urbano etc.
No caso do "funk", a blindagem voltou de tal forma - depois dizem que os empresários de "funk" são "pobres de marré de si" - que MC Guimê se animou e resolveu arrancar uma grana das verbas públicas se beneficiando da Lei Rouanet.
Apesar de paulista - ele é de Osasco e ícone do "funk ostentação" - , MC Guimê, que ganha por cada apresentação, cem vezes mais que um servidor público, num montante de R$ 300 mil, ainda vai ganhar R$ 516 mil pela Lei do Incentivo, a Lei Rouanet. E isso para a gravação de um DVD.
MC Guimê, que apunhalou a mídia esquerdista pelas costas ao aparecer como capa de uma edição da revista Veja - que esculhamba operários, camponeses, estudantes, indígenas, mas é gentil com os funqueiros - , havia gravado um sucesso chamado "o país do futebol".
Embora 2016 seja o ano da Olimpíada, o Rio de Janeiro quer usar o ufanismo futebolístico para promover sua cidade de plástico, suas paisagens de consumo, seus (terríveis) ônibus padronizados, sua "rádio rock" ridícula e os funqueiros querendo jogar uma pá-de-cal na antiga tradição bossanovista carioca.
Diz muita coisa a demora com que a intelectualidade "bacana" em comentar a morte da dançarina da Gaiola das Popozudas, Amanda Bueno, ocorrida há quase um mês. O tendenciosismo da blindagem intelectual em prol do "funk" tem dessas coisas insólitas.
Depois de um tempo adormecida, a blindagem voltou em pleno vapor. De repente, uma jornalista disse que foi o "machismo" e o "preconceito" que mataram Amanda. Outra disse que o caso de MC Melody é "ótimo" porque estimula o "debate público". E vem ainda um jornalista dizer que "todos os MCs do funk carioca" passaram a definir o "novo Rio de Janeiro".
Por que essa choradeira, que havia secado mais do que a represa da Cantareira na crise hídrica, voltou a desaguar com a intensidade de uma chuva torrencial, sempre com aquele mesmo papo de que o "funk" é "vítima de preconceito", aquele coitadismo que ninguém aguenta mais?
De repente, veio uma jornalista lunática choramingando a morte da dançarina funqueira, acusando aqueles que rejeitam o "funk" de expressarem uma visão "eurocêntrica e colonizada" que impõe o chamado "bom gosto" para combater a "cultura das periferias".
Essa jornalista não deve conhecer o Brasil. Pagou mico igual a uma outra que disse que Mr. Catra seguia "invisível às corporações midiáticas" mesmo depois dele ter aparecido "trocentas" vezes no Caldeirão do Huck, comandado pelo insuspeito Luciano Huck, amigo de Aécio Neves a ponto de ser seu fonoaudiólogo pessoal (não notaram que Aécio fala do mesmo jeito que o marido de Angélica?).
Fazer o quê? Infelizmente temos uma intelectualidade imbecilizada, narcisista, mercadológica, midiatizada, que bloqueia, já nas primeiras inscrições para Mestrado e Especialização, futuros questionadores do establishment midiático. Triste saber que muitos antropólogos cheios de diplomas e títulos pensam que favelados só ouvem hip hop e "funk".
É um pessoal que pensa que pensa, que "provoca" sem provocar, "faz refletir" sem fazer refletir, "debate" sem debater, que faz proselitismo barato disfarçado de etnografia. E, para eles, dane-se o patrimônio cultural brasileiro, o que vale é o "funk" e que os funqueiros fiquem rebolando sobre os escombros da MPB porque o "funk" é que é a "nova cultura brasileira".
Isso tem um motivo. O Rio de Janeiro está preparando as festas para as Olimpíadas de 2016 e logo vemos o "novo Rio de Janeiro" que um decepcionante Alexandre Matias escreveu: um "Rio de Janeiro" plastificado, de ônibus com pintura padronizada, "rádios rock" debiloides (tipo Rádio Cidade) e "funk carioca" sepultando o "velho e cansado" samba.
É um Rio de Janeiro para turista ver e, talvez, receber alguma piada jocosa do Jimmy Fallon. Um Rio de Janeiro que parece ser "futurista", mas é antiquado - o trogloditismo funqueiro, o coronelismo do sistema de ônibus, o ideal "colorido" enrustido da Rádio Cidade (mais "emo" do que nunca, por mais que seus seguidores não admitam) - e cheira muito a República Velha, latifúndio urbano etc.
No caso do "funk", a blindagem voltou de tal forma - depois dizem que os empresários de "funk" são "pobres de marré de si" - que MC Guimê se animou e resolveu arrancar uma grana das verbas públicas se beneficiando da Lei Rouanet.
Apesar de paulista - ele é de Osasco e ícone do "funk ostentação" - , MC Guimê, que ganha por cada apresentação, cem vezes mais que um servidor público, num montante de R$ 300 mil, ainda vai ganhar R$ 516 mil pela Lei do Incentivo, a Lei Rouanet. E isso para a gravação de um DVD.
MC Guimê, que apunhalou a mídia esquerdista pelas costas ao aparecer como capa de uma edição da revista Veja - que esculhamba operários, camponeses, estudantes, indígenas, mas é gentil com os funqueiros - , havia gravado um sucesso chamado "o país do futebol".
Embora 2016 seja o ano da Olimpíada, o Rio de Janeiro quer usar o ufanismo futebolístico para promover sua cidade de plástico, suas paisagens de consumo, seus (terríveis) ônibus padronizados, sua "rádio rock" ridícula e os funqueiros querendo jogar uma pá-de-cal na antiga tradição bossanovista carioca.
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