ATÉ CARLOS LATUFF MANIFESTOU PESAR COM O FIM DA RÁDIO.
São os interesses comerciais, mas um tanto suicidas, do mercado radiofônico. O Grupo Bandeirantes de Comunicação, alegando "ampliar os investimentos" da Rádio Bandeirantes, decidiu tirar da Frequência Modulada a transmissão da Rádio Ipanema FM e colocar no ar uma das AMs que já faziam sua migração para o hoje problemático dial FM.
A Ipanema FM só permanecerá no ar até o dia 18 de maio. Depois disso, ela só irá operar pela Internet, com equipe reduzida e com um sinal que, transmitido por telefones celulares, não tem a mesma qualidade e firmeza de sinal da sintonia em FM. E nem precisa contorcer a cabeça para o sinal de uma web radio "sumir" do celular, basta uma ação do vento.
A Ipanema FM era a última das rádios pioneiras de rock que irradiaram nos anos 80 mostrando que rádio de rock não era só uma questão de vitrolão roqueiro, mas personalidade e linguagem próprias. Ela veio de uma geração de emissoras que incluiu a Fluminense FM (Niterói), 97 Rock (Porto Alegre) e Estação Primeira (FM), todas extintas.
A Fluminense FM havia sido extinta definitivamente ao ser adquirida pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação e se transformar na Band News Fluminense. A 97 Rock deu lugar a hoje apagada FM de pop dançante Energia 97. A Estação Primeira FM deu lugar à CBN Curitiba, sustentada por dirigentes esportivos e com fama de reacionária.
Curiosamente, a Ipanema FM sai do ar no dia da lembrança dos 35 anos da morte de Ian Curtis, vocalista do Joy Division, banda apresentada aos gaúchos pela emissora gaúcha. Será um luto em dose dupla, mesmo com a permanência da sintonia na Internet.
"AEMÃO" COM BAIXA AUDIÊNCIA
Do contrário que os interesses corporativistas que os colunistas de rádio expressam - aparentemente, eles vivem oscilantes entre os interesses dos donos de rádios e os de ouvintes, mas pendem mais para os primeiros, salvo exceções - , emissoras como a Rádio Bandeirantes e a Band News não conseguem ter êxito satisfatório de audiência.
A Rádio Bandeirantes - conhecida por "comunicadores" que só por portarem caneta e papel já se acham "jornalistas" e por jornadas esportivas bancadas por "cartolas" - teve problemas em São Paulo por conta do fenômeno "rádio que anda", entrando na capital através de uma concessão de FM em Santos, e também por seu espectro ameaçar a sintonia de outras emissoras dos 90,9 mhz paulistanos.
A emissora não consegue ir acima do 16º lugar das 30 FMs paulistanas e, com a atual crise do rádio FM, que nem mesmo os mais corporativistas colunistas de rádio conseguem esconder, deve estar em posições ainda piores.
Hoje as rádios tentam disfarçar a baixa audiência alugando sintonias em estabelecimentos comerciais - na Bahia, rádios como Salvador, Metrópole, Transamérica e Itapoan são exemplos típicos - , sendo uma espécie de jabaculê que, no Rio de Janeiro, dá indícios de prática por algumas FMs do gênero.
Há fortes indícios de que a Rádio Globo tenha comprado a sintonia de uma rede de farmácias do Grande Rio e de que a Band News Fluminense estivesse comprando a sintonia de taxistas, combinada por seu sindicato, e de várias bancas de jornais na mesma região metropolitana.
A Band News Fluminense chega aos dez anos este ano, ironicamente, nunca indo mais do que o que a Fluminense FM atraiu em audiência entre 1991 e 1994, considerado seu momento crítico. A diferença é que o suporte empresarial da Band News é mais influente e os dados de audiência podem ser mascarados, por ser a família Saad uma das mais ricas do país e detentora de uma rede de TV.
Hoje em dia, a programação "comunicativa" do "Aemão de FM" - programação de AM transmitida em FM - , antes sinônimo de altos índices de audiência, hoje sofre queda retumbante de audiência, por causa da Internet e dos canais de TV paga. Nem nos estádios de futebol a audiência das FMs que transmitem jogos chega a ser majoritária.
Daí o caráter suicida que essas emissoras têm quando tiram do ar outras que serviram de referência para a segmentação cultural hoje rara no dial FM. E o que restará de rádios de rock no dial FM de hoje? Arremedos de Jovem Pan FM com vitrolão roqueiro (ou quase isso)?
O fim da Ipanema FM sela, infelizmente, o fim de um segmento radiofônico hoje muito mal compreendido pelo mercado.
São os interesses comerciais, mas um tanto suicidas, do mercado radiofônico. O Grupo Bandeirantes de Comunicação, alegando "ampliar os investimentos" da Rádio Bandeirantes, decidiu tirar da Frequência Modulada a transmissão da Rádio Ipanema FM e colocar no ar uma das AMs que já faziam sua migração para o hoje problemático dial FM.
A Ipanema FM só permanecerá no ar até o dia 18 de maio. Depois disso, ela só irá operar pela Internet, com equipe reduzida e com um sinal que, transmitido por telefones celulares, não tem a mesma qualidade e firmeza de sinal da sintonia em FM. E nem precisa contorcer a cabeça para o sinal de uma web radio "sumir" do celular, basta uma ação do vento.
A Ipanema FM era a última das rádios pioneiras de rock que irradiaram nos anos 80 mostrando que rádio de rock não era só uma questão de vitrolão roqueiro, mas personalidade e linguagem próprias. Ela veio de uma geração de emissoras que incluiu a Fluminense FM (Niterói), 97 Rock (Porto Alegre) e Estação Primeira (FM), todas extintas.
A Fluminense FM havia sido extinta definitivamente ao ser adquirida pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação e se transformar na Band News Fluminense. A 97 Rock deu lugar a hoje apagada FM de pop dançante Energia 97. A Estação Primeira FM deu lugar à CBN Curitiba, sustentada por dirigentes esportivos e com fama de reacionária.
Curiosamente, a Ipanema FM sai do ar no dia da lembrança dos 35 anos da morte de Ian Curtis, vocalista do Joy Division, banda apresentada aos gaúchos pela emissora gaúcha. Será um luto em dose dupla, mesmo com a permanência da sintonia na Internet.
"AEMÃO" COM BAIXA AUDIÊNCIA
Do contrário que os interesses corporativistas que os colunistas de rádio expressam - aparentemente, eles vivem oscilantes entre os interesses dos donos de rádios e os de ouvintes, mas pendem mais para os primeiros, salvo exceções - , emissoras como a Rádio Bandeirantes e a Band News não conseguem ter êxito satisfatório de audiência.
A Rádio Bandeirantes - conhecida por "comunicadores" que só por portarem caneta e papel já se acham "jornalistas" e por jornadas esportivas bancadas por "cartolas" - teve problemas em São Paulo por conta do fenômeno "rádio que anda", entrando na capital através de uma concessão de FM em Santos, e também por seu espectro ameaçar a sintonia de outras emissoras dos 90,9 mhz paulistanos.
A emissora não consegue ir acima do 16º lugar das 30 FMs paulistanas e, com a atual crise do rádio FM, que nem mesmo os mais corporativistas colunistas de rádio conseguem esconder, deve estar em posições ainda piores.
Hoje as rádios tentam disfarçar a baixa audiência alugando sintonias em estabelecimentos comerciais - na Bahia, rádios como Salvador, Metrópole, Transamérica e Itapoan são exemplos típicos - , sendo uma espécie de jabaculê que, no Rio de Janeiro, dá indícios de prática por algumas FMs do gênero.
Há fortes indícios de que a Rádio Globo tenha comprado a sintonia de uma rede de farmácias do Grande Rio e de que a Band News Fluminense estivesse comprando a sintonia de taxistas, combinada por seu sindicato, e de várias bancas de jornais na mesma região metropolitana.
A Band News Fluminense chega aos dez anos este ano, ironicamente, nunca indo mais do que o que a Fluminense FM atraiu em audiência entre 1991 e 1994, considerado seu momento crítico. A diferença é que o suporte empresarial da Band News é mais influente e os dados de audiência podem ser mascarados, por ser a família Saad uma das mais ricas do país e detentora de uma rede de TV.
Hoje em dia, a programação "comunicativa" do "Aemão de FM" - programação de AM transmitida em FM - , antes sinônimo de altos índices de audiência, hoje sofre queda retumbante de audiência, por causa da Internet e dos canais de TV paga. Nem nos estádios de futebol a audiência das FMs que transmitem jogos chega a ser majoritária.
Daí o caráter suicida que essas emissoras têm quando tiram do ar outras que serviram de referência para a segmentação cultural hoje rara no dial FM. E o que restará de rádios de rock no dial FM de hoje? Arremedos de Jovem Pan FM com vitrolão roqueiro (ou quase isso)?
O fim da Ipanema FM sela, infelizmente, o fim de um segmento radiofônico hoje muito mal compreendido pelo mercado.
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