O reacionarismo na Internet voltou a atacar. A "galera" que se diz "tudo de bom", "nota déiz" e "show de bola", desta vez, partiu para ofensas racistas e ironias contra a adorável, bela e graciosa jornalista Cristiane Damacena, de Brasília.
Em seu perfil no Facebook, quando a simpática gata trocou de foto e pôs esta adorável imagem com um sorriso cativante e um vestido amarelo, registro de um momento descontraído da vida pessoal da garota, a turma que "odeia acordar cedo" para a realidade resolveu partir para a ignorância.
"KKKKKKKK Que linda macaca", "quem mandou a macaca sair do zoológico?" e "Quanta (sic) tá essa escrava?" são algumas das aberrantes grosserias que a "galera tudo de bom" despejou de forma deplorável contra a bela.
O reacionarismo digital existe e eu fui vítima de dois deles. Um, porque critiquei a gíria "balada" que, na verdade, é um jargão popularizado pelos ícones do reacionarismo midiático juvenil, Luciano Huck e Jovem Pan FM. Outro, porque critiquei a pintura padronizada nos ônibus que gerou até blogue de calúnias por parte de um conhecido valentão.
É a "patrulha do estabelecido". Gente que defende o que os donos do poder midiático, econômico, tecnocrático e político impõem e não tolera visões nem questionamentos. Em nome do "estabelecido", defendem de Zezé di Camargo a Jair Bolsonaro, da gíria "balada" à programação "roqueira" da Rádio Cidade (um de meus agressores se identificou como ouvinte dessa rádio). É uma espécie de AI-5 de lan house.
E aí vem essa "galera ixperta" humilhar uma garota dessas. Quem me dera se pudesse namorar a Cristiane Damacena, ela é admirável justamente porque nasceu negra e devemos reconhecer a diversidade de cores da pele. Ela tem traços muito belos e a foto em questão mostra o melhor de sua simpatia, beleza e descontração. Uma foto para compartilhar com amigos, e não com trogloditas.
É claro que a "patrulha do estabelecido" tem seus dias de caçador e, depois, de caça. Num primeiro instante, o mais encrenqueiro deles combina aos "colegas de rede" para despejar quase que ao mesmo tempo comentários ofensivos cheios de ironias e ameaças. O "chefe do bando" sai vitorioso, diante da humilhação feita, e na sua pequenez moral e intelectual comemora seu triunfo digital.
No segundo instante, porém, várias coisas acontecem e os "amigos" se envolvem em desentendimentos entre si de uma forma ou de outra. Há traições, intrigas, denúncias e tudo o mais e a "galera tudo de bom" passa a brigar entre si.
O mais encrenqueiro pode ser visado e, após comemorar a sua micro-tirania, pode receber desde a demissão no emprego até ameaças de morte de um desafeto pessoal. O valentão de hoje não raro atrai para si as piores consequências de seus atos impulsivos. Efeitos naturais de seus atos maléficos. É como diz o ditado, "cabeça quente, pé frio".
O encrenqueiro não fica a vida toda só brigando com indefesos ou pacíficos. Num primeiro instante, ele acha que pode derrotá-los e complica suas situações. Acha que pode selecionar amigos e inimigos com precisão cirúrgica. Mas, depois, ele é advertido pelos amigos a evitar abusos e, irritado, briga com eles.
Em seguida, seu gosto de briga vai adiante e discute com seus companheiros de bebedeira ou situações parecidas. Só que eles reagem com represálias e aí é que surge o inferno astral do valentão, que em certos casos pode receber ataques e humilhações piores do que os que ele "orquestrava" na Internet, para não dizer ser baleado em qualquer momento na rua.
A Polícia Civil investiga o caso e encaminhará o resultado ao Ministério Público, que apreciará o caso. Se o órgão acatar a denúncia apresentada, os agressores serão condenados por injúria racial. Se a humilhação demonstrar ter sido combinada pelo conjunto de internautas, eles poderão responder por formação de quadrilha.
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