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NO BRASIL, CELEBRA-SE O DIA DO NERD SEM ORGULHO


Dia do Orgulho Nerd? Que orgulho, se no Brasil o nerd é mais nerd e tão nerd que não pode mais ser conhecido como esse nome. Somos uma "tribo sem nome", porque os bullies roubaram o rótulo. Não bastasse ser solitário, humilhado, discriminado, o nerd não pode sequer ser definido como nerd.

Brasil, reduto do mascaramento ideológico, que faz com que pessoas retrógradas sempre arrumem algum rótulo "mais moderno" para impressionar os outros, fica difícil acreditar nessa "cultura nerd" que é transmitida pelo baronato midiático.

Claro, os barões da mídia fazem o que querem com o país, criando uma "realidade" que nada tem a ver com a realidade. Depois deles, são as "patrulhas do estabelecido" que existem nas mídias sociais, espécie de "Reinaldos Azevedos do amanhã" que espalham terror e caos nesses ambientes digitais.

Se hoje qualquer hobby vira pretexto para uma parcela de seus adeptos combinar peleguismo e corporativismo, pensando como se fossem grupos fechados para os quais o povo é "só um detalhe", causa medo quando a mídia e esses "cães de guarda" tentam apreciar a cultura nerd.

Isso porque tem valentão embarcando em todo tipo de causa nobre, só para impressionar. E, no caso dos nerds, há intrusos que arrumam a desculpa de que "não há regras para ser nerd" e, por isso, fazem o que bem entendem, ignorando que grupos sociais têm caraterísticas próprias, e, para o bem e para o mal, suas regras de convivência.

Rapazes que sempre espancaram nerds e até tiveram a "façanha" de jogar um deles, nos tempos de escola, dentro de uma lata de lixo bem fedorenta, agora estão no Campus Party se achando os "verdadeiros nerds", só porque sacam um pouco mais de Informática e passaram o fim de semana inteiro pesquisando títulos e personagens de HQ no Wikipedia.

É vergonhoso isso. Ver que os agressores dos nerds se tornaram agora os "donos" da cultura nerd e empurrar até os torneios de UFC para os pobres coitados apreciarem diante de desculpa X ou Y. Uma grande hipocrisia.

Ultimamente, vejo tanto pretensiosismo nas mídias sociais e focos de reacionarismo diversos, em que uma "panela" de "patrulheiros" defende barões da mídia, tecnocratas, empresários do entretenimento, "rádios rock" fajutas ou disparam comentários racistas e homofóbicos. Na melhor das hipóteses, investem em asneirol como o típico "não preciso raciocinar porque já nasci inteligente".

Já vi direitista fantasiado de esquerdista, machistas se dizendo feministas, pelegos criticando o peleguismo e outras barbaridades. E "panelas" de reaças combinando com seus pares para eles concordarem com qualquer comentário que ele puxar, como, por exemplo:

"Eu vou lá escrever que rádio de rock não deve ser feita por entendidos de rock. Uso a desculpa do gosto musical e bla bla blá. Aí você, parceiro A, espere um internauta publicar um comentário e escreva mensagem concordando comigo. Tente ser objetivo. Já você, parceiro B, espere duas ou três mensagens serem publicadas depois, para mandar a sua. Escreva mais curto, para variar. Aí, parceiro C, você pode mandar depois de B uma mensagem, escrevendo apenas 1Sim, é isso mesmo. Não é para gostar, é para trabalhar', e aí a gente forja um respaldo organizado ao meu ponto de vista, Ok?".

Sim, existe isso mesmo. O reaça vai, escreve uma coisa, e vai aquela "panelinha" de amigos concordando como se fossem diferentes pessoas escrevendo. Essa "concordância combinada" dos bullies ou similares para defender alguma coisa reaça se travestindo de algo "mais progressista" é muito comum.

Daí a turminha de valentões que diz que "não há regras para ser nerd". Teve idiota na mídia dizendo que ser nerd é ser fanático por futebol, o que é um absurdo, porque o futebol representa tudo que é contrário ao cotidiano de um nerd. Mas, para que discutir com reaça? Eles vivem na órbita dos seus umbigos.

Por isso, vendo como está o establishment do entretenimento e de outros âmbitos no Brasil, não há como celebrar o orgulho nerd com os nerds sendo discriminados. Não bastasse a humilhação que nós, nerds, temos na vida, ainda somos proibidos de usar esse nome, por causa de uma minoria de valentões oportunistas. Seria melhor chamarmos de Dia da Consciência Nerd.

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