A intragável e ultrapartidária Escola Sem Partido ganhou um adepto de grande valor... nas posses financeiras.
O ricaço João Dória Jr., candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo e líder nas pesquisas ligadas à grande mídia, sentiu simpatia pelo retrógrado projeto.
"Defendo o Escola Sem Partido. Nossos filhos não têm de ter educação política nas escolas. Uma criança de 6, 7 ou 8 anos não tem capacidade de decidir. Não pode ter política na escola".
Grande desconhecimento por parte do candidato, também um dos maiores empresários do país.
Ele entende que a Escola Sem Partido é um projeto "sem doutrinação política".
Grande engano: o projeto é de doutrinação política, só que para a direita.
E ele é ultrapartidarizado: sua "bandeira" é defendida por partidos como PSDB, DEM, PP, PSC e PRB.
A Escola Sem Partido reprova o debate político e a discussão de problemas sociais, mas permitirá que os alunos, pela influência de seus familiares, continuem acreditando, até depois da puberdade, em ridículas fantasias religiosas.
Como o Mar Vermelho se partindo nos tempos de Moisés, na verdade uma interpretação errada sobre a maré baixa que o referido mar tinha em certos horários.
Dória Jr. disse que as crianças de 6, 7 ou 8 anos não têm capacidade de decidir.
Dependendo do caso, têm, sim.
E quando se debate a realidade, é porque o raciocínio é estimulado. E quando se ensina História, se ensina política, e isso é inevitável.
Existem níveis de transmissão de conhecimentos, é verdade. Mas, na era da Internet, crianças aprendem desde cedo o que é política.
Com cinco anos de idade, uma criança pode ter uma noção básica da realidade política do país.
O problema é nossa sociedade bastante atrasada que ensina mal as pessoas.
E a própria grande imprensa, sobretudo nos últimos anos, está cada vez mais desinformadora e deformadora de opinião.
É muito mais ridículo pais e mães de classes abastadas debatendo sobre política em festas de aniversário de crianças do que crianças debatendo história em sala de aula.
Os pais e mães de bom status econômico chegam a ser pedantes nos debates "cultos", na verdade uma seleção de assuntos absorvidos da grande mídia, seja TV, jornais e revistas.
Empresários e profissionais liberais, homens e mulheres, bem sucedidos, brincando de ser Conselho da ONU, cronismo político, administração municipal etc.
Não que adultos não possam debater política, é óbvio. Mas o que os pais e mães de bom status social conversam sobre política é de um superficialismo que dói.
Talvez haja o medo, de parte dos defensores da Escola Sem Partido, que os filhos passem a entender mais de política que os pais.
João Dória Jr., por exemplo, não deve ser um compreendedor de política, como deveria ser.
Mas também espera-se que o PSDB não ofereça excelentes políticos.
Nem o Fernando Henrique Cardoso, tão festejado pela grande mídia, é um grande político, ele apenas é um retórico.
Desde que ele promoveu a farra da privataria, desviando uma boa parte do dinheiro público da venda de estatais para a fortuna dele e de seus amigos e familiares, a última coisa que pode se esperar de FHC é a qualidade de estadista.
Vide os episódios da tragédia da Plataforma P-36 da Petrobras, em 2001, e o esquema de compra de votos para sua reeleição, três anos antes.
A Escola Sem Partido agrada mais os analfabetos políticos do que a gente realmente politizada.
A gente politizada, mesmo, que não rebaixa o debate político a um simulacro de opiniões pedantes nas festinhas elitistas diversas.
Quem defende a Escola Sem Partido é que não entende mesmo de política, e tem medo até de ver crianças de 6 7 ou 8 anos podendo decidir e opinar os assuntos.
João Dória Jr. precisa comer mais pastel para pelo menos reduzir sua desnutrição política.
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