FOTO MONTAGEM EM QUE UM CASAL CUJO HOMEM É MAIS VELHO E, OLHANDO O COPACABANA PALACE, FICA DE COSTAS À PRAIA DE COPACABANA, CONTEMPLADA POR SUA JOVEM MULHER.
A ala que se dizia mais "culta" nascida na primeira metade dos anos 1950 mostrou a que veio.
Sua inteligência tão sofisticada não passou de fachada, de mero pedantismo grosseiro.
Os homens, empresários, profissionais liberais e executivos apareciam nas colunas sociais, nos anos 1990 e 2000, esbanjando elegância e suposta erudição.
Nas entrevistas, citavam de tudo que lhes parecia antigo e refinado.
De Frank Sinatra a Winston Churchill, de Norman Mailer a Gene Kelly, esses homens nascidos entre 1950 e 1955 eram casados com mulheres mais jovens, mas queriam parecer mais velhos do que velhos já eram.
Achavam que o embranquecer gradual dos cabelos iria lhes trazer sabedoria e prudência.
Se passavam por entendidos de jazz sem saber bulhufas da realidade de seus músicos e apreciadores.
Em 2004, houve o furacão Katrina que atingiu tragicamente a meca do jazz, Nova Orleans, e os nossos granfinos brasileiros ocupados estalando seus dedinhos em festas de gala, ouvindo apenas o que havia de comercial e recatado no jazz, o Dixieland.
E as mulheres dessa geração? Ficavam rezando e ouvindo canções lentas e orquestradas, depois de uma juventude em que escolhiam entre uma psicodelia tardia e a discoteque no auge.
Depois dos 50 anos, esse pessoal nascido nos anos 1950 queria plagiar seus pais e emular as gerações nascidas três décadas antes.
Uma geração de empresários, profissionais liberais e executivos nascidos nos 1950, mas casados com it girls nascidas nos anos 1970, pareciam miniaturas de intelectuais que estiveram em evidência há mais de 60 anos.
Mas não dá para comparar Millôr Fernandes, Sérgio Porto, Vinícius de Moraes e os hoje ainda vivos Ziraldo e Jô Soares com aqueles que eram meninos em 1958 e, depois de completar 50 anos, passaram a tirar onda.
Seus heróis eram Arrelia, Carequinha, Pica-Pau, Tom & Jerry, Super Mouse, Rim Tim Tim, Lassie e Roy Rogers.
Mas desde 2000 mudaram a narrativa e seus "heróis" passaram a ser Norman Mailer, Thomas Mann, Tennessee Williams, Ella Fitzgerald, Winston Churchill, Dwight Eisenhower, Frank Sinatra, Gene Kelly, Cole Porter e Leonard Bernstein.
Eram garotos que, nos anos 1970, amavam os Eagles e os Doobie Brothers, mas que depois se achavam "peritos" de um passado que mal conseguem entender e, desesperadamente, se apegam em conversas breves com colegas de profissão mais velhos.
Só que seus filhos, nascidos na virada dos anos 1970 para os 1980, não tiveram uma boa formação cultural.
Se os pais passaram a ficar obcecados pelo passado, os filhos ficavam bitolados no seu presente culturalmente medíocre.
Os filhos tinham mais capacidade que seus pais de conhecer o que havia de bom no passado.
Afinal, os "coroas" de elite tinham o apetite maior que a fome. E seus filhos, uma fome maior que o apetite.
E aí não havia jeito. Pedantismo não é sabedoria, mas pretensão de se apropriar do saber alheio, sem ter a compreensão adequada.
Ótimo um grisalhão à beira dos 70 anos dizer que "ama jazz", mas duro é ele entender mesmo o jazz fora daqueles sucessos românticos que custa a memorizar. E sem confundir Benny Goodman com Benny Carter.
Ou entender o teatro relativamente antigo sem confundir Nelson Rodrigues com Plínio Marcos.
Seus filhos talvez entendessem melhor até a Bossa Nova e a MPB cepecista de 1960. Terem nascido nos anos 1980 e, ainda assim, poder entender Sylvia Telles, Sidney Miller e Zé Rodrix.
Só que não. O pessoal nascido nos anos 1980 caiu na tentação da canção popularesca trazida pela mídia venal dos anos 1990 e se acostumou mal com sucessos ultracomerciais brasileiros.
Sem educar seus filhos para o ativismo cultural, intelectual e social, a geração nascida nos anos 1950, salvo raras exceções, não preparou o futuro do mundo pós-moderno.
A erudição de umas elites "cultas", na verdade, se mostrou uma farsa, uma mentira.
Se essa erudição tivesse sido verdadeira, teria-se evitado a bregalização cultural e o bolsonarismo.
De que adianta ter roupas chiques, cabelo prateado, discurso bem articulado e um pedantismo que evoca um passado não vivenciado e muito mal compreendido?
Não é qualquer Umberto Eco que surge com profundos conhecimentos em consultórios médicos ou escritórios empresariais, ainda mais quando coroas granfinos olham para o Copacabana Palace e viram as costas para a Praia de Copacabana que suas jovens esposas contemplam.
E imaginar que Millôr Fernandes falava sério através do humor. Seus fãs granfinos preferem fazer papéis de ridículos através da sisudez.
A ala que se dizia mais "culta" nascida na primeira metade dos anos 1950 mostrou a que veio.
Sua inteligência tão sofisticada não passou de fachada, de mero pedantismo grosseiro.
Os homens, empresários, profissionais liberais e executivos apareciam nas colunas sociais, nos anos 1990 e 2000, esbanjando elegância e suposta erudição.
Nas entrevistas, citavam de tudo que lhes parecia antigo e refinado.
De Frank Sinatra a Winston Churchill, de Norman Mailer a Gene Kelly, esses homens nascidos entre 1950 e 1955 eram casados com mulheres mais jovens, mas queriam parecer mais velhos do que velhos já eram.
Achavam que o embranquecer gradual dos cabelos iria lhes trazer sabedoria e prudência.
Se passavam por entendidos de jazz sem saber bulhufas da realidade de seus músicos e apreciadores.
Em 2004, houve o furacão Katrina que atingiu tragicamente a meca do jazz, Nova Orleans, e os nossos granfinos brasileiros ocupados estalando seus dedinhos em festas de gala, ouvindo apenas o que havia de comercial e recatado no jazz, o Dixieland.
E as mulheres dessa geração? Ficavam rezando e ouvindo canções lentas e orquestradas, depois de uma juventude em que escolhiam entre uma psicodelia tardia e a discoteque no auge.
Depois dos 50 anos, esse pessoal nascido nos anos 1950 queria plagiar seus pais e emular as gerações nascidas três décadas antes.
Uma geração de empresários, profissionais liberais e executivos nascidos nos 1950, mas casados com it girls nascidas nos anos 1970, pareciam miniaturas de intelectuais que estiveram em evidência há mais de 60 anos.
Mas não dá para comparar Millôr Fernandes, Sérgio Porto, Vinícius de Moraes e os hoje ainda vivos Ziraldo e Jô Soares com aqueles que eram meninos em 1958 e, depois de completar 50 anos, passaram a tirar onda.
Seus heróis eram Arrelia, Carequinha, Pica-Pau, Tom & Jerry, Super Mouse, Rim Tim Tim, Lassie e Roy Rogers.
Mas desde 2000 mudaram a narrativa e seus "heróis" passaram a ser Norman Mailer, Thomas Mann, Tennessee Williams, Ella Fitzgerald, Winston Churchill, Dwight Eisenhower, Frank Sinatra, Gene Kelly, Cole Porter e Leonard Bernstein.
Eram garotos que, nos anos 1970, amavam os Eagles e os Doobie Brothers, mas que depois se achavam "peritos" de um passado que mal conseguem entender e, desesperadamente, se apegam em conversas breves com colegas de profissão mais velhos.
Só que seus filhos, nascidos na virada dos anos 1970 para os 1980, não tiveram uma boa formação cultural.
Se os pais passaram a ficar obcecados pelo passado, os filhos ficavam bitolados no seu presente culturalmente medíocre.
Os filhos tinham mais capacidade que seus pais de conhecer o que havia de bom no passado.
Afinal, os "coroas" de elite tinham o apetite maior que a fome. E seus filhos, uma fome maior que o apetite.
E aí não havia jeito. Pedantismo não é sabedoria, mas pretensão de se apropriar do saber alheio, sem ter a compreensão adequada.
Ótimo um grisalhão à beira dos 70 anos dizer que "ama jazz", mas duro é ele entender mesmo o jazz fora daqueles sucessos românticos que custa a memorizar. E sem confundir Benny Goodman com Benny Carter.
Ou entender o teatro relativamente antigo sem confundir Nelson Rodrigues com Plínio Marcos.
Seus filhos talvez entendessem melhor até a Bossa Nova e a MPB cepecista de 1960. Terem nascido nos anos 1980 e, ainda assim, poder entender Sylvia Telles, Sidney Miller e Zé Rodrix.
Só que não. O pessoal nascido nos anos 1980 caiu na tentação da canção popularesca trazida pela mídia venal dos anos 1990 e se acostumou mal com sucessos ultracomerciais brasileiros.
Sem educar seus filhos para o ativismo cultural, intelectual e social, a geração nascida nos anos 1950, salvo raras exceções, não preparou o futuro do mundo pós-moderno.
A erudição de umas elites "cultas", na verdade, se mostrou uma farsa, uma mentira.
Se essa erudição tivesse sido verdadeira, teria-se evitado a bregalização cultural e o bolsonarismo.
De que adianta ter roupas chiques, cabelo prateado, discurso bem articulado e um pedantismo que evoca um passado não vivenciado e muito mal compreendido?
Não é qualquer Umberto Eco que surge com profundos conhecimentos em consultórios médicos ou escritórios empresariais, ainda mais quando coroas granfinos olham para o Copacabana Palace e viram as costas para a Praia de Copacabana que suas jovens esposas contemplam.
E imaginar que Millôr Fernandes falava sério através do humor. Seus fãs granfinos preferem fazer papéis de ridículos através da sisudez.
Comentários
Postar um comentário