O "baile funk" de Copacabana, na manhã de 17 de abril de 2016, esteve para o golpe político realizado em etapas naquele ano assim como a Revolta dos Marinheiros foi para o golpe militar de 1964.
As esquerdas ficaram babando com o "baile funk" supostamente aliado do Partido dos Trabalhadores e pretensamente contrário ao impeachment de Dilma Rousseff.
O empresário-DJ Rômulo Costa, um dos homens mais ricos do Rio de Janeiro, viveu seus 15 minutos de fama como um pretenso esquerdista. Muita gente se entusiasmou com isso.
Mas as esquerdas foram enganadas. O calor do tempo não trouxe isso e mesmo hoje em dia o evento é quase fresco na memória de muita gente.
Assim como não foi da noite para o dia que Cabo Anselmo se revelou falso esquerdista, Rômulo Costa, amigo de vários parlamentares golpistas da época, quis apenas era anestesiar e diminuir o tom das manifestações.
É uma grande armadilha. O "funk" se autopromovia com aquele evento, esse ritmo que NUNCA foi de esquerda e que só cooptou as esquerdas visando abocanhar verbas públicas.
Rômulo Costa elegeu ninguém menos que Luciano Huck como "embaixador do funk no Brasil" e foi um dos que estabeleceram parcerias com as Organizações Globo para popularizar o ritmo dentro da classe média.
Rômulo também foi sogro da socialite Antônia Fontenelle, que apoiou Jair Bolsonaro em 2018.
Embora os funqueiros ficassem se gabando de terem feito um "ato político", o que na prática se fez foi o contrário: o "funk" despolitizou o evento e acalmou os ânimos dos indignados.
Eu pesquisei páginas na Internet e as coberturas jornalísticas enfatizaram a "alegria da dança", em detrimento da manifestação política, cujo poder de fogo foi, obviamente, minimizado.
As esquerdas saíram iludidas com o clima de entusiasmo. Elas atuaram como galinhas cantantes e saltitantes num espetáculo animado pela raposa.
É claro que vamos levar tempo para que haja um reconhecimento oficial desse golpe cultural.
Rômulo Costa mais fez em favor do golpe que dizia repudiar. Seus amigos no Congresso Nacional, naquele 17 de abril de 2016, devem ter sentido orgulhosos.
"Rômulo Costa amansou aquelas feras", pensaram os parlamentares golpistas.
Enquanto as esquerdas descansavam a ressaca feliz da festa funqueira, os deputados federais ficavam ainda mais felizes por ver os esquerdistas mansinhos, sem resistência para o golpe político que se desenhou.
E aí viu-se o triste espetáculo do começo do golpe de 2016, a tragédia que estava por trás da alegria funqueira de Copacabana naquele domingo sombrio de 17 de abril.
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