Não é preciso ser de extrema-direita, de centro-direita ou "cimista" - espécie de direita acanhada, não em ações, mas em postura a ser assumida - para dizer que as esquerdas estão em crise.
Pode-se ser de esquerda e afirmar isso, até de maneira enérgica, mas nunca de maneira intolerante.
Pesquiso, em várias fontes progressistas da Internet e elas dizem que a crise das esquerdas é grave.
Wilson Roberto Vieira Ferreira, do Cinegnose, comparou as esquerdas a cães de Pavlov, movidos a estímulos psicológicos artificiais, que os fazem "babar de indignação" até diante de "pratos vazios" da agenda bolsonarista.
Há indícios de que Bolsonaro, pejorativamente chamado de "Bozo", seria, propositalmente, o "palhaço" do circo neoliberal, a dizer e fazer bobagens só para distrair a população, enquanto seu "posto Ipiranga" Paulo Guedes, ministro da Economia, vende nossas riquezas para os gringos.
Bolsonaro sabe o que está fazendo e ele manipula os debates públicos, enquanto o Brasil se empobrece e se torna uma pátria submissa ao capitalismo estadunidense.
Bolsonaro não seria, neste sentido, um insano, mas um estrategista: ele estaria fazendo papel de ridículo para desviar a atenção da população, enquanto direitos dos trabalhadores são extintos e riquezas e estatais são vendidas, aos poucos, para os rentistas estrangeiros.
Bem que eu desconfiei, no caso dos postos de combustíveis, quando uma filial da Shell, na Rua São Sebastião, em Niterói, foi dar lugar a uma filial da BR Distribuidora.
Isso dava a falsa impressão de que uma estatal brasileira ocupava um posto de combustíveis de uma companhia estrangeira, mas era uma ilusão.
A BR Distribuidora hoje é, praticamente, uma subsidiária de um consórcio de rentistas estrangeiros. A Petrobras, por enquanto, ainda tem ações, mas elas já são minoritárias e, em breve, poderão sair de suas mãos.
Vivemos esse pesadelo que o coração mole das esquerdas deixou acontecer.
O Partido dos Trabalhadores tinha o protagonismo, o Partido Socialismo e Liberdade, a coadjuvância, e ambos achavam que qualquer "alienígena" às causas progressistas, mas supostamente dotado de um discurso "positivo", era um aliado.
O PT teve o desembarque de vários políticos, alguns ministros dos governos Lula e Dilma Rousseff, de sua base de apoio.
E teve também o desembarque de uma centro-direita ou mesmo extremo-direita acampada em partidos de base de apoio.
Ainda há muita ingenuidade nas esquerdas, que no âmbito religioso conseguiram digerir a ruptura com os evangélicos pentecostais, que lhes foram relativamente aliados, mas não entendem por que "médiuns" do Espiritismo brasileiro podem ser tão duramente reacionários.
A emotividade das esquerdas, como quem vê cabelo em ovo, viu suposto feminismo nas mulheres-objetos.
Da mesma forma, essa emotividade ingênua faz com que redutos de conservadorismo extremo, como o Rio de Janeiro, ainda sejam vistos pelas esquerdas crédulas como um paraíso de suas causas.
O erro das esquerdas é acolher como aliado qualquer um que evite adotar um discurso raivoso.
Só tardiamente as esquerdas começaram, em parte, a ter cautela com o fenômeno Tábata Amaral.
E isso depois de sonharem com "médiuns espíritas", mulheres-frutas, funqueiros, intelectuais pró-brega e craques de futebol que, por seus sorrisos e retórica positiva, fizeram as esquerdas acreditarem que eles trariam o Socialismo para o Brasil.
Engano. Mesmo com palavras suaves, essa patota toda ajudou a derrubar Dilma Rousseff, direta ou indiretamente - mesmo por iniciativa da intelectualidade "bacana" que até hoje finge ser esquerdista e grita, feito papagaio, "Lula Livre" - , sem rascunhar uma vírgula de hidrofobia.
As esquerdas imaginavam que o Brasil seria socialista se transformando num híbrido de "pátria do Evangelho espírita" com um gigantesco "baile funk" do Oiapoque ao Chuí, com momentos de patriotada futebolista, e perderam o poder.
A "cultura transbrasileira" que os intelectuais "bacanas" exaltavam quase derrubou toda a mídia alternativa impressa, extinguiu o Ministério da Cultura e a Lei Rouanet, e está fazendo as empresas estatais brasileiras serem vendidas para as "transnacionais".
Nada mais "transbrasileiro" que privatizar o patrimônio econômico brasileiro para as "transnacionais".
Também, privatizou-se a cultura popular com a bregalização, e tomou-se como "esquerdista" uma suposta cultura difundida por emissoras do nível do SBT, a atual Record e a Rede TV!.
Com esses e outros erros, as esquerdas, ainda que acabe o inferno político do governo Bolsonaro, ainda vão demorar a recuperar o protagonismo.
Daqui a pouco as esquerdas vão pedir para que "médiuns espíritas", vivos ou já falecidos, tragam o Socialismo através de preces. Se for por esse caminho, aí é que as esquerdas, tolas na sua emotividade fácil, não vão conquistar seu protagonismo tão cedo.
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