A mídia progressista perdeu o Sr. Cloaca.
O gaúcho Willians Miguel, conhecido como Sr. Cloaca, era um blogueiro que escrevia usando um senso de humor peculiar, se destacando na fase de ascensão dos blogueiros de esquerda.
Era a ascensão da mídia alternativa digital, começada em 2006 e que constituiu num contraponto à mesmice da chamada mídia empresarial.
A notícia da morte foi dada há dois dias por Rodrigo Vianna e Eduardo Guimarães, que continuam sendo integrantes daquele cenário de quase quinze anos atrás.
Da mídia digital, já perdemos Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo), em 2017, e Paulo Henrique Amorim, há poucos meses.
Eu comecei a acompanhar a mídia progressista em 2009 e, com mais frequência, a partir de 2010, quando comecei a fazer o Mingau de Aço.
Uma das páginas que eu acompanhava, além do Blog do Miro (Altamiro Borges), Viomundo (Luiz Carlos Azenha), Escrevinhador (Rodrigo Vianna), Blog do Nassif (de Luís Nassif; hoje GGN) e Conversa Afiada (PHA), entre outros, era o Cloaca News.
Eu acompanhava também a mídia mais estruturada, como Carta Capital, Caros Amigos (esta através do papel) e Fórum (às vezes na Internet, outras no papel).
O Cloaca News não tinha postagens a todo momento, mas quando tinha era uma grande descontração.
O Sr. Cloaca atacava a mídia hegemônica sob o ponto de vista de um gaúcho, o que significa que a Rede Brasil Sul era um alvo constante.
Acompanhei com regularidade até 2014, porque a cada vez mais o Cloaca News era raro e parecia se extinguir.
Houve até uma postagem dizendo, em 25 de setembro de 2018, que o Cloaca News não estava morto. Isso depois de três anos e meio parado.
Mas foram só duas postagens: 25 e 26. Cloaca News até se esforçou em falar sobre Jair Bolsonaro. E foi só isso.
E agora, num ano em que muitíssima gente se foi, seja a gatíssima Gabi Costa, seja a criativa Fernanda Young, seja Ric Ocasek, seja a minha mãe, muita gente continua indo embora.
Dá muitos arrepios. É por isso que estamos torcendo para 2019 acabar rapidinho.
Até porque estamos perdendo pessoas de alguma forma fundamentais para nossas vidas e que nos deixam um tanto desamparados nesse cenário de grave deterioração sócio-cultural.
E aí também partiu Sr. Cloaca, para ver o seu colega Paulo Henrique Amorim, deixando o nosso Brasil ainda mais sem graça.
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