Mais uma vez, o pragmatismo carioca causa uma nova tragédia.
No último dia 12, um incêndio devastador atingiu o prédio do Hospital Badim, localizado na Tijuca, próximo da Av. Maracanã.
11 idosos que estavam internados morreram. A tragédia, ocorrida por volta de 17 horas, teria sido motivada por um curto-circuito em aparelho de refrigeração.
Isso num Rio de Janeiro que deve achar que ar condicionado substitui o ar puro, numa cidade de muita poluição e um considerável número de fumantes masoquistas.
Devem achar que o Deus em que eles acreditam irá fazer a manutenção dos aparelhos de ar condicionado, já que a esse aparelho se atribuem poderes divinos de purificação atmosférica, mesmo estando cheio de poeira e fios problemáticos.
O carioca tem seus cacoetes, contraídos desde os anos 1990.
Se contentam com pouco, se enfurecem diante da menor discordância do outro a ponto de fazer mimimi com valentonismo digital (cyberbullying) e blogues difamatórios e são imprudentes consigo mesmos.
Os cariocas votam mal em políticos que depois se tornam "vidraça" e além disso são em boa parte responsáveis pelo golpe político de 2016, por terem eleito Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro deputados federais em 2014.
Se não fosse isso, não teríamos essa bagunça política dos últimos quatro anos.
Agora, com muito trabalho, se faz pressões para o Poder Judiciário investigar e julgar a Operação Lava Jato, enquanto avança o desgaste político do governo do hoje presidente Jair Bolsonaro.
Os cariocas que, em princípio, aceitaram rádios pseudo-roqueiras, mulheres-objetos, ônibus padronizados e outras bobagens que defenderam com unhas e dentes agora estão coçando a cabeça.
Só tardiamente conseguem entender que "rádio rock" não é qualquer rádio pop que toque um som mais pesado, o valor das mulheres não está nos glúteos e a mobilidade urbana não se fundamenta no esconde-esconde de empresas pintadas iguaizinhas umas às outras.
Mas conseguem entender depois que ofenderam e fizeram ameaças àqueles que discordavam de tudo isso.
Deixaram que o Museu Nacional sofresse incêndio, perdendo quase todo seu acervo.
Tão fanáticos por futebol, não impediram que sua indiferença deixasse o Centro de Treinamento do Flamengo, chamado Ninho de Urubu, se queimar e matar dez adolescentes que aspiravam serem craques do futebol.
E agora deixam um hospital num local bem movimentado na Tijuca sofrer incêndio e matar quase uma dúzia de idosos.
Daí a irônica tragédia. Adolescentes mortos no Ninho do Urubu, idosos mortos no Hospital Badim.
Para uma cidade cujos pontos turísticos estão vetados aos próprios cariocas - afinal, custam muito caro - , é necessário que os cariocas mais conservadores pensem o que realmente querem na vida.
E devemos também avisar aos cariocas progressistas que eles não são maioria e o Rio de Janeiro ainda tem um ranço meio Califórnia, meio Alabama, ou seja, "Calibama", que fez a cidade ser o símbolo da retomada ultraconservadora, ao lado de Curitiba.
Neste Brasil vivendo no caos, o Rio de Janeiro que abriu a Caixa de Pandora do golpe de 2016, depois de pragmatismos cariocas terem decaído a outrora Cidade Maravilhosa, terá que fechar para balanço.
O Rio de Janeiro deitou na cama depois da fama, caiu numa onda de provincianismo extremo, votou em candidatos conservadores e agora precisa repensar seu espaço urbano (como a desfavelização) e sua segurança, antes que seja tarde demais.
Comentários
Postar um comentário