A edição recente de Veja mostra a crise dos personagens do golpe político de 2016.
Sobretudo os "cozinheiros" desse golpe, que atuam na Justiça, como no Poder Judiciário e no Ministério Público.
Tomando como destaque a declaração do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que quase assassinou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, a Veja também está mergulhada nesse cenário todo.
Desde que Glenn Greenwald e companhia abriram a Caixa de Pandora da Operação Lava Jato, os escândalos da turma golpista e os conflitos diversos só aumentaram.
O desgaste de personagens como Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Rodrigo Janot e ministros do STF aparelhados com o golpe, como Luiz Edson Fachin, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, é notório.
Barroso, temendo talvez a soltura do ex-presidente Lula, preso há um ano e meio, decidiu adiar a conclusão das votações da tese que anularia as condenações da Operação Lava Jato.
Mas ontem veio mais uma notícia para complicar as coisas.
Os procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba, ligados à OLJ, assinaram um manifesto pedindo à Justiça a concessão de regime semiaberto para Lula, sob a alegação de que o ex-presidente cumpriu um sexto da pena.
Sim, isso mesmo. Os assinantes da petição são mesmo Deltan Dallagnol, Roberson Pozzobom, Laura Tessler, Orlando Martello e o "pai" dos "filhos do Januário", Januário Paludo.
Mas devemos botar o freio para evitarmos o atropelo da realidade.
Afinal, os lavajateiros, desgastados com a divulgação de conversas secretas pelo jornal The Intercept, querem recuperar o protagonismo.
Consta-se que o MPF paranaense quer tirar o protagonismo do STF no caso de Lula.
É um complicado jogo político. O STF, da parte de seus membros mais golpistas, tende a manobrar para que Lula não seja incluído nas anulações das condenações.
O MPF do Paraná tenta levantar moral e decide uma medida branda para Lula.
Mas Lula não se ilude com isso, e prefere ficar preso até que a Justiça comprove, por ofício, que a Operação Lava Jato condenou o ex-presidente sem formular qualquer tipo de fundamento.
A defesa de Lula, através de declaração de Cristiano Zanin Martins, deixou clara que Lula quer a liberdade plena e a absolvição, com a confirmação de que sua prisão foi feita por motivos políticos, através de atuação criminosa da Operação Lava Jato.
Há uma esperança para que Lula seja solto ou entre no semiaberto, quando poderá sair da prisão para trabalhar.
Lula é considerado pelos procuradores da OLJ como "preso de bom comportamento". Além disso, Lula, por ler muitos livros (que é seu hábito pessoal e espontâneo), obteve atenuantes de pena, segundo o entendimento dos procuradores.
É ainda muito cedo para dizer que as esquerdas voltarão ao poder, até porque a situação está complicada demais para isso.
É verdade que extremo-direitistas como Massimo Salvini, primeiro-ministro na Itália, que caiu, sofrem desgaste profundo depois do protagonismo de 2018.
Vemos também o presidente dos EUA, Donald Trump, sob risco de deixar o poder pelo impeachment, e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson sofrendo derrotas no Parlamento e pressões para deixar o cargo.
Mas, daí a crermos numa nova primavera socialista, soa muito precipitado.
Até porque a centro-direita light, com o apoio de esquerdistas domesticados, poderá retomar o protagonismo com movimentos pretensamente ativistas e humanitários.
A "filantropia de fachada" será o grande problema da próxima década, porque discutiremos a "caridade" que traz mais protagonismo aos "benfeitores" do que progressos sociais.
A promessa de "transformações plenas" da humanidade tem o risco de se resultar em práticas medíocres, resultados fajutos e intenções tendenciosas e duvidosas.
Enquanto vemos que o golpismo de 2016 apresenta escândalos como a periculosidade de um Rodrigo Janot - que leva muita gente a lançar teses suspeitas sobre o caso da tragédia de Teori Zavascki, até hoje um mistério sem explicação - , o Brasil apenas está menos vulnerável.
Pelo menos essa vulnerabilidade, nos parâmetros que imaginávamos no começo deste ano, tende a diminuir.
Mas com o fim da tempestade bolsonarista, o que haverá será um cenário nublado de um neoliberalismo com tons de bom-mocismo.
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