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DESGASTADA, OPERAÇÃO LAVA JATO FORJA NOVA DENÚNCIA CONTRA LULA


Pouco depois da série de reportagens do The Intercept revelar que uma das 22 conversas do ex-presidente Lula "grampeadas" pela Operação Lava Jato foi adulterada, nova denúncia é forjada contra o petista.

Sabe-se que o famoso diálogo que terminava com a saudação "Tchau Querida", feita por Lula a Dilma Rousseff - e que virou ironia para os opositores que votaram a abertura do impeachment - , escondeu o verdadeiro propósito, assim que foi adulterado para veiculação na mídia venal.

O propósito da intenção de Lula em ser ministro-chefe do Gabinete da Casa Civil era promover o diálogo com a oposição, evitando o golpe político que, depois, acabou tirando Dilma do poder.

Lula, que foi entrevistado recentemente por Mino Carta, da Carta Capital, numa das entrevistas posteriores à histórica entrevista do Brasil 247 - com Pepe Escobar, Paulo Moreira Leite e Mauro Lopes - , iria apenas promover a paz e o equilíbrio político.

Mas a fúria das elites do atraso e sua cegueira alegavam que Lula iria ser ministro da Casa Civil para fugir das condenações da Operação Lava Jato.

A nova denúncia contra Lula foi plantada pela divisão paulista da OLJ, que atua mediante o desgaste da força-tarefa de Curitiba, alvo das revelações apresentadas pelas reportagens de Glenn Greenwald e sua equipe.

Essas revelações mostram, entre outras coisas, o procurador Deltan Dallagnol fazendo fortuna com suas palestras e ele e outros procuradores dialogando mensagens depreciativas a Lula e seus familiares.

A nova denúncia, do Ministério Público de São Paulo, se baseia em delações de 2017 do ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino Alencar.

Segundo o delator, Lula e seu irmão José Ferreira da Silva, o Frei Chico, teriam recebido "vantagens indevidas" da Odebrecht.

Entre 2003 e 2015, Frei Chico, sindicalista do setor petrolífero, supostamente teria recebido um valor de cerca de R$ 1,1 milhão, como parte de um "pacote de vantagens indevidas" dividido em "mesadas" variantes entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.

Tanto o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, quanto o de Frei Chico, Júlio César Fernandes Neves, negaram as acusações. O próprio Lula também negou.

Zanin, aliás, atribuiu a nova denúncia à "franquia Lava Jato", um dia depois das revelações sobre os áudios "grampeados" pela força-tarefa, a mando do juiz Sérgio Moro.

Ele definiu a denúncia como mais uma das "mesmas e descabidas acusações", e as classifica como provas de que seu cliente Lula é vítima de lawfare, que é o uso de artifícios jurídicos para punir pessoas por objetivos puramente políticos.

Segue o comunicado escrito por Zanin:

A denúncia oferecida hoje (09/09/2019) em São Paulo pelos procuradores da franquia “Lava Jato” contra Lula repete as mesmas e descabidas acusações já apresentadas em outras ações penais contra o ex-presidente, em especial, a ação penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000 (caso do imóvel que nunca foi destinado ao Instituto Lula), que tramita perante a 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba e a ação penal nº 1026137-89.2018.4.01.3400/DF, que tramita perante a 10ª. Vara Federal Criminal de Brasília (caso Janus).

Lula jamais ofereceu ao Grupo Odebrecht qualquer “pacote de vantagens indevidas”, tanto é que a denúncia não descreve e muito menos comprova qualquer ato ilegal praticado pelo ex-presidente. Mais uma vez o Ministério Público recorreu ao subterfúgio do “ato indeterminado”, numa espécie de curinga usado para multiplicar acusações descabidas contra Lula. O ex-presidente também jamais pediu qualquer vantagem indevida para si ou para qualquer de seus familiares.

A denúncia sai no dia seguinte de graves revelações pelo jornal Folha de S. Paulo de atuação ilegal da Lava Jato contra Lula, mostrando a ocultação de provas de inocência e ação indevida e ilegal voltada a romper a democracia no país.

O uso de processos criminais e a repetição das mesmas e descabidas acusações em processos diferentes comprova que Lula é vítima de “lawfare”, que consiste no abuso das leis e dos procedimentos jurídicos para promover perseguições política.

Cristiano Zanin Martins

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