Os bastidores do golpe político de 2016 aparecem, paulatinamente, mostrando o quanto a retomada conservadora dessa época foi um grande desastre.
A entrevista de Michel Temer no programa Roda Viva foi diferente da de 2016, quando houve o vexaminoso convescote de jornalistas solidários com o temeroso governante.
Mesmo longe de sua melhor fase, até pela vergonhosa performance da edição com Glenn Greenwald, o Roda Viva pelo menos foi "mais jornalístico" nesta edição com Temer.
Não vi o programa porque andava ocupado, estava escrevendo texto sobre o falecimento de Ric Ocasek, da banda Cars, que curto muito, para um outro blogue.
Aliás, não há como ver neste horário porque ando escrevendo textos e pesquisando muito. Ainda assim, pesquiso o que se fala sobre programas e outras informações.
E aí vejo a principal revelação de Michel Temer, praticamente identificando o crime: o golpe político de 2016.
É uma postura diferente da que ele tomava quando era presidente, porque ele falava que "não havia golpe" porque "as instituições continuavam funcionando".
Agora Temer admite o que a série de reportagens do jornal The Intercept sobre a Operação Lava Jato andou revelando recentemente.
A de que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, se tivesse sido nomeado ministro-chefe da Casa Civil, teria evitado o golpe de 2016.
"se Lula fosse nomeado ministro, o impeachment de Dilma não teria acontecido (...) Ele tinha bom contato com o Congresso", disse Temer.
Na época, porém, a mídia venal plantou a informação de que Lula queria ser ministro para obter "foro privilegiado" e fugir das investigações da Lava Jato.
Temer admitiu a situação pela metade, mas ele recusou-se a assumir sua participação no golpe.
Ele disse que nunca apoiou ou realizou qualquer empenho pelo golpe.
É uma mudança estranha. Temer não admitia que seu governo surgiu através de um golpe. Hoje admite.
Mas recusa-se a admitir sua participação evidente no golpe, quando traiu Dilma Rousseff e, como governante, abraçou a causa dos opositores dela.
Temer era vice de Dilma Rousseff no segundo mandato dela, assim como foi no primeiro.
Ele virou a casaca e participou da conspiração para tirá-la do poder.
Logo, Temer se empenhou, sim, pelo golpe. Abraçou as pautas-bombas dos adversários dela, conspirou com Eduardo Cunha, e, como governante, Temer se comprometeu com as pautas retrógradas que, depois, foram radicalizadas por Jair Bolsonaro.
Admitindo as coisas pela metade, pelo menos Temer reconheceu que houve um golpe contra Dilma.
Um golpe que, nos últimos tempos, acabou indo longe demais.
Comentários
Postar um comentário