Pular para o conteúdo principal

ESQUERDAS ERRAM FEIO AO "SEGURAREM" JAIR BOLSONARO PARA 2022


Quando falamos que existe "sociedade do espetáculo" no Brasil, o pessoal não acredita.

Aqui no Brasil, o cenário é muito "bonzinho".

Oficialmente, não temos overdose de informação, como se o blablablá das FMs "informativas" não representasse uma sobrecarga pesada de informações, notícias e opiniões.

Neste sentido, também não temos "bombardeio de amor", como se os religiosos daqui, incluindo os tais "médiuns espíritas", não manipulassem os incautos com seu traiçoeiro e constrangedor culto à personalidade.

Também não temos, com base nesta hipótese, "comercialismo cultural", como se até mesmo os mercantilistas Michael Sullivan, Chitãozinho & Xororó e É O Tchan fossem o suprassumo do "vanguardismo alternativo", mesmo sendo comerciais até a medula.

Até o termo bullying não encontrou tradução oficial em português (apesar de eu propor "valentonismo", mas não tenho o poder de Luciano Huck de popularizar gírias como "balada" - ©Jovem Pan).

Embora seja uma prática antiga no Brasil, o termo inglês para a humilhação contra os oprimidos faz muita gente crer que  o fenômeno foi inventado em Colorado, nos EUA.

Afinal, o Brasil é visto como um "paraíso", no qual equivalentes a Umberto Eco, Jean Baudrillard e Pierre Bourdieu não têm a menor chance de serem aprovados para fazer pós-graduação, que aqui é um reduto de acadêmicos passadores de pano, verdadeiros flanelinhas intelectuais.

Dito isso, vemos um "mundo de sonho e felicidade" nas redes sociais brasileiras, bem além da conta.

A situação está confusa e arriscada, temos uma ameaça séria de golpe, a necropolítica extermina indígenas, negros, mulheres (pelo feminicídio), camponeses e sem-teto e o que vemos é gente fazendo pose de meditação diante do brilho do Sol numa praia, em fotos do Instagram.

Temos gente brincando de tudo. Atores brincando de serem jornalistas fazendo lives como dublês de entrevistadores de convidados da moda. Gente brincando de "intelectual" com frasezinha moral ou motivacional, mesmo que seja a positividade tóxica da Teologia do Sofrimento.

Temos pessoas felizes demais para o momento trágico de hoje, sob um culturalismo desastroso que na prática desmente toda a baboseira de jornalistas culturais isentões, sempre passando pano na mediocridade reinante.

A cultura no Brasil virou um gigantesco mercadão megastore, com ofertas de tudo de todas as coisas, mas mesmo assim o cenário cultural de hoje não pode ser considerado próspero. 

A "prosperidade" solipsista de algumas "bolhas culturais" que consomem MPB autêntica, rock, jazz e blues não reflete a boa fase cultural, porque são apenas pequenos feudos curtindo algo que só eles conhecem.

E não dá para passar pano em funqueiros, piseiros, sofrentes e outros popularescos de hoje e de ontem - sobretudo o brega-vintage de Gretchens, Sullivans, Chitões, Molejos e Tchans - , porque a mediocridade deles é de saltar nos olhos e machucar os ouvidos.

Dito isso, vemos que não há situação favorável para as esquerdas hoje.

E elas, iludidas por esse "astral maravilhoso" que toma conta das redes sociais, acham que Lula está dominando tudo e todos.

As esquerdas acham que o sorriso vai combater o bolsonarismo e intimidar os bolsonaristas armados.

Há um clima de "já ganhou" nas esquerdas e elas chegam mesmo a ficarem arrogantes, confusas e de certa maneira desinformadas.

Querem um "primeiro turno" com cara de "segundo", achando que só terá Lula e Bolsonaro na primeira fase da campanha presidencial, enquanto os demais candidatos não passam de vaquinhas de enfeite em presépios natalinos.

As esquerdas se esquecem que o primeiro turno terá vários candidatos e Bolsonaro tende a fugir do debate, como em 2018, e paralelamente virar atração de algum canal bolsonarista lançado à margem do debate presidencial.

Além disso, Lula não está "governando paralelamente" nem fazendo um "processo de transião democrática". Lamentavelmente, já estão acreditando que Lula está arrumando as malas para viver, com sua Janja, no Palácio da Alvorada, e a corrida presidencial nem começou.

E o pior disso tudo é que são as esquerdas, que preferem ficar em casa produzindo memes e tuítes ou tricotando entre si do que se manifestar todo dia em protestos de rua, que querem "segurar" Bolsonaro até 2022.

Isso é um vergonhoso erro estratégico. De fazer qualquer pessoa com um pingo de lucidez ficar constrangida a ponto de deslizar sua mão pelo rosto.

Em vez de protestarem de verdade, derrubarem Bolsonaro e conviver com o governo insosso do general Mourão ou, talvez, do hoje presidente da Câmara Arthur Lira, o que seria menos arriscado para o país, preferem se isolar na memecracia, achando que isso vai derrubar Bolsonaro.

Crentes no triunfalismo cego, as esquerdas pensam que Bolsonaro se enfraquece e creem que irão pegá-lo cambaleante para a surra final da campanha presidencial do próximo ano.

Há, entre as esquerdas deslumbradas, quem acredite que o próprio Bolsonaro é que vai ser derrubado por si mesmo.

Grande engano.

Bolsonaro se fortalece, seus seguidores estão sendo estimulados a andar armados, e até um risco de atentado contra Lula é uma hipótese plausível, podendo ser um ato mais ostensivo do que aquele que matou John Kennedy, em 1963.

"Segurar" Bolsonaro para 2022 não é uma boa estratégia, porque o presidente está ganhando tempo, se articula com impressionante rapidez e não se limita às ações digitais nas redes sociais.

Apesar da fama de presidente-tuiteiro, Bolsonaro está agindo mais fora das "bolhas digitais" do que as esquerdas, que ficaram ensimesmadas.

Sim, Bolsonaro está sendo mais estratégico do que Lula, que se deixou levar por aquele factoide do "saradão", das coxas exibidas vestindo-se de sunga.

As esquerdas ainda por cima surfam nas pautas de Bolsonaro, que certa vez chamou de idiota o cidadão que se preocupa com o fejião em vez do fuzil.

O grande problema é que as esquerdas em geral se acham todas humoristas, nesse contexto em que, nas redes sociais, todos se acham filósofos, jornalistas, intelectuais. Mas ativismo, que é bom, só o do sofá.

De que adianta vídeos de protestos indígenas recentes viralizarem no Instagram, com suposta solidariedade de famosos, se ninguém faz o mesmo que eles, indo para a rua, mesmo sob o risco de repressão policial?

Jair Bolsonaro cresce, o antipetismo renasceu com força, e as esquerdas com seu triunfalismo de contos de fadas, transformadas em esquerdas "chapeuzinho vermelho".

O Brasil está piorando e quem deveria lutar nas ruas por um país melhor fica na zona de conforto de sua casa produzindo tuítes e memes. E ainda acham que os sorrisos das esquerdas identitárias irão desarmar os fuzis, revólveres e metralhadoras da horda bolsonarista.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

OS CRITÉRIOS VICIADOS DE EMPREGO

De que adianta aumentar as vagas de emprego se os critérios de admissão do mercado de trabalho estão viciados? De que adianta haver mais empregos se as ofertas de emprego não acompanham critérios democráticos? A ditadura militar completou 60 anos de surgimento. O governo Ernesto Geisel, que consolidou o Brasil sonhado pelas elites reacionárias, faz 50 anos de seu início. Até parece que continuamos em 1974, porque nosso Brasil, com seus valores caquéticos e ultrapassados, fede a mofo tóxico misturado com feses de um mês e cadáveres em decomposição.  E ainda muitos se arrogam de ver o Brasil como o país do futuro com passaporte certeiro para ingressar, já em 2026, no banquete das nações desenvolvidas. E isso com filósofos suicidas, agricultores famintos e sobrinhos de "médiuns de peruca" desaparecendo debaixo dos arquivos. Nossos conceitos são velhos. A cultura, cafona e oligárquica, só defendida como "vanguarda" por um bando de intelectuais burgueses, entre jornalist

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul

MAIS DECEPÇÃO DO GOVERNO LULA

Governo Lula continua decepcionando. Três casos mostram isso e se tratam de fatos, não mentiras plantadas por bolsonaristas ou lavajatistas. E algo bastante vergonhoso, porque se trata de frustrações dos movimentos sociais com a indiferença do Governo Federal às suas necessidades e reivindicações. Além de ter havido um quarto caso, o dos protestos de professores contra os cortes de verbas para a Educação, descrito aqui em postagem anterior, o governo Lula enfrenta protestos dos movimentos indígenas, da comunidade científica e dos trabalhadores sem terra, lembrando que o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) já manifestou insatisfação com o governo e afirmou que iria protestar contra ele. O presidente Lula, ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, assinou, no último dia 18, a demarcação de apenas duas terras para se destinarem a ser reservas indígenas, quando era prometido um total de seis. Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT) foram beneficiadas pelo document