A aliança entre Luís Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin na corrida presidencial é uma ideia que desafia a lógica dos fatos.
Ela coloca as esquerdas num grande dilema.
Afinal, com base em supostas pesquisas de intenções de voto, Lula é "vencedor absoluto em todas as prévias para a Presidência da República".
Vence Ciro Gomes, Sérgio Moro, Jair Bolsonaro, Simone Tebet, João Dória Jr. e Eduardo Leite. E o que vier mais além.
No entanto, Lula depende da aliança de um centro-direitista porque "é incapaz de vencer sozinho a disputa eleitoral".
Como assim?
Lula ganha todas mas não vence sozinho?
E, o que é mais doido: Se Lula ganha todas e vence por brilho próprio, por que ele dependeria de alguém que não consegue atrair votos, como Geraldo Alckmin, para vencer as eleições?
Lula é descrito como um "gigante" nas redes sociais, há toda uma perspectiva poética e sonhadora do "grande líder mundial" que empolga multidões e autoridades em todo o planeta.
Lula é descrito como "a maior esperança para um Brasil mais justo e solidário", definido como "certeira via" ou "via única", como "única aposta para o desenvolvimento do Brasil".
Mas, enquanto isso, há a aliança "necessária" com o neoliberalismo, inclusive com flertes para os chamados "tucanos clássicos", antes vistos como rivais políticos.
Como o golpe político de 2016 passou a ser subestimado e sua responsabilização pesa apenas nos mais encrenqueiros da empreitada, boa parte dos golpistas agora está em boa conta com as esquerdas médias.
Sempre os capangas do golpe, do nível de Sérgio Moro, Jair Bolsonaro e o Movimento Brasil Livre (aka Movimento Me Livre do Brasil), ou dos "novos políticos" como João Dória Jr., que são agora os "únicos responsáveis".
Quem apedrejou a vidraça leva punição, mas quem mandou apedrejar fica inocentado.
Os golpistas clássicos de 2016 agora são "amigos do Lula", tudo foi perdoado, o PT "engoliu" a queda de Dilma Rousseff e tudo ficou numa boa.
Tucanato ruim? Agora, somente o tucanato pós-2016, de João Dória Jr., ou então a "banda podre" representada por Aécio Neves.
O tucanato de Fernando Henrique Cardoso e companhia, do qual o demissionário Geraldo Alckmin levará uma grande herança simbólica, de repente passou a ser respeitado pelas esquerdas médias.
E muitos acham que Lula manterá inteiraço o seu programa de governo, mesmo com o ex-tucano Geraldo Alckmin como vice e mesmo paquerando os "dinossauros" do PSDB e MDB.
Negativo. Lula vai ceder, e muito, de seu projeto de governo, porque essa é a condição inevitável dos apoios estranhos que ele está obtendo. Quem negar essa realidade está fora da lógica, por mais que use um turbilhão de argumentos aqui e ali.
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