Pular para o conteúdo principal

ESTÁ FÁCIL DEMAIS PARA O LULA. E ISSO NÃO É BOM

A HISTERIA EM TORNO DE LULA CHEGA AO NÍVEL DE MENSAGENS AO MESMO TEMPO TOLAS E PIEGAS EM FAVOR DO PETISTA.

Durante minha ausência de duas semanas, por conta de um concurso público, um motorista de Uber que levava eu e meu pai no Rio de Janeiro, disse uma dolorosa verdade.

Ele não acredita nas coisas que aparecem tão fáceis. Ele alertou que se a coisa está fácil demais, é melhor desconfiar.

Eu não comentei, e o motorista conversava mais com meu pai. Mas fiquei refletindo a respeito do Lula.

Está fácil demais em favor dele. Supostas pesquisas eleitorais alegando que Lula ganha todas as disputas presidenciais, as esquerdas histéricas e paranoicas em favor do petista.

Querem que Lula vença a corrida eleitoral na marra. Esnobam os concorrentes, seja Bolsonaro, sejam aqueles que aparecerem como os terceiro-viáveis da temporada.

Logo o Partido dos Trabalhadores, que nasceu defendendo o debate, é o partido que mais renega a competitividade da corrida presidencial.

Há vários meses há esse clima de salto alto, Lula se achando o "único vencedor", quando ainda faltam dez meses para a votação em primeiro turno.

As esquerdas lacradoras piraram quando Lula falou para um dos maiores canais das redes sociais, o PodPah, causando um número recorde de acessos, o maior do canal. 

E, com isso, aumentando a euforia em torno de Lula.

O contexto não favorece as esquerdas e muito menos Lula, que há poucos dias esteve associado a circunstâncias bastante ilusórias.

Uma jornalista que admirava muito, Tereza Cruvinel, cometeu o erro de acreditar que a aliança de Lula com Geraldo Alckmin não tem problema porque o futuro ex-tucano será apenas vice e o petista é que mandará na Presidência da República.

Ou seja, que Alckmin, como um "escorpião" pedindo carona ao "sapo barbudo", supostamente não irá mexer no programa de governo de Lula.

Esqueceram as esquerdas que Alckmin tem um histórico da pesada, como alguém que sempre foi hostil aos protestos das classes trabalhadoras, além da sua contribuição ao episódio nefasto da derrubada de Pinheirinho, comunidade popular de São José dos Campos.

A campanha de Lula é a mais confusa e contraditória na corrida eleitoral.

Lula dizendo para os empresários que irá governar em favor do mercado, e depois falando mal das elites quando faz palestra para sindicatos.

Na Argentina, Lula é recebido pelo presidente Alberto Fernandez e pela vice, Christina Kirchner, mais o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o brasileiro afirma que as esquerdas latino-americanas serão fortalecidas.

A multidão argentina, eufórica, gritou que "vamos voltar", referente à hipótese do vizinho Brasil voltar a ser governado por Lula.

É, mas tem a aliança com Geraldo Alckmin, que é ligado à seita medieval Opus Dei.

Aí que entra a grande confusão, a enorme contradição.

Os petistas não conseguem decidir se Lula está ganhando todas ou simplesmente não pode ganhar sozinho, daí uma mal-explicada aliança com Geraldo Alckmin.

Ora, se Lula precisa de alguém da direita moderada, a "direita gurmê", para ganhar as eleições, é porque o petista está muito fraco.

Lula demonstra não ter força nem firmeza na sua campanha, e está assanhado demais, deixando para trás o lúcido líder político que honrava seu grande passado de ativista sindical nos tempos da ditadura militar.

As esquerdas, dentro de suas bolhas, estão ridicularizando tudo que não se relacionar a Lula, enquanto acham que tudo que o petista decidir e fizer está "correto".

Não conseguem perceber que o golpe político de 2016 não foi um espirro da direita moderada e que os maiores culpados não são apenas a chamada alt-right ou ressentidos políticos do nível de Sérgio Moro, Eduardo Cunha e a "galera do MBL" (Movimento Me Livre do Brasil).

A direita "elegante", sobretudo membros do MDB e do PSDB, também são responsáveis pelo golpe de 2016. Mas Lula quer se aproximar a eles, sob o pretexto de "derrubar o fascismo e restaurar a democracia".

Isso não é estratégico. É como um galo de briga pedir apoio da raposa para recuperar o galinheiro.

Lula parece viver, dependendo do contexto, entre 1984 e 2002, época de alianças promíscuas para fazer o petista ser elegível.

Mas a situação hoje está ruim e o governo de Lula tende a ser o MAIS FRACO dos seus governos, pois o contexto do golpismo político e da geopolítica do continente americano é das mais perversas.

Numa época em que Julian Assange, do caso Wikileaks, recebe o anúncio de que será extraditado para os EUA, é bom as esquerdas tomarem cuidado.

Os EUA, sob risco de perder a supremacia econômica para a China, estão mais do que zelosos pela sua supremacia sobre a América Latina.

A facilidade com que as esquerdas acreditam sobre a volta de Lula ao poder pode representar alguma frustração, para não dizer um sério risco de golpe.

Afinal, a realidade não é como num dos vídeos do Instagram, onde as tentativas de golpe contra o "gigante " Lula fracassam porque os "velhos tanques" ficaram sem combustível, devido ao preço caro.

A realidade é muito diferente e cruel. E Lula não está conseguindo lidar com a realidade, desfavorável a ele, e parece viver num sonho dourado.

Um sonho dourado que chega a investir em besteiras nas redes sociais, como Lula diante do "ônibus da Anitta" (o CAIO Apache VIP IV da Viação Jurema usado para uma foto da cantora e que inspirou vários memes) e a "gravidez" do andrógino Pabblo Vittar com Lula, esperando o filho "Brasil".

São mensagens tolas, ridículas, piegas, que não correspondem à realidade.

Enquanto isso, em Itamaraju, no interior da Bahia, nordestino e pobre, Jair Bolsonaro é ovacionado, o petista Rui Costa, governador da Bahia, é vaiado, e repórteres da TV Bahia são agredidos por seguranças e apoiadores do presidente da República.

A situação está muito complexa. E ainda há o risco de Geraldo Alckmin surtar à maneira de Michel Temer contra Dilma Rousseff. Está tudo complicado, fora das bolhas petistas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

OS CRITÉRIOS VICIADOS DE EMPREGO

De que adianta aumentar as vagas de emprego se os critérios de admissão do mercado de trabalho estão viciados? De que adianta haver mais empregos se as ofertas de emprego não acompanham critérios democráticos? A ditadura militar completou 60 anos de surgimento. O governo Ernesto Geisel, que consolidou o Brasil sonhado pelas elites reacionárias, faz 50 anos de seu início. Até parece que continuamos em 1974, porque nosso Brasil, com seus valores caquéticos e ultrapassados, fede a mofo tóxico misturado com feses de um mês e cadáveres em decomposição.  E ainda muitos se arrogam de ver o Brasil como o país do futuro com passaporte certeiro para ingressar, já em 2026, no banquete das nações desenvolvidas. E isso com filósofos suicidas, agricultores famintos e sobrinhos de "médiuns de peruca" desaparecendo debaixo dos arquivos. Nossos conceitos são velhos. A cultura, cafona e oligárquica, só defendida como "vanguarda" por um bando de intelectuais burgueses, entre jornalist

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul

TRINTA ANOS DE UMA NOVELA DA PESADA

A PRIMEIRA VERSÃO DE A VIAGEM  "PRESENTEOU" OS FUNCIONÁRIOS DA TV TUPI COM A FALÊNCIA DA EMISSORA. Triste país em que executivos de TV e empresários do entretenimento montam uma falsa nostalgia, forjando valores e fenômenos falsamente cult  para enganar as novas gerações, que levam gato por lebre com esse pseudovintage feito para lacrar nas redes sociais. Vide a gourmetização da mediocridade musical com, por exemplo, Michael Sullivan, Chitãozinho e Xororó e É O Tchan, nomes que deveriam cair no esquecimento público, pelas obras deploráveis que fizeram. Na dramaturgia, a coisa não é diferente num país em onde Caio Ribeiro, Luva de Pedreiro e um tal de Manoel Gomes (do sucesso "Caneta Azul") são considerados cult  e hit-parade  é confundido com vanguarda, qualquer coisa pode ser alvo dessa "nostalgia de resultados " que transforma o Brasil no Olimpo da idiotização cultural. A coisa chega ao ponto de uma novela infeliz, com temática mais medieval do que Game