Com as alianças neoliberais a partir da escolha de Geraldo Alckmin para a Vice-Presidência da República, temos que admitir uma realidade.
Do contrário que Lula tanto diz, o governo dele tenderá a ser o mais fraco de todos os governos que ele exerceu no comando do Brasil.
Lula sempre diz que sua missão é "fazer um governo melhor do que os dois governos anteriores" e que "não quer fazer menos que isso como presidente da República".
Mas a julgar pelos contextos que o jogo político mostra para nós, a tendência é, sim, que o próximo governo Lula seja bastante fraco e decepcionante.
Com Alckmin a tiracolo, Lula tende a repetir a sina de João Goulart na fase parlamentarista , castrado pelo primeiro de seus primeiros-ministros, Tancredo Neves, "padrinho" de uma linhagem de políticos liberais dos quais foi lançado o ex-governador de São Paulo.
Para usar uma referência histórica mais fresquinha, Lula vai repetir a sina de Dilma Rousseff, sendo Geraldo Alckmin o Michel Temer da hora.
E isso fará uma diferença, bastante negativa, para um Lula que quer acelerar no seu governo mas que a primeira coisa que obtém para si é um freio de mão.
Imagine querer ir adiante e ser impedido, sendo limitado a seguir em certa velocidade e determinado rumo.
Pois é. Lula não vai fazer muito em seu governo, com Alckmin como vice e com seus antigos opositores agora lhe apoiando condicionadamente, porque isso significará cobranças muito pesadas.
Lula terá que agir nos limites do que o empresariado representado pelos políticos neoliberais irão determinar, e se for além desses limites será alvo de um violento golpe político.
Se Lula for um conciliador, seu programa de governo será, simplesmente, pífio, na melhor das hipóteses apenas razoável.
Ele só poderá realizar programas que têm a sua grife, na essência meramente paliativos: Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, cotas para universidades e alguma outra iniciativa similar.
De resto, a essência do programa de governo, será o plano de Geraldo Alckmin, que traz como bagagem de seus 33 anos de PSDB.
Lula não poderá revogar a reforma trabalhista, o teto dos gastos públicos (agora visto como "símbolo de disciplina administrativa" do poder público) nem as privatizações que acontecem nos últimos cinco anos.
Ele terá que aceitar o estrago feito. O pré-sal do nosso petróleo foi embora, levado pelas empresas estrangeiras? Deixa para lá. A BR Distribuidora foi extinta (sua marca ainda permanece, mas desaparece aos poucos)? Deixa para lá.
No lugar daqueles fundos para Educação e Saúde públicas da Petrobras, temos que esperar que uma Shell da vida exerça alguma ação assistencialista, nos limites que seu marketing institucional lhe permitir fazer.
Lula não fará um grande governo. Isso é certo. E será um arremedo de terceira via pior do que a Terceira Via propriamente dita.
Afinal, a Terceira Via, tendo autonomia e liberdade de ação, tem condições de ousar mais do que o próprio Lula, que estará amordaçado com as alianças alienígenas que faz para se tornar elegível.
Por isso, o governo Lula tende a ser o mais fraco de todos que ele fez. E isso pode manchar sua honrada história de antigo líder sindical e de um esforçado presidente dos dois mandatos anteriores.
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