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BRASIL QUER SER POTÊNCIA COM VIRALATISMO

A "CONQUISTA DO MUNDO" DO BRASIL COMO "POTÊNCIA" É APENAS EXPRESSÃO DE UMA ELITE QUE SE SENTE NO AUGE DO PODER, A BURGUESIA ILUSTRADA.

A vitória de uma equipe de ginástica rítmica que se apresentou ao som da tenebrosa canção "Evidências", composição do bolsonarista José Augusto consagrada pela dupla canastrona Chitãozinho & Xororó, mostra o espírito do tempo de um Brasil que, um século depois, vive à sua maneira os "anos loucos" (roaring twenties) vividos pelos EUA nos anos 1920.

É o contexto em que as redes sociais espalham o rumor de que o Brasil já se tornou "potência mundial" e se "encontra agora entre os países desenvolvidos", sinalizando a suposta decadência do império dos EUA. Essa narrativa, própria de um conto de fadas, já está iludindo muita gente boa e se compara ao mito da "nova classe média" do governo Dilma Rousseff.

A histeria coletiva em torno do presidente Lula, que superestima o episódio do tarifaço do presidente estadunidense Donald Trump, é um fenômeno organizado por uma bolha de apoiadores do petista, que tentam impor uma narrativa fantástica demais para forçar a reeleição do chefe do Executivo brasileiro.

Com um cenário sociocultural deteriorado, marcado pela bregalização cultural, agora "reconhecida" pelo público de maior poder aquisitivo - sim, a burguesia se sente mais representada pela música popularesca do que o povo pobre que, em tese, não tem ao seu acesso músicas melhores para ouvir - , e com o legado de Michel Temer preservado, como a precarização do trabalho, a narrativa do "Brasil-potência" é uma mentira plantada para causar euforia e fazer o Brasil ter mais quatro anos com Lula no comando.

Este blogue, baseado na observação dos fatos concretos, vendo o povo nas ruas, pesquisando os mercados e analisando o quadro do trabalho, lembra que relatorismos e pesquisismos nem sempre correspondem à realidade. A onda de euforia tóxica que atinge nosso Brasil atinge níveis doentios de uma suposta evolução socioeconômica que só interessa a elites abastadas.

A euforia do "Brasil-potência", marcada pelos discursos de Lula, que promove seu neobonapartismo querendo ser o dono da democracia e da soberania, nada diz para as classes populares em geral. É apenas um hipotético status mundial que atende aos interesses da burguesia ilustrada, ao mesmo tempo triunfalista e vira-lata, que endeusa ídolos medianos como Michael Jackson, difunde gírias da burguesia paulista como "balada" e acha a horrível "Evidências" a "melhor canção brasileira da história".

Essa elite quer essa reputação porque ela tem interesses estratégicos no atual mandato de Lula, agora que ele tornou-se o queridinho da burguesia politicamente correta. A burguesia ilustrada quer tanto ser turista dentro do próprio Brasil quanto lá fora, recebendo tratamento VIP e tudo. É uma elite que quer se exibir para o resto do mundo, se achando "mais povo que o povo".

É essa elite que comanda o "mundo da fantasia" das redes sociais. A burguesia de chinelos é ao mesmo tempo herdeira do desbunde hedonista do pós-Tropicalismo dos anos 1970 e da aversão ao senso crítico transmitida por avós e pais que respaldavam a ditadura militar.

Daí a combinação do viralatismo cultural um triunfalismo mundial através do teatro lulista de combater o tarifaço e do bonapartismo pop do presidente Lula. Até somos a favor do fim do tarifaço, mas há burburinho demais em torno do episódio, enquanto, no âmbito interno, esperamos o fim da escala 6x1 no trabalho e as quedas de preços, principalmente de alimentos como leite e derivados, arroz, feijão, azeite de oliva, café e legumes, frutas e verduras. Onde está a tal isenção de impostos dos alimentos?

Esse viralatismo cultural enrustido e oculto pelo "culturalismo sem cultura" do "jornalismo da OTAN" representa o gosto e o sistema de valores de uma elite considerada "legal" e que domina as narrativas principalmente no Instagram e no Tik Tok. Essa elite não quer ser contrariada porque ela precisa conquistar o mundo, usando o povo brasileiro como pretexto, quando sabemos que, do povo da vida real, essa ideia do "Brasil-potência" é completamente vazia de sentido.

É só ver os camponeses, os proletários, o lumpesinato e outros "excluídos" do bacanal lulista, como os intelectuais profundamente questionadores, à maneira dos pensadores europeus, e os solteiros convictos comuns, humilhados pela "boa" sociedade pela opção de ficar em casa nas noites de fins de semana. Para eles, os "benefícios" do governo Lula até agora não chegaram e a sensação é de que politicamente seu meio não mudou e a vida não melhorou, como se ainda estivessem sob os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Quem se beneficia com essa histeria falaciosa do "Brasil-potência" é o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, feliz com a sua visão delirante de que "agora, sim, o Brasil é um país desenvolvido pra valer". Essa frente ampla de pessoas bem de vida, que vai do "pobre de novela" ao famoso milionário, é que gosta dessa narrativa, porque é um pessoal que sempre brincou de Primeiro Mundo e vê a oportunidade de ser levado a sério por conta dessa pasmaceira.

Nunca imaginei que o lulismo iria trazer esses estragos, porque os dois primeiros mandatos de Lula até foram bons, embora muitíssimo distantes de serem revolucionários ou ousados. Hoje vemos apenas uma maquiagem feita de supostas realizações do "Efeito Lula" e dos discursos pomposos de Lula nas reuniões de cúpula. Muita grandiloquência, muita festa e nenhum trabalho. Até agora, só "colheitas" sem plantação. Assim fica muito estranho.

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