O presidente Lula se empenha em brigar contra o tarifaço de Donald Trump, mas, depois de falar grosso contra os juros altos do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, agora passa pano nos mesmos juros altos agora sob a condução de Gabriel Galípolo na instituição financeira. Se antes os juros altos eram "inadmissíveis", hoje eles são "necessários" para controlar a inflação.
Ao participar do 33º Congresso & Expo Fenabrave (sigla da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em São Paulo, Galípolo usou de justificativas "técnicas" para manter o patamar dos juros altos da dívida pública no Brasil. Eis o que o economista disse em sua palestra:
"A gente vem reforçando que essa taxa de juros deve permanecer por um período prolongado nesse patamar restritivo, justamente porque a gente está num cenário de ter descumprido a meta.
"É por isso que o BC fez o movimento de interromper o ciclo de cortes, parar, iniciar o ciclo de altas até chegar a um patamar que consideramos restritivo com alguma segurança.
'A gente está olhando a inflação pelo retrovisor, porém, eu tenho que dirigir o carro olhando o parabrisa, e então eu olho para a meta em um horizonte relevante. E como está a meta para os próximos 18 meses? Quando olhamos para as projeções de mercado, as projeções para 2025 estão fora da meta.
'Estamos com o nível de desemprego mais baixo da série histórica e estamos com o nível mais alto de renda do trabalhador. Mesmo com a taxa restritiva, a gente segue mostrando resiliência no mercado de trabalho e é isso o que está puxando a demanda mais forte".
Quanto ao "desemprego baixo", o problema está na precarização do trabalho, o legado de Michel Temer que Lula anda passando umas boas flaneladas. E quanto ao "nível mais alto de renda do trabalhador", isso envolve apenas o "pobre de novela", a parcela "higiênica" das periferias, que tem mais do que o necessário enquanto o pobre da vida real, invisível à narrativa lulista, ainda precisa se esforçar mais para ganhar só uma pequena soma de dinheiro.
As justificativas de Galípolo não são convincentes. Afinal, esses juros se destinam aos banqueiros, que já são exorbitantemente ricos. Chega a ser constrangedor Lula falar em taxar os super-ricos, mas quanto aos banqueiros, que são a "nata" das fortunas abusivas, o presidente, que havia criticado os juros altos com muita ferocidade, aceitou a mesma medida, quando é o seu homem que está conduzindo.
Essa é uma grande hipocrisia e vemos o quanto Lula é um pelego. De que adianta Lula dizer que defende os juros baixos, assim como, no mercado de trabalho, é a favor do fim da escala 6x1, se consente com as atitudes das quais ele discorda? Assim ele age como um pelego, que diz defender os interesses dos trabalhadores, mas compactua com as decisões do patronato.
Dessa maneira, não há como Lula ser levado a sério nessa empreitada recente em parecer um "líder popuar" de verdade. Como todo pelego, um líder trabalhista que voltou das negociações com poucas conquistas revolta as classes populares, diante de tanta expectativa frustrada. Não dá para fingir o contrário, o povo pobre está decepcionado e indignado com Lula. Só os "pobres do Tik Tok" é que estão felizes com as migalhas dadas pelo presidente.
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