Nota-se que a grandeza de Lula, no seu atual mandato, é postiça. Gigante por fora e para os olhos deslumbrados dos seus seguidores, Lula se encolhe por dentro, tanto que, depois dos quinze minutos de glória, às custas de discursos, relatórios e supostas pesquisas de opinião, some de cena por uns poucos dias, deixando as pautas da mídia esquerdista se ocuparem com o combate ao bolsonarismo.
Lula fala firme e forte nas cúpulas do exterior. Fala grosso contra Bejamin Netanyahu e Donald Trump. Mas fala fino com o empresariado brasileiro e, mesmo depois de falar grosso contra o então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi passar pano nos juros altos.
De que adianta Lula ser contra os juros altos, a carestia de alimentos, a precarização do trabalho e as privatizações, se não age para combater esses problemas? Produzir relatórios é fácil, dar opiniões é mais fácil ainda, mas agir mesmo, que é bom, Lula nada faz ou, quando faz, é sempre dentro das expectativas de qualquer governo medíocre da República brasileira.
Por mais que Lula tenha posado de “herdeiro do brizolismo” na sua constrangedora campanha presidencial, o petista não tem a coragem de Leonel Brizola em reverter privatizações. No episódio da Eletrobras, Lula acabou se resignando, apesar dos comentários “furiosos”, e apenas aceitou lutar para o Governo Federal, sócio minoritário da estatal, ter mais poder de voto nas decisões da empresa.
Na escala 6x1 do trabalho, Lula segue a tendência da esquerda woke brasileira, que é a procrastinação. O “deixa pra depois” foi conhecido quando as esquerdas não combateram Michel Temer nem Jaír Bolsonaro, deixando eles completarem seus mandatos numa tranquilidade quase absoluta. Foi uma trabalheira convencer os “uôquis” a fazer passeatas no 26 de junho de 2021, para celebrar a Passeata dos Cem Mil de 1968, porque a garotada queria ficar na zona de conforto da memecracia, a guerrilha de brinquedo dos memes.
Daí que Lula opinou contra essa rotina de trabalhar seis dias e descansar em um, mas lavou as mãos entregando, de forma omissa, o debate para “todos os segmentos da sociedade”. Pouco importa se é o diálogo entre as raposas e as galinhas, Lula acha que isso é “democrático” e tira o corpo fora.
Lula, agindo assim, não é um líder de verdade. O petista sempre foi moderado, mesmo nos tempos do sindicalismo, mas se via algum empenho no passado, seja como sindicalista, seja como presidente nos dois primeiros mandatos. Hoje, porém,Lula substituiu as ações concretas pelos simulacros, sobretudo através de opiniões, relatórios e supostas pesquisas de opinião é só os aloprados das redes sociais é que confundem as coisas.
Um lulista aloprado foi escrever no seu perfil pessoal no X que “Lula estava combatendo a escala 6x1” quando, na verdade, Lula se manifestou apenas de forma opinativa e deixou o problema para lá. Ver gente que se diz “esclarecida” confundir opinião com ação é vergonhoso.
A realidade mais dolorosa é que Lula trocou as bases de apoio populares de outrora pelo apoio de luxo dos “pobres de araque”, pessoas bem de vida que tomam cerveja em boates e restaurantes caros e viajam para a Flórida e Nova York como um morador do Centro do Rio de Janeiro vai para Copacabana e Ipanema. Esse pessoal, que se acha “cheio de razão” e conta com a patrulha dos negacionistas factuais para qualquer discórdia às narrativas, é que acha que Lula é “gigante”, um “leão a bradar forte em todos os cantos do Brasil e do mundo”.
Quanto ao povo pobre da vida real, essa multidão se sente abandonada e traída por Lula. O petista não é um fetiche nem uma pessoa especial que pode transformar erros em acertos nem em trair o povo e esperar fidelidade dele. O que se vê, “aqui embaixo”, é a oposição popular a Lula que hoje estoura os limites do bolsonarismo.
No exterior e nas redes sociais, Lula trabalha um personagem: gigante, bravo, batalhador, mas somente uma paródia do que havia sido. Na vida real, Lula torna-se irrelevante e insignificante e se encolhe enquanto sua imagem virtual se agiganta apenas nos corações e mentes do Clube de Assinantes VIP do Lulismo 3.0. A pior luta do lulismo não é contra o bolsonarismo, é contra a realidade dura dos fatos.
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