CANTOR PABLO, DO ARROCHA E DA "SOFRÊNCIA", EXIBINDO SEU CARRÃO IMPORTADO. POBREZA?
Responda a pergunta. Quem são os ídolos musicais mais ricos do Brasil? Chico Buarque? Francis Hime? Flávio Venturini? Turíbio Santos? Maria Bethânia? Roberto Menescal? Gal Costa? Carlinhos Lyra? Djavan? Milton Nascimento? Toninho Horta? Wanda Sá?
Não, nenhum deles. Os ídolos musicais mais ricos do país são outros: no momento, aparecem na mídia nomes veteranos como Belo, Ivete Sangalo e Zezé di Camargo & Luciano, mais Thiaguinho, Mr. Catra, Wesley Safadão, Anitta, Luan Santana, Nego do Borel, Ludmilla, Mulher Melão e tantos, tantos outros. Para não dizer Chitãozinho & Xororó, Alexandre Pires e É O Tchan.
A música dita "popular demais", que é a Música de Cabresto Brasileira, a música do brega-popularesco, está se tornando uma indústria quase monopolista, abocanhando reservas de mercado graças à desculpa da "ruptura do preconceito".
A ideia é empurrar nomes de valor bastante duvidoso para demandas consideradas mais exigentes, algo que os intelectuais "bacanas" alegam ser uma "causa libertária" mas que, no fundo, não é mais do que a velha estratégia capitalista de ampliar mercados.
O mercado brega-popularesco, cuja origem remete aos primeiros ídolos cafonas patrocinados pelo coronelismo midiático regional da virada dos anos 1950 para os 1960 e que, depois, se tornaram a trilha-sonora da ditadura militar, consagra sua hegemonia quase totalitária desde que decidiu pela supremacia mercadológica, a partir da Era Collor, nos anos 1990.
Hoje praticamente o cenário musical brasileiro está irrespirável. A MPB se reduziu a um elenco de uns poucos medalhões reféns das trilhas sonoras de novelas da Rede Globo e que são obrigados a fazer tributos de si mesmos, como se eles estivessem se despedindo do grande público.
Há espaços alternativos de divulgação, mas eles são tão raros e escassos, e cada vez mais limitados e vulneráveis - recentemente, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro não resistiu ao jabaculê e abriu espaço para uma apresentação do cantor de sambrega Belo - , que os últimos espaços de expressão da MPB autêntica mais parecem maçonarias de tão fechadas e restritivas.
Mesmo a juventude universitária, que tinha na MPB autêntica a sua música, há cerca de 50, 55 anos atrás, praticamente a perdeu como referência cultural. Infelizmente a MPB perde espaços nas universidades, com o avanço do comercialismo voraz da Música de Cabresto Brasileira e seus ídolos, que parecem mais "divertidos" e "digestíveis".
É a consagração de uma mentalidade de hit-parade que vigora nos EUA e que no Brasil passa a ter, em definitivo, uma poderosa estrutura. É certo que o comercialismo já vinha com Waldick Soriano e Odair José - ou alguém se esqueceu que eles faziam música comercial? - , mas ele se tornou totalitário no Brasil.
A impressão que se tem é que, se a cultura e a arte musicais não acabaram, estão morrendo aos poucos. E o pior é que a música é apenas o prato principal de um entretenimento "popular" que está criando magnatas não só entre cantores, duplas e grupos, mas também em "musas sensuais" e nos empresários que investem em todos eles.
Apesar de posarem de "modestos", geralmente usando jeans rasgados ou tênis e sempre caprichando na informalidade, os empresários do brega-popularesco como um todo, de "musas sensuais" a humoristas, passando por ídolos musicais e apresentadores de policialescos da TV.
Os empresários do brega-popularescos chegam a ser mais ricos do que muito suposto aristocrata da MPB, normalmente associado à Bossa Nova ou à herança artística de Tom Jobim. Entre os ídolos musicais, são muitos os casos de ídolos que ficam milionários. Um Wesley Safadão ganha mais do que cinco nomes da BN juntos.
Só para citar um caso modesto, o cantor Pablo, ídolo da "sofrência" do arrocha, comprou um carrão importado avaliado em R$ 450 mil. É mais um de tantos casos que seguem o famoso ditado "quem nunca comeu doce, quando come, se lambuza".
Um funqueiro no começo da carreira ganha cerca de 30 a 50 mil reais por cada apresentação, mais de dez vezes o salário mensal de um servidor público. E um "burguês" como o compositor Guinga fatura pouco na música e, profissionalmente, vive mais do trabalho de dentista.
É preocupante. Hoje os mais jovens quase não têm ideia do que é MPB autêntica. E a grande mídia empurra os brega-popularescos de tal forma que as pessoas acabam se acostumando mal. Há até quem pense que os bregalhões dos anos 80 e 90 são MPB, o que é uma falta de coerência. Afinal, eles eram as baixarias que rolavam na época.
Mas, nivelando as coisas por baixo, o que era ruim antes passa a ser visto como "bom". E isso é, com o trocadilho da palavra, um mal. A música brasileira está se emporcalhando e sendo desrespeitada pelo mercado dito de "cultura popular", que é hipócrita, tendencioso e está se enriquecendo às custas do dinheiro suado das classes populares.
As classes populares são enganadas quando são induzidas a acreditar que os ídolos "populares demais" expressam realmente a realidade das periferias. Grande engano. O que essa "cultura popular demais" expressa é uma construção caricatural da grande mídia e do mercado das classes populares, uma visão tida como "sem preconceitos", mas cruelmente preconceituosa.
Responda a pergunta. Quem são os ídolos musicais mais ricos do Brasil? Chico Buarque? Francis Hime? Flávio Venturini? Turíbio Santos? Maria Bethânia? Roberto Menescal? Gal Costa? Carlinhos Lyra? Djavan? Milton Nascimento? Toninho Horta? Wanda Sá?
Não, nenhum deles. Os ídolos musicais mais ricos do país são outros: no momento, aparecem na mídia nomes veteranos como Belo, Ivete Sangalo e Zezé di Camargo & Luciano, mais Thiaguinho, Mr. Catra, Wesley Safadão, Anitta, Luan Santana, Nego do Borel, Ludmilla, Mulher Melão e tantos, tantos outros. Para não dizer Chitãozinho & Xororó, Alexandre Pires e É O Tchan.
A música dita "popular demais", que é a Música de Cabresto Brasileira, a música do brega-popularesco, está se tornando uma indústria quase monopolista, abocanhando reservas de mercado graças à desculpa da "ruptura do preconceito".
A ideia é empurrar nomes de valor bastante duvidoso para demandas consideradas mais exigentes, algo que os intelectuais "bacanas" alegam ser uma "causa libertária" mas que, no fundo, não é mais do que a velha estratégia capitalista de ampliar mercados.
O mercado brega-popularesco, cuja origem remete aos primeiros ídolos cafonas patrocinados pelo coronelismo midiático regional da virada dos anos 1950 para os 1960 e que, depois, se tornaram a trilha-sonora da ditadura militar, consagra sua hegemonia quase totalitária desde que decidiu pela supremacia mercadológica, a partir da Era Collor, nos anos 1990.
Hoje praticamente o cenário musical brasileiro está irrespirável. A MPB se reduziu a um elenco de uns poucos medalhões reféns das trilhas sonoras de novelas da Rede Globo e que são obrigados a fazer tributos de si mesmos, como se eles estivessem se despedindo do grande público.
Há espaços alternativos de divulgação, mas eles são tão raros e escassos, e cada vez mais limitados e vulneráveis - recentemente, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro não resistiu ao jabaculê e abriu espaço para uma apresentação do cantor de sambrega Belo - , que os últimos espaços de expressão da MPB autêntica mais parecem maçonarias de tão fechadas e restritivas.
Mesmo a juventude universitária, que tinha na MPB autêntica a sua música, há cerca de 50, 55 anos atrás, praticamente a perdeu como referência cultural. Infelizmente a MPB perde espaços nas universidades, com o avanço do comercialismo voraz da Música de Cabresto Brasileira e seus ídolos, que parecem mais "divertidos" e "digestíveis".
É a consagração de uma mentalidade de hit-parade que vigora nos EUA e que no Brasil passa a ter, em definitivo, uma poderosa estrutura. É certo que o comercialismo já vinha com Waldick Soriano e Odair José - ou alguém se esqueceu que eles faziam música comercial? - , mas ele se tornou totalitário no Brasil.
A impressão que se tem é que, se a cultura e a arte musicais não acabaram, estão morrendo aos poucos. E o pior é que a música é apenas o prato principal de um entretenimento "popular" que está criando magnatas não só entre cantores, duplas e grupos, mas também em "musas sensuais" e nos empresários que investem em todos eles.
Apesar de posarem de "modestos", geralmente usando jeans rasgados ou tênis e sempre caprichando na informalidade, os empresários do brega-popularesco como um todo, de "musas sensuais" a humoristas, passando por ídolos musicais e apresentadores de policialescos da TV.
Os empresários do brega-popularescos chegam a ser mais ricos do que muito suposto aristocrata da MPB, normalmente associado à Bossa Nova ou à herança artística de Tom Jobim. Entre os ídolos musicais, são muitos os casos de ídolos que ficam milionários. Um Wesley Safadão ganha mais do que cinco nomes da BN juntos.
Só para citar um caso modesto, o cantor Pablo, ídolo da "sofrência" do arrocha, comprou um carrão importado avaliado em R$ 450 mil. É mais um de tantos casos que seguem o famoso ditado "quem nunca comeu doce, quando come, se lambuza".
Um funqueiro no começo da carreira ganha cerca de 30 a 50 mil reais por cada apresentação, mais de dez vezes o salário mensal de um servidor público. E um "burguês" como o compositor Guinga fatura pouco na música e, profissionalmente, vive mais do trabalho de dentista.
É preocupante. Hoje os mais jovens quase não têm ideia do que é MPB autêntica. E a grande mídia empurra os brega-popularescos de tal forma que as pessoas acabam se acostumando mal. Há até quem pense que os bregalhões dos anos 80 e 90 são MPB, o que é uma falta de coerência. Afinal, eles eram as baixarias que rolavam na época.
Mas, nivelando as coisas por baixo, o que era ruim antes passa a ser visto como "bom". E isso é, com o trocadilho da palavra, um mal. A música brasileira está se emporcalhando e sendo desrespeitada pelo mercado dito de "cultura popular", que é hipócrita, tendencioso e está se enriquecendo às custas do dinheiro suado das classes populares.
As classes populares são enganadas quando são induzidas a acreditar que os ídolos "populares demais" expressam realmente a realidade das periferias. Grande engano. O que essa "cultura popular demais" expressa é uma construção caricatural da grande mídia e do mercado das classes populares, uma visão tida como "sem preconceitos", mas cruelmente preconceituosa.
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