Pular para o conteúdo principal

O QUE PODEM FAZER OS "ESQUERDISTAS" PROFISSIONAIS...

"BATMAN DO LEBLON" - Um índio-mulato-branco transbrasileiro?

O que fazem os "esquerdistas" profissionais, que escondem seu neoliberalismo histérico, sua devoção ao "deus mercado" com pretensas inclinações "socialistas" que tentam parecer "sinceras" e "permanentes".

O pseudo-esquerdista não larga o osso, escondendo seu jeito Francis Fukuyama, Adam Smith e Milton Friedman de ser com suposto marxismo ativista e com seus ataques ensaiados a direitistas da moda como Aécio Neves, Eduardo Cunha, revista Veja etc. E ainda jura que será "de esquerda" até o fim dos tempos, mesmo quando sofre de surtos neoliberais eventuais.

Vendo as atividades no Twitter do jornalista Pedro Alexandre Sanches, um desses "esquerdistas" profissionais - fácil ser "jornalista livre" com a mesada de George Soros - , ele tenta "fazer bonito" como um suposto progressista, "falando mal" do Instituto Millenium, mostrando linques de ativismos sociais, puxando saco de Maria Frô, Rodrigo Vianna, Emir Sader, Paulo Nogueira etc etc etc.

No entanto, é o mesmo cara que mantém os preconceitos da Folha de São Paulo sobre cultura popular, ele que começou sua carreira na imprensa em 1995, como a mais fidedigna expressão do Projeto Folha, que o jornal paulista criou para lançar uma mentalidade neoliberal expulsando os jornalistas de esquerda da redação.

Isso não é bronca de quem não gosta de jornalistas "provocativos". A informação se baseia no livro de José Arbex Jr. Showrnalismo: A mídia como espetáculo, que descreve com detalhes o processo "higiênico" do Projeto Folha.

Aí, os leitores que liam Carta Capital, Caros Amigos e a revista Fórum às pressas não conseguiam sequer questionar as visões neoliberais de Pedro Sanches e como é que um "esquerdista sincero" pode ser culturalmente formado por um projeto que queria banir as esquerdas de suas redações.

Eles viam Sanches praticamente defender o "fim da História" para a MPB, querendo transformar nosso rico patrimônio musical em peça de museu e botar no lugar as breguices e comercialismos trazidos pela "ditabranda do mau gosto" (denominação minha), e não desconfiavam de uma única linha, porque liam às pressas só pegando palavras soltas e frases contraditórias.

Como é que podemos classificar como um "esquerdista sincero" um intelectual que reivindica o fim da rica cultura brasileira, porque a sua concepção de "rica cultura brasileira" é associada a uma espécie de "Disneylândia" dos subúrbios, em que só vale o consumo, o entretenimento e a autoridicularização das classes populares.

Tivemos uns doze anos de supremacia dessa intelectualidade, que ainda quer recuperar os espaços de prestígio bajulando esquerdistas sérios. É uma intelectualidade que se dizia "sem preconceitos" mas que revelou terem preconceitos piores contra a população pobre.

Para essa intelectualidade, o papel do povo pobre é ser ridículo e patético, querer o consumismo em detrimento da qualidade de vida, ter libertinagem e não liberdade, ser cafona e acreditar que isso é "moderno". Se o povo se submeter a esse papel constrangedor e elitista, a intelectualidade "bacana" aplaude e diz que isso é "revolucionário" ou "vanguardista".

Agora, se é o povo pobre que faz passeatas, paralisa seu trabalho e reivindica qualidade de vida em vez de espetáculo, a intelectualidade deixa sua máscara cair e reage com fúria. Para os intelectuais "bacanas", povo pobre só tem valor quando gosta de luxo e "pão e circo", povo que pede melhorias da educação é tido, erroneamente, como um povo que quer "higiene social".

E aí, surge um problema. Pedro Alexandre Sanches, como "jornalista livre", anda fazendo coberturas de movimentos sociais, com aquela visão um tanto etnocêntrica que lembra os editores conservadores da rede CNN quando tentam observar os movimentos palestinos e latino-americanos, por exemplo.

Aqui isso é visto como "esquerdismo sincero". O Brasil não tem tradição esquerdista e aqui neoliberalismo com algum reformismo social é visto como "marxismo". O nosso país é ainda ultraconservador e muitos brasileiros ainda têm os mesmos ídolos e totens do tempo da ditadura militar.

Então tá. Pedro Alexandre Sanches falando de protestos indígenas, movimentos étnicos, ativismo social, passeatas esquerdistas e por aí vai. Só que é o mesmo jornalista que lamenta, ao lado de Gustavo Alonso - espécie de Leandro Narloch da historiografia musical - o fato do "sertanejo" não ser levado muito a sério.

Vamos juntar as peças. Num momento, Sanches faz cobertura "favorável" aos movimentos indígenas, por exemplo. Num outro momento, ele elogia os "caubóis do asfalto". Fazendo uma ligação entre os dois aspectos, observa-se que o jornalista comete uma séria contradição.

Afinal, em boa parte dos confrontos de terras, índios e jagunços se enfrentam de forma frequentemente sangrenta. Deve-se lembrar que os jagunços são ligados a grandes fazendeiros que, praticando grilagem (obtenção fraudulenta de terrenos, incluindo documentação irregular), invadem terras indígenas visando exploração econômica da região.

O que também as pessoas esquecem é que o "sertanejo", assim como o "forró eletrônico", é um estilo patrocinado pelos grandes proprietários de terras. Isso é fato, e até o tecnobrega é patrocinado pelo coronelismo paraense.

Fala-se que a breguice do Norte brasileiro não tem mídia e isso é mentira. Seus "artistas" são patrocinados pela grande midia (sobretudo o grupo O Liberal, parceiro das Organizações Globo no Paraná) e suas apresentações são financiadas por fazendeiros locais e seus políticos associados. É só ver quem são os patrocinadores desses cantores, duplas e grupos, e verá que acontece isso mesmo.

A intelectualidade "bacana" cometia seu impasse. Dizia defender causas esquerdistas - o que inclui uma certa consideração para o Movimento dos Sem-Terra - , mas defendia a "trilha sonora" dos latifundiários. Falavam mal da grande mídia, xingavam a Rede Globo mas corroboravam com o que ela defendia como paradigma de "cultura popular".

E essa contradição envolve Pedro Sanches. Ele faz cobertura com uma abordagem "solidária" aos movimentos indígenas e outros ativismos progressistas, mas fica triste com a falta de "reconhecimento artístico" ao "sertanejo" patrocinado pelos mesmos que mandam fuzilar índios, sindicalistas, trabalhadores rurais etc.

É evidente que os brasileiros se acustumaram com a overdose de contradições que existe aqui e ali, confundindo contradição com equilíbrio. E é isso que cria uma crise devastadora que atinge o país, sob todos os aspectos, sem que as pessoas, isoladas diante de atividades "divertidas" no WhatsApp, tenham a menor coragem em perceber e admitir.

E aí ficamos indagando ao patrício jornalista que defende a tal "cultura transbrasileira", que chamou Fukuyama para tocar frigideira numa batucada "tranzbrazyleyra", qual é o tipo ideal de indígena "transbrasileiro": será o "revoltado" Batman do Leblon, que chegou a combinar um traje de herói estadunidense com um cocar de índio estereotipado?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RELIGIÃO DO AMOR?

Vejam como são as coisas, para uma sociedade que acha que os males da religião se concentram no neopentecostalismo. Um crime ocorrido num “centro espírita” de São Luís, no Maranhão, mostra o quanto o rótulo de “kardecismo” esconde um lodo que faz da dita “religião do amor” um verdadeiro umbral. No “centro espírita” Yasmin, a neta da diretora da casa, juntamente com seu namorado, foram assaltar a instituição. Os tios da jovem reagiram e, no tiroteio, o jovem casal e um dos tios morreram. Houve outros casos ao longo dos últimos anos. Na Taquara, no Rio de Janeiro, um suposto “médium” do Lar Frei Luiz foi misteriosamente assassinado. O “médium” era conhecido por fraudes de materialização, se passando por um suposto médico usando fantasias árabes de Carnaval, mas esse incidente não tem relação com o crime, ocorrido há mais de dez anos. Tivemos também um suposto latrocínio que tirou a vida de um dirigente de um “centro espírita” do Barreto, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Houve incênd...

INFANTILIZAÇÃO E ADULTIZAÇÃO

A sociedade brasileira vive uma situação estranha, sob todos os aspectos. Temos uma elite infantilizada, com pessoas de 18 a 25 anos mostrando um forte semblante infantil, diferente do que eu via há cerca de 45 anos, quando via pessoas de 22 anos que me pareciam “plenamente adultas”. É um cenário em que a infantilizada sociedade woke brasileira, que chega a definir os inócuos e tolos sucessos “Ilariê” e “Xibom Bom Bom” cono canções de protesto e define como “Bob Dylan da Central” o Odair José, na verdade o “Pat Boone dos Jardins”, apostar num idoso doente de 80 anos para conduzir o futuro do Brasil. A denúncia recente do influenciador e humorista Felca sobre a adultização de menores do ídolo do brega-funk Hytalo Santos, que foi preso enquanto planejava fugir do Brasil, é apenas uma pequena parte de um contexto muito complexo de um colapso etário muito grande. Isso inclui até mesmo uma geração de empresários e profissionais liberais que, cerca de duas décadas atrás, viraram os queridões...

LULA GLOBALIZOU A POLARIZAÇÃO

LULA SE CONSIDERA O "DONO" DA DEMOCRACIA. Não é segredo algum, aqui neste blogue, que o terceiro mandato de Lula está mais para propaganda do que para gestão. Um mandato medíocre, que tenta parecer grandioso por fora, através de simulacros que são factoides governamentais, como os tais “recordes históricos” que, de tão fáceis, imediatos e fantásticos demais para um país que estava em ruínas, soam ótimos demais para serem verdades. Lula só empolga a bolha de seus seguidores, o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, que quer monopolizar as narrativas nas redes sociais. E fazendo da política externa seu palco e seu palanque, Lula aposta na democracia de um homem só e na soberania de si mesmo, para o delírio da burguesia ilustrada que se tornou a sua base de apoio. Só mesmo sendo um burguês enrustido, mesmo aquele que capricha no seu fingimento de "pobreza", para aplaudir diante de Lula bancando o "dono" da democracia. Lula participou da Assembleia Geral da ONU e...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

DENÚNCIA GRAVE: "MÉDIUM" TIDO COMO "SÍMBOLO DE AMOR E FRATERNIDADE" COLABOROU COM A DITADURA

O famoso "médium" que é conhecido como "símbolo maior de amor e fraternidade", que "viveu apenas pela dedicação ao próximo" e era tido como "lápis de Deus" foi um colaborador perigoso da ditadura militar. Não vou dizer o nome desse sujeito, para não trazer más energias. Mas ele era de Minas Gerais e foi conhecido por usar perucas e ternos cafonas, óculos escuros e por defender ideias ultraconservadoras calcadas no princípio de que "devemos aceitar os infortúnios e agradecer a Deus pela desgraça obtida". O pretexto era que, aceitando o sofrimento "sem queixumes", se obterá as prometidas "bênçãos divinas". Sádico, o "bondoso homem" - que muitos chegaram a enfiar a palavra "Amor" como um suposto sobrenome - dizia que as "bênçãos futuras" eram mais dificuldades, principalmente servidão, disciplina e adversidades cruéis. Fui espírita - isto é, nos padrões em que essa opção religi...

CRISE DA MPB ATINGE NÍVEIS CATASTRÓFICOS

INFELIZMENTE, O MESTRE MILTON NASCIMENTO, ALÉM DE SOFRER DE MAL DE PARKINSON, FOI DIAGNOSTICADO COM DEMÊNCIA. A MPB ainda respira, mas ela já carece de uma renovação real e com visibilidade. Novos artistas continuam surgindo, mas poucos conseguem ser artisticamente relevantes e a grande maioria ainda traduz clichês pós-tropicalistas para o contexto brega-identitário dos últimos tempos. Recentemente, o cantor Milton Nascimento, um dos maiores cantores e compositores da música brasileira e respeitadíssimo no exterior por conta de sua carreira íntegra, com influências que vão da Bossa Nova ao rock progressivo, foi diagnosticado com um tipo de demência, a demência de corpos de Lewy. Eu uma entrevista, o filho Augusto lamentou a rotina que passou a viver nos últimos anos , quando também foi diagnosticado o Mal de Parkinson, outra doença que atinge o cantor. Numa triste e lamentável curiosidade, Milton sofre tanto a doença do ator canadense Michael J. Fox, da franquia De Volta para o Futuro ...

BURGUESIA ILUSTRADA QUER “SUBSTITUIR” O POVO BRASILEIRO

O protagonismo que uma parcela de brasileiros que estão bem de vida vivenciam, desde que um Lula voltou ao poder entrosado com as classes dominantes, revela uma grande pegadinha para a opinião pública, coisa que poucos conseguem perceber com a necessária lucidez e um pouco de objetividade. A narrativa oficial é que as classes populares no Brasil integram uma revolução sem precedentes na História da Humanidade e que estão perto de conquistar o mundo, com o nosso país transformado em quinta maior economia do planeta e já integrando o banquete das nações desenvolvidas. Mas a gente vê, fora dessa bolha nas redes sociais, que a situação não é bem assim. Há muitas pessoas sofrendo, entre favelados, camponeses e sem-teto, e a "boa" sociedade nem está aí. Até porque uma narrativa dos tempos do Segundo Império retoma seu vigor, num novo contexto. Naquele tempo, "povo" brasileiro eram as pessoas bem de vida, de pele branca, geralmente de origem ibérica, ou seja, portuguesa ou...

A HIPOCRISIA DA ELITE DO BOM ATRASO

Quanta falsidade. Se levarmos em conta sobre o que se diz e o que se faz crer, o Brasil é um dos maiores países socialistas do mundo, mas que faz parte do Primeiro Mundo e tem uma das populações mais pobres do planeta, mas que tem dinheiro de sobra para viajar para Bariloche e Cancún como quem vai para a casa da titia e compra um carro para cada membro da família, além de criar, no mínimo, três cachorros. É uma equação maluca essa, daí não ser difícil notar essa falsidade que existe aos montes nas redes sociais. É tanto pobre cheio da grana que a gente desconfia, e tanto “neoliberal de esquerda” que tudo o que acaba acontecendo são as tretas que acontecem envolvendo o “esquerdismo de resultados” e a extrema-direita. A elite do bom atraso, aliás, se compôs com a volta dos pseudo-esquerdistas, discípulos da Era FHC que fingiram serem “de esquerda” nos tempos do Orkut, a se somar aos esquerdistas domesticados e economicamente remediados. Juntamente com a burguesia ilustrada e a pequena bu...

NEGACIONISTA FACTUAL E SUAS RAÍZES SOCIAIS

O NEGACIONISTA FACTUAL REPRESENTA O FILHO DA SOCIALITE DESCOLADA COM O CENSOR AUSTERO, NOS ANOS DE CHUMBO. O negacionista factual é o filho do casamento do desbunde com a censura e o protótipo ilustrativo desse “isentão” dos tempos atuais pode explicar as posturas desse cidadão ao mesmo tempo amante do hedonismo desenfreado e hostil ao pensamento crítico. O sujeito que simboliza o negacionista factual é um homem de cerca de 50 anos, nascido de uma mãe que havia sido, na época, uma ex-modelo e socialite que eventualmente se divertia, durante as viagens profissionais, nas festas descoladas do desbunde. Já o seu pai, uns dez anos mais velho que sua mãe, havia sido, na época da infância do garoto, um funcionário da Censura Federal, um homem sisudo com manias de ser cumpridor de deveres, com personalidade conservadora e moralista. O casal se divorciou com o menino tendo apenas oito anos de idade. Mas isso não impediu a coexistência da formação dúbia do negacionista factual, que assimilou as...

A IMPORTÂNCIA DE SABERMOS A LINHA DO TEMPO DO GOLPE DE 2016

Hoje o golpismo político que escandalizou o Brasil em 2016 anda muito subestimado. O legado do golpe está erroneamente atribuído exclusivamente a Jair Bolsonaro, quando sabemos que este, por mais nefasto e nocivo que seja, foi apenas um operador desse período, hoje ofuscado pelos episódios da reunião do plano de golpe em 2022 e a revolta de Oito de Janeiro em 2023. Mas há quem espalhe na Internet que Jair Bolsonaro, entre nove e trinta anos de idade no período ditatorial, criou o golpe de 1964 (!). De repente os lulistas trocaram a narrativa. Falam do golpe de 2016 como um fato nefasto, já que atingiu uma presidenta do PT. Mas falam de forma secundária e superficial. As negociações da direita moderada com Lula são a senha dessa postura bastante estranha que as esquerdas médias passaram a ter nos últimos quatro anos. A memória curta é um fenômeno muito comum no Brasil, pois ela corresponde ao esquecimento tendencioso dos erros passados, quando parte dos algozes ou pilantras do passado r...