WESLEY SAFADÃO PEGANDO CARONA EM DAVID BOWIE POUCO ANTES DESTE MORRER.
A canastrice musical brasileira avança em busca de mais reservas de mercado. Enquanto há um discurso hipócrita dizendo que são os "ídolos populares" que ampliam novas conquistas, a verdade é que o brega-popularesco quer tirar os espaços da MPB autêntica, esta cada vez mais discriminada, marginalizada e mantida no cativeiro midiático das trilhas sonoras de novelas da Rede Globo.
Nos últimos meses, dois exemplos, pelo menos, chamaram a atenção: o cantor de "forró eletrônico", Wesley Safadão, tirando onda com uma camiseta com a foto de David Bowie - sua imagem mais famosa, que remete ao personagem Aladdin Sane - , pouco antes do músico inglês morrer.
Outro exemplo foi a apresentação do cantor de sambrega Belo, que com tanto lugar para ele se apresentar, ele que tem a grande mídia e o mercado beijando os seus pés, escolheu o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro para cantar ontem.
Claro que a canastrice generalizada que é a música brega-popularesca - ou Música de Cabresto Brasileira, porque ela se populariza através da "cultura de cabresto" que a mídia empurra para o "povão" - sempre tentou avançar para espaços mais conceituados, atrapalhando quem tem valor mas mal consegue divulgar seu trabalho num programa da TV paga escondido de madrugada.
Mas a coisa vai longe demais. A MPB autêntica hoje está reduzida a nada. No mainstream, medalhões ficam revisitando eternamente seu repertório ou, quando lançam novidades, é sob a prisão mercadológica nas trilhas de novela "globais". Quando são novos artistas que se lançam, quase todos fazem um pop insosso com um ranço sub-Jovem Guarda ou um arremedo pior do Rock Brasil.
Novos talentos sempre existem, mas o mercadão não deixa divulgar. Enquanto Belo vai feliz da vida para cantar num reduto que deveria ser para cultura de vanguarda, os músicos de vanguarda penam para tocar num programa perdido da TV Senado ou algum canal comunitário pago, que nem seus fãs têm ideia onde são sintonizados, e isso quando conseguem ter algum espaço do nível.
No entanto, os músicos de vanguarda tendem mais a ralar tocando na rua, gastando com os salários de outros empregos a compra de algum amplificador e instrumentos para tocarem em ruas nas cidades, com um chapéu ou capa de instrumento servindo de "cofre" para as pessoas deixarem seus donativos em dinheiro, que mal dão para o gasto.
E isso quando não há o perigo de pivetes aparecerem para furtar o dinheiro que está ali, ávidos em pegar qualquer coisa - dinheiro, objetos de valor e até os não muito valiosos - , se atrevendo a furtar quando não há policiamento adequado - ou mesmo quando há, mas os policiais "dão mole" - , para ter a grana do "baseado".
Quem tem vocação artística e quer fazer música por compromisso para a arte, com a cultura e a transmissão de conhecimento, tem dificuldades de arrumar espaços de divulgação. Existem pessoas capazes de honrar a Música Popular Brasileira com renovação de verdade, mas eles encontram dificuldades para se apresentar e divulgar o trabalho.
Eles, que têm a dizer, cantar, tocar e criar, são passados para trás por um bando de canastrões que acha que podem imitar a fórmula disso ou daquilo, parasitando macetes consagrados da MPB e carregando pretensão ao citar referenciais culturais de qualidade.
Aí entra Wesley Safadão com sua camiseta com a foto de David Bowie ou, mais recentemente, Marrone, da indigesta dupla Bruno & Marrone, ficar bajulando a intelectualizada atriz e escritora Bruna Lombardi. E ainda não conseguimos digerir a inclusão de funqueiras para abrir uma exposição sobre Josephine Baker no Museu de Arte do Rio de Janeiro.
Embora a grande mídia - tão reacionária e oportunista que permite a contratação de Kim Kataguiri como colunista de jornal e portal de notícias - fique dizendo que é a "cultura popular" que se sofistica, e a intelectualidade "bacana" dizendo que é a "rebelião das periferias" que tomou conta do país, o que vemos é a subordinação da cultura brasileira ao show business.
Enquanto rola esse comercialismo musical de ídolos canastrões que precisam pegar carona em referenciais culturais mais relevantes, os verdadeiros artistas musicais continuam sua via crucis tocando na rua ou acertando apresentações em poucos espaços culturais disponíveis ou em programas perdidos no fim de noite ou na madrugada nos canais mais obscuros da TV paga.
A canastrice musical brasileira avança em busca de mais reservas de mercado. Enquanto há um discurso hipócrita dizendo que são os "ídolos populares" que ampliam novas conquistas, a verdade é que o brega-popularesco quer tirar os espaços da MPB autêntica, esta cada vez mais discriminada, marginalizada e mantida no cativeiro midiático das trilhas sonoras de novelas da Rede Globo.
Nos últimos meses, dois exemplos, pelo menos, chamaram a atenção: o cantor de "forró eletrônico", Wesley Safadão, tirando onda com uma camiseta com a foto de David Bowie - sua imagem mais famosa, que remete ao personagem Aladdin Sane - , pouco antes do músico inglês morrer.
Outro exemplo foi a apresentação do cantor de sambrega Belo, que com tanto lugar para ele se apresentar, ele que tem a grande mídia e o mercado beijando os seus pés, escolheu o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro para cantar ontem.
Claro que a canastrice generalizada que é a música brega-popularesca - ou Música de Cabresto Brasileira, porque ela se populariza através da "cultura de cabresto" que a mídia empurra para o "povão" - sempre tentou avançar para espaços mais conceituados, atrapalhando quem tem valor mas mal consegue divulgar seu trabalho num programa da TV paga escondido de madrugada.
Mas a coisa vai longe demais. A MPB autêntica hoje está reduzida a nada. No mainstream, medalhões ficam revisitando eternamente seu repertório ou, quando lançam novidades, é sob a prisão mercadológica nas trilhas de novela "globais". Quando são novos artistas que se lançam, quase todos fazem um pop insosso com um ranço sub-Jovem Guarda ou um arremedo pior do Rock Brasil.
Novos talentos sempre existem, mas o mercadão não deixa divulgar. Enquanto Belo vai feliz da vida para cantar num reduto que deveria ser para cultura de vanguarda, os músicos de vanguarda penam para tocar num programa perdido da TV Senado ou algum canal comunitário pago, que nem seus fãs têm ideia onde são sintonizados, e isso quando conseguem ter algum espaço do nível.
No entanto, os músicos de vanguarda tendem mais a ralar tocando na rua, gastando com os salários de outros empregos a compra de algum amplificador e instrumentos para tocarem em ruas nas cidades, com um chapéu ou capa de instrumento servindo de "cofre" para as pessoas deixarem seus donativos em dinheiro, que mal dão para o gasto.
E isso quando não há o perigo de pivetes aparecerem para furtar o dinheiro que está ali, ávidos em pegar qualquer coisa - dinheiro, objetos de valor e até os não muito valiosos - , se atrevendo a furtar quando não há policiamento adequado - ou mesmo quando há, mas os policiais "dão mole" - , para ter a grana do "baseado".
Quem tem vocação artística e quer fazer música por compromisso para a arte, com a cultura e a transmissão de conhecimento, tem dificuldades de arrumar espaços de divulgação. Existem pessoas capazes de honrar a Música Popular Brasileira com renovação de verdade, mas eles encontram dificuldades para se apresentar e divulgar o trabalho.
Eles, que têm a dizer, cantar, tocar e criar, são passados para trás por um bando de canastrões que acha que podem imitar a fórmula disso ou daquilo, parasitando macetes consagrados da MPB e carregando pretensão ao citar referenciais culturais de qualidade.
Aí entra Wesley Safadão com sua camiseta com a foto de David Bowie ou, mais recentemente, Marrone, da indigesta dupla Bruno & Marrone, ficar bajulando a intelectualizada atriz e escritora Bruna Lombardi. E ainda não conseguimos digerir a inclusão de funqueiras para abrir uma exposição sobre Josephine Baker no Museu de Arte do Rio de Janeiro.
Embora a grande mídia - tão reacionária e oportunista que permite a contratação de Kim Kataguiri como colunista de jornal e portal de notícias - fique dizendo que é a "cultura popular" que se sofistica, e a intelectualidade "bacana" dizendo que é a "rebelião das periferias" que tomou conta do país, o que vemos é a subordinação da cultura brasileira ao show business.
Enquanto rola esse comercialismo musical de ídolos canastrões que precisam pegar carona em referenciais culturais mais relevantes, os verdadeiros artistas musicais continuam sua via crucis tocando na rua ou acertando apresentações em poucos espaços culturais disponíveis ou em programas perdidos no fim de noite ou na madrugada nos canais mais obscuros da TV paga.
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