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A CHAMADA "SOCIEDADE CIVIL" SURTOU?


A tão "civilizada" sociedade "bem de vida" surtou de vez?

Vemos inúmeros casos de pessoas surtando e demonstrando posturas sociopatas.

Gente que você não imagina despejar pontos de vista tão mesquinhos e que fizeram, de maneira mais explícita possível.

Como numa catarse, expressam seu reacionarismo da forma estúpida.

Tivemos o renomado diretor teatral Cláudio Botelho, de peças sofisticadas e talento de montar espetáculos.

Pois quando encenava uma peça baseada em canções de Chico Buarque, Cláudio Botelho, nos bastidores, teve um chilique e irritado, demonstrou seus preconceitos em conversa com a atriz Soraya Ravenle.

Soraya, que discordava da visão do diretor, tentava rebater acusações levianas dele de que o PT "só tinha bandido". A conversa, gravada, "vazou" na Internet.

A reputação de Cláudio Botelho despencou de vez.

Depois, tivemos Guilherme Fiúza, colunista de Época.

É certo que ele é um reaça explícito, de carteirinha, membro-fundador do Instituto Millenium, mas ele havia também feito biografias como as do saudoso Bussunda e de Reinaldo Giannechini.

Ele se superou quando, em sua visão fora de órbita, acusava o New York Times de ser financiado pelo Partido dos Trabalhadores.

Recebeu gozações de jornalistas estrangeiros correspondentes no Brasil, em postagens no Twitter.

E aí temos o "moderno" empresário Flávio Rocha, da "descolada" grife de moda Riachuelo, que agora tem logotipo grafado RCHLO,

Ele é um dos maiores torcedores para que a terceirização passe na reforma trabalhista a ser debatida e discutida no Congresso Nacional, no próximo ano.

Uma terceirização total, não mais limitada a atividades-meio, mas se ampliando nas atividades-fim.

Flávio havia declarado que "será um golpe se a terceirização não for aprovada", se esquecendo que, do lado de baixo da pirâmide social, golpe é justamente aprovar a terceirização ampla e irrestrita para o mercado de trabalho.

Depois Flávio declarou, arrogante, que o "Estado Robin Hood acabou", alegando que o "livre mercado é a melhor maneira de distribuir riqueza".

Enquanto isso, era processado por forçar uma costureira a sobrecarregar seu trabalho, fazendo mil peças de bainha por jornada, e, por hora, colocar elástico em 500 calças e costurar 300 bolsos.

Depois, o baladado publicitário Nizan Guanaes.

Num discurso recente do Conselhão, o grupo de conselheiros de elite do governo Michel Temer, formado por atores, esportistas, empresários e outros setores, Nizan veio com a seguinte "pérola".

Dizer para o presidente Temer aproveitar que "não tem alta popularidade" para impor medidas "impopulares". Disse que a popularidade é "um fardo" e que nas democracias o desafio de um líder é "saber tomar medidas impopulares".

Cometeu uma grande gafe.

Agora, é a vez de Otávio Mesquita, conhecido apresentador de TV.

Ele fez um comentário no palanque de um trio elétrico, na Avenida Paulista, na manifestação de anteontem.

Embora não tenha defendido a agressão física, ele defendeu que se expulsassem os políticos que forem encontrados comendo em um restaurante.

Ele foi contraditório, dizendo que isso era "constitucional", alegando que "todos são iguais perante a lei", que não é para fazer agressão física, que sabe o que é um político se sentir humilhado e, ainda assim, defender a humilhação dos políticos.

Só que esse discurso acaba incitando a agressão física, sim. Por quê?

Porque é um discurso catártico, de apelo emocional, de ódio aos políticos.

E como se expulsará um político de um restaurante? Com pedidos educados?

A declaração de Otávio Mesquita se somou aos exemplos acima citados.

São apenas alguns deles, e de pessoas famosas ou do ramo empresarial, que de certo modo aparecem também no colunismo social.

Isso mostra o quanto as elites estão grosseiras.

Pessoas que, no fundo, estão paranoicas diante do risco de perder privilégios sob governos do PT.

Pelo menos Flávio Rocha deu a senha: o "Estado Robin Hood" que tira dos ricos para dar aos pobres, se bem que com a alusão pejorativa a "Robin Hood", pela atribuição à "roubalheira".

As elites, oficialmente conhecidas como "sociedade civil", surtaram porque estavam com medo de perder os privilégios e o glamour.

Daí as declarações cada vez mais estúpidas e reacionárias.

Já não se fazem mais elites como antigamente.

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