O Brasil anoiteceu com a notícia da prisão de um dos homens fortes do presidente Michel Temer, o ex-ministro da Secretaria de Governo, o baiano Geddel Vieira Lima.
A prisão, ocorrida ainda à tarde, foi feita através do desdobramento da Operação Lava Jato, Operação Cui Bono.
De manhã, foi a vez da cúpula dos ônibus do Rio de Janeiro, incluindo Jacob Barata Filho, com dez executivos recebendo ordens de prisão preventiva ou provisória.
Estas prisões são de outro desdobramento, a Operação Ponto Final, que investiga a corrupção no sistema de ônibus do Grande Rio.
Geddel é investigado por liberar verbas de forma ilícita para duas vice-presidências da Caixa Econômica Federal: a Gestão de Ativos de Terceiros e a de Pessoas Jurídicas, ligada ao próprio peemedebista.
Os executivos de ônibus são acusados de movimentar uma propina de R$ 260 milhões a políticos fluminenses.
Entre 2010 e 2016, o ex-governador fluminense Sérgio Cabral Filho, hoje preso pela Operação Lava Jato, recebeu R$ 122,8 milhões de propina entre 2010 e 2016.
Cabral recebeu sob diversas condições políticas: governador, senador e ex-senador.
Boa parte da propina era ligada ao aumento das passagens de ônibus, atendendo a interesses empresariais.
Era um esquema vigente desde 2007, também ligado aos esquemas políticos ligados à Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas Rio 2016, do grupo político de Cabral, do prefeito carioca Eduardo Paes e do sucessor e ex-vice de Cabral, Luiz Fernando Pezão.
Nesse tempo todo, foi imposta, sem consulta prévia da população, a pintura padronizada nos ônibus municipais cariocas.
Era um meio de confundir os passageiros colocando diferentes empresas de ônibus sob um mesmo visual.
Assim, a identidade da empresa de ônibus era acobertada, facilitando ainda mais a corrupção.
A pintura padronizada será revogada pelo atual prefeito Marcelo Crivella e seu secretário de Transportes, Fernando MacDowell, que declarou ser contra esta medida.
Medida semelhante já existe em Curitiba e Florianópolis, que também escondem as identidades das empresas de ônibus.
Curitiba foi pioneira, por iniciativa do prefeito biônico da ditadura militar, o arquiteto Jaime Lerner, hoje membro do Conselhão do governo Michel Temer.
Florianópolis adota a pintura padronizada desde 2014, na carona do modismo lançado pelo Rio de Janeiro.
As duas cidades também estão no alvo da Operação Ponto Final, que investigarão esquemas de propinas nos respectivos Estados, Paraná e Santa Catarina.
Voltando a Geddel, ele é conhecido por tentar empurrar a aprovação do IPHAN federal para a construção do pomposo prédio La Vue, em área de patrimônio histórico entre a Graça e a Barra, em Salvador.
Isso gerou um escândalo depois que o ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão, se recusando a atender o pedido de Geddel, pois o MinC tutela o IPHAN, uma de suas autarquias.
Quando soube da notícia, Calero escreveu nas mídias sociais que sonha com honestos que "possam dar sua contribuição" e desonestos que "respondam por seus atos".
Quanto à prisão de Geddel, ele reagiu a uma mensagem indignada do ator José de Abreu, no perfil deste do Twitter.
"E aí, Geddel? Vai pra cadeia!", disse o ator.
Geddel disparou uma ironia: "Só se for para visitar a sua mãe".
Com tantos incidentes, há relatos de que o presidente Michel Temer se encontra muito triste e deprimido.
A Câmara dos Deputados não garante que vá blindar o temeroso presidente no processo de avaliação da denúncia divulgada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin.
Até agora, o governo Temer é só isso. Escândalos e luta por sobrevivência política.
Se o Brasil está parado, a responsabilidade é do próprio Temer e daqueles que desenharam o cenário político vigente desde maio de 2016.
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