Pular para o conteúdo principal

REFORMA TRABALHISTA FAVORECERÁ PATRÕES EM DETRIMENTO DE EMPREGADOS

SENADORAS COMEM MARMITA ENQUANTO PROTESTAVAM CONTRA A REFORMA TRABALHISTA, OCUPANDO A MESA DO PLENÁRIO, ONTEM.

Uma vitória do presidente Michel Temer foi obtida ontem à noite.

A reforma trabalhista, que altera bruscamente a Consolidação das Leis Trabalhistas em 100 pontos, foi aprovada em segundo turno em votação difícil no Senado Federal.

O resultado foi de 50 votos contra 26, e nenhuma mudança teve o texto aprovado, o que significa que ele vai direto para a sanção presidencial.

Embora seus defensores afirmem que a reforma trabalhista "não trará prejuízos" aos trabalhadores, deve-se entender seu discurso como um jogo psicológico.

Isso porque, aparentemente, a reforma trará uma relação "equilibrada" entre patrões e empregados.

Em tese, ela apenas irá "desonerar" as obrigações patronais e "eliminar a burocracia" dos processos trabalhistas.

Seus defensores dizem que a reforma "vai modernizar as relações trabalhistas".

Mas, por trás desse discurso, há uma percepção: a reforma trabalhista pretende dar mais vantagens aos patrões, minimizando obrigações e atenuando abusos cometidos.

É como numa equação lógica.

No enunciado, se propõe uma relação "equilibrada" entre patrões e empregados.

Mas sabe-se que os patrões têm mais privilégios econômicos e, por conseguinte, políticos e jurídicos, que os empregados.

Não há como "igualar" interesses de patrões com os de empregados se eles, muitas vezes, entram em conflito.

Com a reforma trabalhista, serão abertos caminhos para os abusos dos patrões e as limitações dos empregados.

Isso não é anunciado na cara dura, mas a prática é que revela tais desastres.

É o cotidiano que mostrará tudo isso: redução salarial, atraso de pagamentos, demissões sem justa causa, instabilidade no emprego, aumento da carga horária, sobrecarga de funções.

A reforma não mostrará isso, formalmente.

E é por isso que a mídia hegemônica tenta dar um discurso verossímil que traz uma imagem "positiva" da reforma trabalhista.

Na teoria, tudo é maravilhoso, mas na prática, é um pesadelo. Até o assédio moral dos patrões se tornará mais grave com a reforma trabalhista.

Nos processos judiciais, até a "equiparação" de cinco salários mínimos nas indenizações por danos morais dará ao empregado de maior salário mais vantagem àquele mais pobre.

Há vários pontos inconstitucionais da reforma trabalhista, alerta o Ministério Público do Trabalho.

Só o fato de que os gastos dos processos trabalhistas serão feitos pelos empregados é de arrancar os cabelos.

E ainda mais quando há a possibilidade do salário ser reduzido.

Sem falar de que, nas regiões rurais, se permitirá até a troca do salário por alojamentos e alimentação que podem ser concedidos de forma precária.

No caso dos salários, o pagamento em separado para alimentação e transportes pode ser cancelado, transferindo os custos para o valor salarial propriamente dito.

Até a Organização Internacional do Trabalho, ligada à ONU, alerta que a reforma trabalhista viola regras internacionais obtidas por acordos internacionais pela proteção dos direitos dos trabalhadores.

Mas a plutocracia é surda ao mundo, ela ouve apenas a voz do umbigo. Nem se Jesus Cristo alertasse eles dariam ouvidos.

E a mídia hegemônica ainda foi esculhambar o incidente produzido pelas senadoras da oposição, durante os trabalhos no plenário do Senado Federal.

As senadoras Gleisi Hoffman (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), Regina Sousa (PT-PI) e Lídice da Mata (PSB-BA), sendo esta ex-prefeita de Salvador, ocuparam a mesa diretora do plenário.

Elas se sentaram à mesa, por volta de 12h30, e ainda levaram marmita para comer no local, antes da chegada do presidente da casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

A ocupação causou tumulto no Senado e os parlamentares aliados de Temer discutiram com as senadoras da oposição.

A mídia hegemônica definiu a ação como uma "baderna", uma "desordem".

As cinco manifestantes foram apoiadas por outros senadores e senadoras da oposição.

Eunício Oliveira, fora da casa legislativa, chegou a apagar a luz do plenário e suspender a sessão por quatro horas.

O presidente do Senado ironizou a manifestação, dizendo: "Nem a ditadura militar ousou ocupar mesa no Congresso".

Mas o protesto das senadoras foi motivado por um dos itens da reforma trabalhista, que permitirá expor mulheres gestantes às condições insalubres do trabalho, com sério risco à saúde delas e dos filhos.

Por volta de 19 horas, três horas após serem reacesas as luzes, as senadoras deixaram a mesa diretora.

A votação então se deu em ritmo rápido e, menos de duas horas depois, a reforma trabalhista foi aprovada.

A bela teoria difundida pela mídia hegemônica é motivo de comemoração e tranquilidade para quem é guiado por essa narrativa.

Mas, na prática, a reforma trabalhista trará uma grande catástrofe para o cotidiano de muitos trabalhadores.

Serão os empregados os mais prejudicados, já que tudo foi liberado para os patrões.

A reforma trabalhista será uma daquelas provas que é preciso o erro acontecer para que todos possam perceber a besteira que fizeram.

E, certamente, os parlamentares que votaram pela reforma trabalhista contraíram arranhões que podem comprometer a campanha de 2018.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

LULA NÃO QUER ROMPER COM A VELHA ORDEM

Vamos combinar uma coisa. As redes sociais são dominadas por uma elite bem de vida e de bem com a vida, uma classe brasileira que se acha "a mais legal do planeta", e "a mais equilibrada", sem os fundamentalismos afro-asiáticos nem os pessimismos distópicos do Existencialismo europeu. Essa classe quer parecer tudo de bom e soar, para outras pessoas, diferente dos padrões convencionais da humanidade. Daí a luta de muitos em serem aquilo que não são, parecerem o oposto de si mesmos para lacrar na Internet e obter popularidade e prestígio. Daí ser compreensível que a falsidade é um fenômeno tipicamente brasileiro. O "tomar no cool " que combina pretensiosismos e falsos preciosismos, grandiloquência e espiral do silêncio, a obsessão em parecer diferente sem abandonar as convenções sociais, a luta em parecer novo sem deixar de ser velho, de estar na vanguarda mesmo sendo antiquado, na esperança de que o futuro repita o passado enquanto se vê um museu de grandes

LULA ESTÁ A SERVIÇO DA ELITE DO ATRASO

A queda de popularidade de Lula está sendo apontada por supostas pesquisas de opinião, o que, na verdade, soam como um reflexo suavizado do que já ocorre desde que Lula decidiu trocar o combate à fome e o desemprego pelas viagens supérfluas ao exterior. Mas os lulistas, assustados com essa realidade, sem saber que ela é pior do que se imagina, tentam criar teorias para amenizar o estrago. Num dia, falam que é a pressão da grande mídia, noutro, a pressão dos evangélicos, agora, as falas polêmicas de Lula. O que virá depois? Que o Lula perdeu popularidade por não ser escalado para o Dancing With the Stars dos EUA para testar o "novo quadril"? A verdade é que Lula perdeu popularidade porque sei governo é fraco. Fraquíssimo. Pouco importam as teorizações que tentam definir como "acertadas" as viagens ao exterior, com a corajosa imprensa alternativa falando em "n" acordos comerciais, em bilhões de dólares atraídos para investimentos no Brasil, isso não convence

O DESESPERO DAS ESQUERDAS COM A CRISE DO GOVERNO LULA

LULA INVESTE NO MUNDO DE SONHO E FESTA, QUE NÃO CONOVE QUEM ESTÁ FORA DA BOLHA LULISTA. As esquerdas, na semana passada, ficaram apreensivas. Depois da boa adesão de bolsonaristas na passeata da Avenida Paulista, no último 25 de fevereiro, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade do presidente Lula, mesmo quando aparentemente foram divulgados resultados positivos na Economia. Crentes num protagonismo pleno e numa certeza absoluta de triunfo do Brasil, como se seu processo de transformação em país desenvolvido fosse inevitável e inabalável, as esquerdas brasileiras se recusam a admitir a realidade, a de que elas não são tão protagonistas quanto imaginam. Na verdade, as esquerdas "alugaram" seu espaço político aproveitando as brechas jurídicas do Supremo Tribunal Federal (STF), que só passou a reagir contra a Operação Lava Jato preocupados com a ascensão abusiva de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol ao poder. Era o velho fenômeno do capanga querendo tomar o

LULA REPAGINA O "MILAGRE BRASILEIRO"

O TERCEIRO MANDATO DE LULA NÃO REPRESENTA RUPTURA COM OS PARADIGMAS SOCIOCULTURAIS VIGENTES NO PERÍODO DO GENERAL ERNESTO GEISEL, APENAS ADAPTANDO O "MILAGRE BRASILEIRO" PARA UM CONTEXTO "DEMOCRÁTICO". Duas "boas notícias" envolvem o Brasil.  Uma é a divulgação de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta um aparente crescimento da renda per capita da população brasileira, tomando como critérios de avaliação o trabalho, a aposentadoria, os auxílios governamentais (como o Bolsa Família), o aluguel e outros rendimentos. Segundo os dados divulgados, correspondentes a 2023, o maior nível de rendimentos médios está no Distrito Federal, com o valor de R$ 3.357, enquanto o Maranhão aparece em último lugar, com R$ 945. São Paulo teve o valor de R$ 2.492, estando em segundo. Em terceiro, o Rio de Janeiro ficou em terceiro, com R$ 2.367.  Reduto do bolsonarismo, Santa Catarina, quinta colocada, ficou com R$ 2.269, seguida do berço d

QUANDO SUCESSO E DIGNIDADE NÃO COMBINAM EM SALVADOR

O Brasil já é um país de arrivistas, cujo modelo de moral religiosa se empenha, quase sempre, em proteger os abusos dos outros, como se a dignidade de um aflito se medisse na complacência ou mesmo na servidão a quem subiu na vida de maneira desonesta ou inconveniente. Tanto isso ocorre que há um certo exagero na pregação de religiosos para os aflitos "retrabalharem as energias" para saírem de seus infortúnios. Na verdade, isso também é um meio, de, através da misericórdia e do perdão (não seriam "riquesicórdia" e "ganhão"?) a um abusador, poupado e mantido nos seus privilégios desmerecidos, se passe pano nas desigualdades que se agravam no nosso país? As religiões, por meio desse procedimento, tentam fazer os aflitos se convencerem de que é preciso ter sangue de barata para viver. Não se pode sequer gemer de dor, quanto mais reclamar da cida. Se a pessoa vive um drama kafkiano, que então se sinta como o homem tornado barata, na metamorfose astral mediante

RETORNEI DE FÉRIAS

Foram dezoito dias no Grande Rio. Duque de Caxias, sobretudo Xerém, mais Rio de Janeiro, principalmente Tijuca, com passeios pelo Centro, Méier, Del Castilho e Barra da Tijuca. Uma breve passagem em Niterói, focalizando Icaraí e Jardim Icaraí, mas passando pela Rodoviária na Avenida Feliciano Sodré e no Plaza Shopping, no Centro. Dias de férias, entre 19 de dezembro e 06 de janeiro. Ao voltar para São Paulo, é tempo de arrumar a casa e planejar a vida. E o Linhaça Atômica está de volta, depois de alguns dias com reprise de antigas postagens. 2022 foi embora, bastante difícil e um tanto doloroso, e 2023 começa, prometendo ser também um outro ano difícil. Mas vamos seguir em frente, e esperamos que melhorias ocorram. O blogue está de volta.