Sabe aquelas coisas que, quando começam a pegar de verdade, são descartadas de uma vez?
Pois a Operação Lava Jato é mais uma delas, e hoje foi anunciado o fim dos trabalhos da força-tarefa da Polícia Federal de Curitiba.
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que na foto acima aparece inclinado, grisalho e barbudo, ao lado do colega Deltan Dallagnol, que está no centro da foto, anunciou a decisão.
"A Polícia Federal não tem mais dinheiro para passaporte. A Força-tarefa da Polícia Federal na operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados", afirmou Lima.
Consta-se que a escolha de Torquato Jardim para o Ministério da Justiça era uma das peças do jogo que o presidente Michel Temer está movendo para salvar seu governo.
E o fim da Operação Lava Jato ocorre quando os processos por corrupção contra Aécio Neves foram todos definitivamente arquivados pelos colegas do Senado Federal.
O arquivamento foi um grande presente que os senadores plutocráticos deram ao receberem de volta seu ilustre colega.
Só faltava oferecer bolo, bebidas, salgadinhos porque o que foi feito em favor de Aécio Neves mais parece um festão de confraternização de velhos amigos.
Do contrário de Dilma Rousseff, expulsa do poder por boatos infundados, Aécio estava envolvido em corrupção até a medula.
Provas consistentes de diversos esquemas eram praticamente jogados no lixo com essa absolvição.
Aécio Neves era um dos investigados pela Lava Jato e, juntamente com Temer, um dos maiores denunciados pela delação de Joesley Batista, empresário da J&F.
Mesmo assim, todo o processo foi arquivado. Até o risco de cassação de mandato se evaporou.
Quanto à Lava Jato, é evidente que a operação tinha um processo duvidoso, cheio de irregularidades, tendencioso e seletivo.
Mas quando deixou de lado a seletividade, dava vontade de ver, pelo menos, os políticos plutocratas serem denunciados.
O juiz Sérgio Moro, que chegou a ser "o maior herói do Brasil", acabou sendo, aos poucos, apagado.
Seu protagonismo parece se dissolver aos poucos, quando a Lava Jato passou a ir além das perseguições ao "lulopetismo".
Não era necessariamente um combate à corrupção, mas uma esperança de desgaste político dos denunciados.
Observa-se uma grande desordem no Executivo, Legislativo e no Judiciário.
Da mesma forma, também se vê isso no Ministério Público e no poder midiático.
E Michel Temer foi para a Alemanha, na reunião do G-20, mais uma vez fazendo o papel de mero brazilian leader, só que ainda mais desmoralizado.
A crise aguda já dá indícios de que o PSDB poderá sair da base aliada do temeroso governo.
E que Rodrigo Maia, o antes totalmente fiel a Temer, transformará seu cargo de presidente da Câmara dos Deputados como trampolim para chegar ao Executivo federal, se mantiver a via direta para sucessão presidencial.
Enquanto isso, a Operação Lava Jato desmontou sua força-tarefa por causa de falta de recursos para trazer delegados e outros agentes.
Seu fim acabou se tornando, de certa forma, vergonhoso.
Como vergonhoso é o cenário político, jurídico e midiático como um todo.
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