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A POLUIÇÃO SONORA NA GRANDE SALVADOR E NO GRANDE RIO


Poluição sonora é um dos sérios problemas das grandes cidades. No entanto, Salvador parece se empenhar um pouco melhor que o Rio de Janeiro no combate ao barulho.

Aparentemente, o Rio de Janeiro, pelo menos a capital, tem ações de combate à poluição sonora em casas noturnas e outros estabelecimentos ou em carros de som.

A Guarda Municipal é responsável pela fiscalização e a multa pode variar entre R$ 350 e R$ 3.500. Um valor modesto, diga-se de passagem.

Mas o novo valor proposto, variando entre R$ 500 e R$ 5 mil, também é modesto.

Em Salvador, onde a multa varia de R$ 813 e R$ 135 mil, houve uma operação para combater a barulheira que atravessa horas no calor da noite.

Os bairros fiscalizados foram Costa Azul (onde eu já morei), Imbuí, Itapuã, São Cristóvão, Jardim das Margaridas, Cajazeiras, Plataforma, Liberdade, Mirantes de Periperi, Rio Sena, Alto da Terezinha e Periperi.

No último fim de semana de janeiro passado, foram apreendidos 37 equipamentos e expedidas 15 notificações e 22 autos de infração.

Em Salvador, é estabelecido um limite de altura sonora em 70 decibéis, entre sete e 22 horas, e 60 no restante das horas.

No Rio de Janeiro, é estabelecido um limite diurno para 50 decibéis em áreas residenciais e 60 decibéis para áreas comerciais. Não consegui, até a edição deste texto, verificar o valor estabelecido para o período noturno, mas creio ser 45 decibéis.

Mesmo assim, observa-se que, no Grande Rio, quando ocorrem partidas de futebol, a histeria dos torcedores atravessa noite adentro.

Mesmo perto da meia-noite, se ocorrer um jogo com um dos quatro principais times cariocas (Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco), a cada gol de um desses times resulta em gritaria imensa.

Em Salvador, a poluição sonora, embora ocorra nesse sentido da gritaria dos torcedores, não é predominante, pelo menos nos bairros de classe média.

Na cidade, a poluição sonora vem de transmissões radiofônicas de categorias profissionais como porteiros de prédios, taxistas, frentistas de postos de gasolina e, sobretudo, bares.

A imprensa, nestes casos, evita falar de transmissões esportivas ou gritos de torcedores, por questões corporativistas: envolvem radialistas esportivos que são amigos dos editores-chefes e articulistas da grande imprensa e, em certos casos, vários trabalham em jornais impressos ou on line.

Daí o sério problema: quando a poluição sonora envolve transmissão de futebol, a grande mídia desconsidera o termo e trata com indiferente naturalidade.

Neste caso, é ruim em todos os aspectos.

Numa transmissão televisiva, é o grito dos torcedores que mais incomoda, perturbando o sono a cada gol feito em favor de um time.

Numa transmissão radiofônica, embora haja esse risco de gritaria, é a transmissão em si, com locutores falando rapidinho e gritando, é que traz a irritação da pessoa que quer dormir à noite.

Se bem que, de dia, tanto uma quanto outra irritam quem quer viver sossegadamente. O torcedor que quiser ouvir transmissão esportiva, que vá a um local mais ermo ou use fones de ouvido.

Espera-se que o corporativismo jornalístico possa ser rompido, embora se duvide quando isso ocorrerá.

Até lá, infelizmente, quando ocorre uma transmissão esportiva, o que deveria ser poluição sonora acaba sendo, tolamente, "pura emoção". Quem perde são nossos ouvidos.

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