CARTAZ DA RÁDIO JB FM, QUE, VERGONHOSAMENTE, TOCA MAIS MÚSICA ESTRANGEIRA QUE BRASILEIRA, O QUE DEVERIA SER O CONTRÁRIO.
Muitas pessoas estão preocupadas com a decadência sócio-cultural do Rio de Janeiro em todos os aspectos.
Antes um importante pólo cultural, o Rio de Janeiro sucumbiu ao comercialismo, à mesmice e até mesmo à indigência cultural.
Se surgiu a aberração do roqueiro que, não bastasse ouvir só os greatest hits, é capaz de ser fã de certas bandas por causa de uma música só - os tais "fãs de uma só música", rebaixando bandas seminais como AC/DC a one-hit wonders - , então a coisa é grave.
Se o Rio de Janeiro hoje é mais receptivo ao "sertanejo" que ao rock alternativo, a coisa é mais grave ainda.
E aí temos o fato de que passou-se pouco mais de um ano após o fim da MPB FM, única rádio dedicada à música brasileira de qualidade.
Nenhuma rádio de pop adulto conseguiu suprir de forma definitiva a carência de MPB na programação radiofônica.
Em vez de duas músicas brasileiras para cada música estrangeira, é uma ou até mesmo duas estrangeiras para cada brasileira.
Há esforços consideráveis, é verdade, e até a Antena Um foi tocar coisas seminais da MPB dos anos 1970, mas é muito pouco.
A Sul América Paradiso acolheu dois programas da MPB FM: Palco MPB e Samba Social Clube.
Mas a rádio que deveria aumentar o espaço de MPB na programação, a rádio JB FM (que tem Brasil no nome), a coisa chega a ser vergonhosa.
A rádio chega a colocar, nas 10 mais, 60% de estrangeiros contra 40% de brasileiros.
Além do mais, a grande queixa é a execução excessiva e repetitiva de flash backs gringos, como se fossem canções atuais, a qualquer hora do dia.
Já existem músicas de nomes respeitáveis como Simply Red, Daryl Hall & John Oates e Christopher Cross que estão se tornando insuportáveis de ouvir, concorrendo ao "troféu Stairway to Heaven" de canções boas que ninguém aguenta mais ouvir.
Poderia haver um horário específico para os flash backs, geralmente à noite, sob a recomendação a quem quiser ouvir as músicas a qualquer hora, que recorra para o YouTube.
Mas não. Enquanto falta espaço para novos artistas de MPB divulgarem seu trabalho sem depender de trilhas de novelas da Rede Globo, sobra espaço para os mesmíssimos hits passadistas estrangeiros, que se repetem a ponto de não lembrarem mais o ano em que foram originalmente gravados.
Passou-se o ano de 2017 e o Rio de Janeiro não viu se destacar um único novo artista de MPB.
Enquanto isso, os cariocas só conheceram, como "música brasileira" em 2017, ídolos brega-popularescos e ultracomerciais como Pablo Vittar, Marília Mendonça e Simone & Simaria.
Enquanto isso, há pelo menos três rádios popularescas, quatro rádios com programação tipo "rádio AM" nos quais o comunicador só toca uma música cortada, nem sempre MPB.
A Band News até está tocando uns jingles com arranjo MPB - do café Evolutto, por exemplo - , mas é pouco.
Se ao menos a imprensa pudesse também divulgar os nomes dos músicos e cantores envolvidos em peças publicitárias para rádio, seria uma boa.
Mesmo nas agências que produzem fundos musicais para comerciais sob encomenda, devem estar escondidos músicos inovadores que poderiam estar aí tocando nos palcos.
O ideal das rádios de pop adulto é reduzir essa divulgação de flash back estrangeiro, pelo menos em 20%, e colocar mais MPB na programação, sejam antigas ou novas, e sem se prender apenas aos hits mais conhecidos.
As rádios de pop adulto não podem virar escravas de editores brasileiros de músicas estrangeiras. Afinal, não são eles o público dessas rádios, não é mesmo?
O rádio precisa sair de suas zonas de conforto, porque apostando em fórmulas estáveis que foram bem sucedidas há 25 anos mas hoje não são mais, simplesmente as emissoras irão falir.
Talvez seja necessário nossos gerentes artísticos das rádios saírem dos estúdios e derem uma volta às ruas para arejar as mentes, porque eles sofrem de um violento autismo profissional.
Não adianta ceder às pressões do público mais exigente por duas semanas e, depois, voltar tudo à velha rotina de sempre.
Seria preciso um trabalho de mudança, e o melhor seria que as rádios de pop adulto tocassem, ao menos, 60% de MPB e 40% de estrangeiro, diminuindo a ênfase nos flash backs estrangeiros.
Não adianta dizer que os ouvintes "pedem flash backs estrangeiros o tempo todo" porque é mentira: até pedem, mas não a ponto dessas músicas serem tocadas como se fossem sucessos de hoje.
Paciência, rádios como a JB FM não podem se comportar como se fossem rádios novaiorquinas. De que adianta colocar o Rio de Janeiro em suas propagandas se o repertório é Nova York puro, típico das rádios de lá conhecidas por um quarteto de letras?
Vamos valorizar a música brasileira de qualidade, que está perdendo espaços, tendo como último exílio os mercados de alimentos em geral, as chamadas groceries.
Adotar uma postura de respeito não é posar de sério como as rádios de pop adulto fazem, mas abrir mão de certas zonas de conforto que ignoram que o que deu certo antes pode dar errado hoje.
Espera-se que a lacuna da MPB FM seja devidamente preenchida, se não por uma rádio exclusiva, pelo menos por espaços maiores de divulgação em outras rádios.
E vamos lembrar que os flash backs estrangeiros são coisa do passado, não servindo mais para serem os sucessos do momento.
Muitas pessoas estão preocupadas com a decadência sócio-cultural do Rio de Janeiro em todos os aspectos.
Antes um importante pólo cultural, o Rio de Janeiro sucumbiu ao comercialismo, à mesmice e até mesmo à indigência cultural.
Se surgiu a aberração do roqueiro que, não bastasse ouvir só os greatest hits, é capaz de ser fã de certas bandas por causa de uma música só - os tais "fãs de uma só música", rebaixando bandas seminais como AC/DC a one-hit wonders - , então a coisa é grave.
Se o Rio de Janeiro hoje é mais receptivo ao "sertanejo" que ao rock alternativo, a coisa é mais grave ainda.
E aí temos o fato de que passou-se pouco mais de um ano após o fim da MPB FM, única rádio dedicada à música brasileira de qualidade.
Nenhuma rádio de pop adulto conseguiu suprir de forma definitiva a carência de MPB na programação radiofônica.
Em vez de duas músicas brasileiras para cada música estrangeira, é uma ou até mesmo duas estrangeiras para cada brasileira.
Há esforços consideráveis, é verdade, e até a Antena Um foi tocar coisas seminais da MPB dos anos 1970, mas é muito pouco.
A Sul América Paradiso acolheu dois programas da MPB FM: Palco MPB e Samba Social Clube.
Mas a rádio que deveria aumentar o espaço de MPB na programação, a rádio JB FM (que tem Brasil no nome), a coisa chega a ser vergonhosa.
A rádio chega a colocar, nas 10 mais, 60% de estrangeiros contra 40% de brasileiros.
Além do mais, a grande queixa é a execução excessiva e repetitiva de flash backs gringos, como se fossem canções atuais, a qualquer hora do dia.
Já existem músicas de nomes respeitáveis como Simply Red, Daryl Hall & John Oates e Christopher Cross que estão se tornando insuportáveis de ouvir, concorrendo ao "troféu Stairway to Heaven" de canções boas que ninguém aguenta mais ouvir.
Poderia haver um horário específico para os flash backs, geralmente à noite, sob a recomendação a quem quiser ouvir as músicas a qualquer hora, que recorra para o YouTube.
Mas não. Enquanto falta espaço para novos artistas de MPB divulgarem seu trabalho sem depender de trilhas de novelas da Rede Globo, sobra espaço para os mesmíssimos hits passadistas estrangeiros, que se repetem a ponto de não lembrarem mais o ano em que foram originalmente gravados.
Passou-se o ano de 2017 e o Rio de Janeiro não viu se destacar um único novo artista de MPB.
Enquanto isso, os cariocas só conheceram, como "música brasileira" em 2017, ídolos brega-popularescos e ultracomerciais como Pablo Vittar, Marília Mendonça e Simone & Simaria.
Enquanto isso, há pelo menos três rádios popularescas, quatro rádios com programação tipo "rádio AM" nos quais o comunicador só toca uma música cortada, nem sempre MPB.
A Band News até está tocando uns jingles com arranjo MPB - do café Evolutto, por exemplo - , mas é pouco.
Se ao menos a imprensa pudesse também divulgar os nomes dos músicos e cantores envolvidos em peças publicitárias para rádio, seria uma boa.
Mesmo nas agências que produzem fundos musicais para comerciais sob encomenda, devem estar escondidos músicos inovadores que poderiam estar aí tocando nos palcos.
O ideal das rádios de pop adulto é reduzir essa divulgação de flash back estrangeiro, pelo menos em 20%, e colocar mais MPB na programação, sejam antigas ou novas, e sem se prender apenas aos hits mais conhecidos.
As rádios de pop adulto não podem virar escravas de editores brasileiros de músicas estrangeiras. Afinal, não são eles o público dessas rádios, não é mesmo?
O rádio precisa sair de suas zonas de conforto, porque apostando em fórmulas estáveis que foram bem sucedidas há 25 anos mas hoje não são mais, simplesmente as emissoras irão falir.
Talvez seja necessário nossos gerentes artísticos das rádios saírem dos estúdios e derem uma volta às ruas para arejar as mentes, porque eles sofrem de um violento autismo profissional.
Não adianta ceder às pressões do público mais exigente por duas semanas e, depois, voltar tudo à velha rotina de sempre.
Seria preciso um trabalho de mudança, e o melhor seria que as rádios de pop adulto tocassem, ao menos, 60% de MPB e 40% de estrangeiro, diminuindo a ênfase nos flash backs estrangeiros.
Não adianta dizer que os ouvintes "pedem flash backs estrangeiros o tempo todo" porque é mentira: até pedem, mas não a ponto dessas músicas serem tocadas como se fossem sucessos de hoje.
Paciência, rádios como a JB FM não podem se comportar como se fossem rádios novaiorquinas. De que adianta colocar o Rio de Janeiro em suas propagandas se o repertório é Nova York puro, típico das rádios de lá conhecidas por um quarteto de letras?
Vamos valorizar a música brasileira de qualidade, que está perdendo espaços, tendo como último exílio os mercados de alimentos em geral, as chamadas groceries.
Adotar uma postura de respeito não é posar de sério como as rádios de pop adulto fazem, mas abrir mão de certas zonas de conforto que ignoram que o que deu certo antes pode dar errado hoje.
Espera-se que a lacuna da MPB FM seja devidamente preenchida, se não por uma rádio exclusiva, pelo menos por espaços maiores de divulgação em outras rádios.
E vamos lembrar que os flash backs estrangeiros são coisa do passado, não servindo mais para serem os sucessos do momento.
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