Reportagem da Folha de São Paulo da última segunda-feira deu o sinal.
Segundo o texto, Luciano Huck tende a atrair segmentos do lulismo, garantindo votos de setores de esquerda simpáticos a ele.
Huck costuma ser diplomático com as esquerdas e evita ataques frontais a Lula. Chegou, de forma tendenciosa, a aparecer em fotos ao lado do ex-presidente.
Apesar de recentemente denunciado por pegar dinheiro do BNDES para comprar um jatinho, conforme informação revelada por Fernando Brito, do Tijolaço, Huck continua em alta.
O jatinho foi comprado em nome da Brisair Serviços Técnicos Aeronáuticos Ltda., empresa de propriedade de Luciano Huck e da esposa e colega de ofício, Angélica Ksyvickis.
O preço pago pelo avião foi de R$ 17,71 milhões, considerado barato para um avião desse porte.
Trata-se de um avião Phenom 505, cujo prefixo traz um trocadilho com o nome do apresentador: PP-HUC. Só falta botar um "K" no final.
O bem foi adquirido dentro do Finame, programa de financiamento de máquinas e equipamentos, a juros de 3% ao ano, 5 meses de carência e outros 114 meses para pagamento.
O Itaú, banco do qual Huck é garoto-propaganda, atua como operador do financiamento.
Luciano Huck tem o poder em suas mãos.
Fez popularizar, com a ajuda tanto da Jovem Pan FM, na qual foi apresentador do programa Torpedo da Pan, quanto da atual Rede Globo, uma gíria privativa de casas noturnas para riquinhos, "balada".
Fez propagar um tipo de "filantropia" espetacularizado, uma "caridade" que menos traz resultados para os necessitados e favorece mais a promoção pessoal do "benfeitor".
A religião que abandonei, o tal do Espiritismo feito no Brasil, é artífice nessa filantropia de fachada.
Huck é um empresário riquíssimo e, politicamente, um candidato conservador, mas que possui uma habilidade para se comunicar com os jovens.
É, também, um dos famosos que mais divulgam o "funk" no gosto popular, algo que as esquerdas médias se esquecem. "Funk" sempre foi "o caldeirão".
É ligado a movimentos de articulação política, como o Agora! e o RenovaBR.
É capaz, por outro lado, de se entrosar, de igual para igual, com gente mais velha que ele, como Abílio Diniz e Jorge Paulo Lemann, o "rei da cerveja".
O Carnaval acabou e o pessoal estava distraído com protestos contra o governo Michel Temer.
O Grêmio Recreativo Paraíso do Tuiuti, do Rio de Janeiro, realizou um samba-enredo criticando as reformas excludentes do governo Temer.
Foi ótimo. Repercutiu bem. Representou o réquiem do decadente governo temeroso.
Outras manifestações anti-plutocracia também foram observadas.
Na Rocinha, pivô de uma declaração polêmica de Jair Bolsonaro, depois esclarecida em comunicado de sua assessoria, se viu uma faixa de protesto: "STF: Se Lula for preso, o morro vai descer".
Jair disse que "metralharia a Rocinha", explicando depois que a expressão era para apenas combater os traficantes e milicianos que resistissem ao mandado de prisão.
A impressão que se tem é que o Carnaval brasileiro parece sonhar com a retomada de Lula ao poder e a sua inclusão na campanha eleitoral de 2018.
Não acho isso provável. Esse Carnaval parece muito otimista, mas os tempos tendem a ser sombrios.
O ano de 2018 é imprevisível, e o Judiciário está agindo nos bastidores para banir Lula.
A psicologia do Carnaval requer cautela. Nesse evento, há a inversão de emoções e liberação de instintos.
Mas, na quarta-feira de Cinzas, a realidade volta à tona.
E aí, o que veremos, é o surgimento da "esquerda caldeirão", que sempre se fingiu progressista e dança o "funk" e prefere provocatividade do que qualidade de vida.
Uma "esquerda" de classe média, da Barra da Tijuca, do Jurerê, dos Jardins, de Salvassi e do Corredor da Vitória, que adora bregalização cultural e libertinagem de instintos.
É uma "esquerda hedonista", que no entanto vê como secundária causas como a reforma agrária e a anulação das mudanças trabalhistas do governo Temer.
Essa "esquerda", composta de petistas menos arrojados e psolistas simpatizantes do lulismo, pode vir a eleger Luciano Huck, assim que Lula for banido da campanha eleitoral.
E isso levando junto os pseudo-esquerdistas que em 2002-2006 faziam seu teatrinho de "socialismo-caldeirão".
Ainda se verá o que vai dar, mas já se fala mais em Huck e menos em Lula.
A "esquerda caldeirão", sabe-se, deve vir aí, ao som do "funk" da Jojo Toddynho. Para decepção das esquerdas em geral, o "funk" será uma boa trilha sonora para a candidatura de Huck para a Presidência da República.
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