JOÃO DÓRIA JR. SENDO INDELICADO COM O EXPERIENTE SAMBISTA.
Neste Carnaval de 2018, marcado pela consagração do ultracomercialismo musical (com direito a Ivete Sangalo dando a luz a gêmeas), o ano de 2017 tende a se encerrar oficialmente daqui a poucos dias.
Mas, até lá, a música brasileira autêntica foi envolvida em três notícias, uma delas boa e outras duas, terríveis.
Uma é que João Marcelo Bôscoli, o filho de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli, vai fazer um programa de MPB na Rádio Globo "AM" em FM. O programa se chama Em Cartaz.
O horário é meio ingrato, todo domingo, de 23 horas à meia-noite, mas é um esforço significativo para suprir a falta de espaços para a música brasileira na programação radiofônica.
Curiosamente, é um horário onde deveriam estar confinados os flash backs estrangeiros que se repetem nas rádios de pop adulto, apagando da memória o contexto original das épocas em que as músicas foram gravadas.
Para quem não sabe, não há mais como ver sucessos de Christopher Cross e Daryl Hall & John Oates no contexto da época em que foram gravados. De tão repetidos, esses sucessos de cerca de 35 anos atrás mais parecem músicas de hoje, perderam o clima do passado.
A música brasileira ainda pena num contexto ultracomercial de pabllos e toddynhos.
Uma repórter, Patrícia Falcoski, da TV Globo de São Paulo, ao entrevistar a cantora Mart'nália, a chamou de "amiga de Martinho da Vila".
Ora, quem é informado das coisas sabe que Mart'nália é filha do grandioso sambista.
Patrícia Falcoski ainda arrumou uma desculpa, para desmentir de que estava desinformada da relação de parentesco dos dois cantores, depois que a jornalista foi bastante criticada nas mídias sociais.
"Nunca esqueci! Saiu na hora e brincamos com isso. Ainda bem que filha também é amiga!", tentou argumentar a jornalista.
Mas isso não procede. Vai contra a informação jornalística. Temos que admitir que Patrícia esqueceu, sim, de se informar que Mart'nália é filha de Martinho.
Sinal de que o jornalismo pós-2016 anda declinando seriamente na mídia hegemônica. Jornalistas de verdade já estão indo embora, ninguém aguenta ver a informação rebaixada a uma reles mercadoria.
Mas a "pérola" acabou sendo o caso de Zeca Pagodinho.
Ele foi humilhado pelo prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que forçou o sambista da Baixada Fluminense a posar para fotos com o político.
Dória Jr. queria aparecer ao lado de Zeca, para quem sabe capitalizar isso numa futura campanha eleitoral.
Numa foto, porém, Dória aparece apertando os braços do cantor, numa atitude de puro desrespeito.
É a foto que ilustra esta postagem e é constrangedora. Zeca era tratado como se fosse um idiota pelo prefake paulistano.
Fico pensando naquela religião que larguei, o tal do Espiritismo que é feito no Brasil.
Um conhecido paranormal baiano, já com 90 anos, tido como "humanista" e "unanimidade" mundial e famoso por ser um festejado orador, foi homenagear João Dória Jr. num evento "pacifista" em São Paulo.
Recentemente, a Internet denunciou esse paranormal como "impostor", contrariando a imagem "pura" que o religioso contraiu durante décadas, através da publicação de um antigo alerta de um jornalista, José Herculano Pires, sobrinho do contador caipira Cornélio Pires.
Nem a caridade, expressa numa instituição situada em Pau da Lima, Salvador, foi poupada. Herculano a definiu, há muito tempo, como "conduta condenável", como meio de promoção pessoal do "benfeitor".
Não frequentei essa instituição, felizmente. Mas passei várias vezes pelo local, pegando a linha de ônibus 1310 Estação Pirajá / CAB, que passa pelo referido bairro.
E esse "filantropo humanista", tido como "o maior do Brasil" pela Rede Globo, foi homenagear Dória e permitir o lançamento oficial de um estranho alimento, depois descartado.
Foi uma grande gafe e fico imaginando a sintonia do paranormal com o prefake, ambos amantes do turismo fútil e do culto à personalidade.
João Dória Jr. não deveria ter forçado a barra com Zeca, um sambista contemporâneo e um batalhador musical, um dos poucos a furar o cerco das rádios contra o samba autêntico.
No começo da carreira, Zeca Pagodinho era fortemente comparável a Noel Rosa, pela sua criativa combinação de musicalidade sambista com fino senso de humor.
Na sua Xerém (distrito de Duque de Caxias), Zeca é bem mais altruísta e, portanto, mais humanista do que o religioso "humanista" que ficava exibindo suas palavras rebuscadas para os ricos e poderosos do Brasil e do mundo.
Especialistas falaram que o "maior filantropo do Brasil" só ajudou menos que 0,01% da população brasileira.
Zeca, nas condições que tem em sua origem humilde, ajuda muito mais em Xerém do que o "humanista" ajuda em Pau da Lima.
A situação é complexa e o paranormal, apesar do claro apoio ao prefeito de São Paulo, foi visto por vários esquerdistas com muita complacência.
O paranormal apoiou também a Operação Lava Jato e atribuiu missão divina a Sérgio Moro e companhia.
Enquanto as esquerdas coçam a cabeça diante disso, o Brasil segue na sua complexidade.
Talvez as esquerdas médias estejam vendo Rede Globo demais, seus heróis são religiosos e ídolos musicais da mídia hegemônica.
Se talvez saíssem de seus apartamentos de classe média alta para visitar a Baixada Fluminense e o Pau da Lima que acontece fora da mitológica "mansão", veriam que a realidade é mais embaixo.
Neste Carnaval de 2018, marcado pela consagração do ultracomercialismo musical (com direito a Ivete Sangalo dando a luz a gêmeas), o ano de 2017 tende a se encerrar oficialmente daqui a poucos dias.
Mas, até lá, a música brasileira autêntica foi envolvida em três notícias, uma delas boa e outras duas, terríveis.
Uma é que João Marcelo Bôscoli, o filho de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli, vai fazer um programa de MPB na Rádio Globo "AM" em FM. O programa se chama Em Cartaz.
O horário é meio ingrato, todo domingo, de 23 horas à meia-noite, mas é um esforço significativo para suprir a falta de espaços para a música brasileira na programação radiofônica.
Curiosamente, é um horário onde deveriam estar confinados os flash backs estrangeiros que se repetem nas rádios de pop adulto, apagando da memória o contexto original das épocas em que as músicas foram gravadas.
Para quem não sabe, não há mais como ver sucessos de Christopher Cross e Daryl Hall & John Oates no contexto da época em que foram gravados. De tão repetidos, esses sucessos de cerca de 35 anos atrás mais parecem músicas de hoje, perderam o clima do passado.
A música brasileira ainda pena num contexto ultracomercial de pabllos e toddynhos.
Uma repórter, Patrícia Falcoski, da TV Globo de São Paulo, ao entrevistar a cantora Mart'nália, a chamou de "amiga de Martinho da Vila".
Ora, quem é informado das coisas sabe que Mart'nália é filha do grandioso sambista.
Patrícia Falcoski ainda arrumou uma desculpa, para desmentir de que estava desinformada da relação de parentesco dos dois cantores, depois que a jornalista foi bastante criticada nas mídias sociais.
"Nunca esqueci! Saiu na hora e brincamos com isso. Ainda bem que filha também é amiga!", tentou argumentar a jornalista.
Mas isso não procede. Vai contra a informação jornalística. Temos que admitir que Patrícia esqueceu, sim, de se informar que Mart'nália é filha de Martinho.
Sinal de que o jornalismo pós-2016 anda declinando seriamente na mídia hegemônica. Jornalistas de verdade já estão indo embora, ninguém aguenta ver a informação rebaixada a uma reles mercadoria.
Mas a "pérola" acabou sendo o caso de Zeca Pagodinho.
Ele foi humilhado pelo prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que forçou o sambista da Baixada Fluminense a posar para fotos com o político.
Dória Jr. queria aparecer ao lado de Zeca, para quem sabe capitalizar isso numa futura campanha eleitoral.
Numa foto, porém, Dória aparece apertando os braços do cantor, numa atitude de puro desrespeito.
É a foto que ilustra esta postagem e é constrangedora. Zeca era tratado como se fosse um idiota pelo prefake paulistano.
Fico pensando naquela religião que larguei, o tal do Espiritismo que é feito no Brasil.
Um conhecido paranormal baiano, já com 90 anos, tido como "humanista" e "unanimidade" mundial e famoso por ser um festejado orador, foi homenagear João Dória Jr. num evento "pacifista" em São Paulo.
Recentemente, a Internet denunciou esse paranormal como "impostor", contrariando a imagem "pura" que o religioso contraiu durante décadas, através da publicação de um antigo alerta de um jornalista, José Herculano Pires, sobrinho do contador caipira Cornélio Pires.
Nem a caridade, expressa numa instituição situada em Pau da Lima, Salvador, foi poupada. Herculano a definiu, há muito tempo, como "conduta condenável", como meio de promoção pessoal do "benfeitor".
Não frequentei essa instituição, felizmente. Mas passei várias vezes pelo local, pegando a linha de ônibus 1310 Estação Pirajá / CAB, que passa pelo referido bairro.
E esse "filantropo humanista", tido como "o maior do Brasil" pela Rede Globo, foi homenagear Dória e permitir o lançamento oficial de um estranho alimento, depois descartado.
Foi uma grande gafe e fico imaginando a sintonia do paranormal com o prefake, ambos amantes do turismo fútil e do culto à personalidade.
João Dória Jr. não deveria ter forçado a barra com Zeca, um sambista contemporâneo e um batalhador musical, um dos poucos a furar o cerco das rádios contra o samba autêntico.
No começo da carreira, Zeca Pagodinho era fortemente comparável a Noel Rosa, pela sua criativa combinação de musicalidade sambista com fino senso de humor.
Na sua Xerém (distrito de Duque de Caxias), Zeca é bem mais altruísta e, portanto, mais humanista do que o religioso "humanista" que ficava exibindo suas palavras rebuscadas para os ricos e poderosos do Brasil e do mundo.
Especialistas falaram que o "maior filantropo do Brasil" só ajudou menos que 0,01% da população brasileira.
Zeca, nas condições que tem em sua origem humilde, ajuda muito mais em Xerém do que o "humanista" ajuda em Pau da Lima.
A situação é complexa e o paranormal, apesar do claro apoio ao prefeito de São Paulo, foi visto por vários esquerdistas com muita complacência.
O paranormal apoiou também a Operação Lava Jato e atribuiu missão divina a Sérgio Moro e companhia.
Enquanto as esquerdas coçam a cabeça diante disso, o Brasil segue na sua complexidade.
Talvez as esquerdas médias estejam vendo Rede Globo demais, seus heróis são religiosos e ídolos musicais da mídia hegemônica.
Se talvez saíssem de seus apartamentos de classe média alta para visitar a Baixada Fluminense e o Pau da Lima que acontece fora da mitológica "mansão", veriam que a realidade é mais embaixo.
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