O PUBLICITÁRIO NIZAN GUANAES, DEPOIS DE EXALTAR O "PACOTE DE MALDADES" DE MICHEL TEMER, DISSE TER FICADO "MUITO IMPRESSIONADO" COM LULA.
Com a certeza do nascer e do pôr do Sol, que ocorre mesmo escondido sob nuvens de tempestades, Lula vai sacrificar uma boa parcela de suas ideias progressistas. Isso dói muito nos lulistas, que fecham os olhos para a realidade, e o petista se beneficia pela esfera de sonho e fantasia que gira em torno do mito do antigo sindicalista (hoje uma imagem de um passado irrecuperável).
O vice da chapa de Lula, o neoliberal Geraldo Alckmin, já está articulando a aproximação do petista com ninguém menos que Michel Temer. É a consagração do golpismo político de 2016, que mostra toda sua hipocrisia na medida em que a responsabilização de todos os retrocessos agora caem sobre personagens menos carismáticos ou novatos.
Ou seja, quem agora é responsável por todo o golpismo são nomes como Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro, além de Sérgio Moro, Janaína Paschoal, Kim Kataguiri, Fernando Holiday, Deltan Dallagnol e outros "moleques". Já os verdadeiros mentores do golpe agora são aliados de Lula, que assumiu compromissos amargos que o farão abrir mão de grande parte de suas ideias para o Brasil.
E isso se dá quando Lula passa agora a falar para os empresários, causando reações de entusiasmo que servem de alerta. Abílio Diniz já falou que "vem coisa boa" com a aliança de Lula e Geraldo Alckmin. Nesta semana, foi a vez do publicitário Nizan Guanaes, que chegou a defender as "medidas impopulares" de Michel Temer. Na reunião de Lula com o empresariado em São Paulo, Guanaes afirmou que saiu "muito impressionado" com o petista.
E tais reuniões não são fotografadas nem registradas. Lula sinaliza que vai abrir mão dos projetos progressistas e ficar comente com os projetos de grife, como Bolsa Família, Fome Zero, Minha Casa Minha Vida e outros. Já medidas como taxar impostos dos mais ricos e reestatizar a Eletrobras serão apenas promessas de campanha que irão evaporar no caso de Lula vencer as eleições.
Os golpistas que se juntam a Lula, salvo raras exceções, não demonstram um pingo de autocrítica, apenas "mudaram" como se fossem conduzidos pela direção do vento. Isso é horrível. Mudar é possível, sim, mas é necessário haver certas condições, como autocrítica, firmeza de caráter, vontade real de mudança, não apenas a "mudança" protocolar, do tipo de fazer o jogo das aparências.
Não vimos até agora Geraldo Alckmin esboçar uma autocrítica. A mídia alternativa, tão feliz em vender o ex-tucano como uma "novidade" política, não o sabatinou. Casos como a violência policial de Pinheirinho, em São José dos Campos, e a repressão a protestos de estudantes, professores e proletários, além dos desvios do dinheiro que seria para a alimentação escolar (o "escândalo da merenda"), ficaram sem um acerto de contas.
Em vez de lavar a roupa suja do passado tucano, Geraldo Alckmin apenas abandonou a roupa, deixando-a no meio do caminho. E os golpistas de 2016 que estão ao lado de Lula vão para o mesmo caminho. Resta saber com que coragem Lula vai ter para romper com o legado temeroso, como a reforma trabalhista e o teto de gastos públicos, com seus idealizadores ao seu lado. Lula terá que abrir mão de suas ousadias, pelas dívidas políticas que assume com os novos aliados.
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